quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Dia de polêmicas na COP-15 em Copenhague

O acordo em Copenhague fica pronto hoje, mas ainda há muito para acertar

A imprensa esta espalhando informação errada e, com isso, causando polêmicas na COP 15. Não existe crise de estado na Dinamarca, nem em outro país, por causa das manifestações de rua contra a posição intransigente dos países industrializados.

Connie Hedegarrd, assim como Dilma Rousseff e todos os presidentes de delegações tinham um mandato ad hoc, até hoje, para comandar as negociações sobre clima de seus respectivos países. Nem Connie, nem Dilma, nem nenhum outro chefe renunciou. Apenas entregou o cargo para os presidentes, primeiros-ministros e chefes de Estado que estão chegando para a conclusão da COP 15. Chavez já está falando na TV daqui, Lula negocia em algum lugar do Bella Center e Obama será o último a assumir seu posto. Chega só na sexta, para a reunião final. Mas o documento do acordo ficará pronto hoje, com protestos ou sem.

Hoje, o Bella Center está com um terço do movimento dos outros dias, porque a ONU impediu que a maioria dos militantes de ONGs entrasse no pavilhão. Desde ontem havia este aviso. Na verdade, não chegou a ser um “vocês não vão entrar”. A burocracia passou a exigir um segundo crachá para quem fosse de ONG, o que, até ser registrado e retirado, praticamente negaria o acesso destas pessoas. Por isso, hoje, houve uma outra grande manifestação, saindo do Parlamento e vindo até o Bella Center, reunindo mais de cem mil pessoas. Nós, os privilegiados que temos crachá cor-de-rosa (de Party, como o Ricardo Young) ou laranja (de Press, como eu), pudemos entrar, mas andamos mais. O metrô Bella Center está fechado. Tivemos de descer numa estação adiante e andar até aqui. Detalhe que hoje está nevando e fazendo um frio muito grande (pelo menos pra mim). Achei que fosse encontrar o mundo de gente dos outros dias, mas está bem calmo. Uma pena, as ONGs davam um colorido especial à COP 15. Mas compreensível. Com tantos chefes de Estado presentes, nenhum governo quer correr riscos.

As negociações continuam difíceis. A China afirma que vai adotar metas de redução de carbono, mas não aceita monitoramento internacional destas metas como estipulado no acordo. Ela deixará voluntariamente que os países verifiquem suas ações, mas não quer que isto seja posto num tratado internacional de governança. OS EUA, por sua vez, não negociam nada. As plenárias de hoje não dão acesso total aos jornalistas, por isso as informações ainda estão um pouco desencontradas. Mas, ao que tudo indica, o REDD sai e isto é que interessa ao Brasil.

Por Cristina Spera, de Copenhague para o Instituto Ethos

Representam o Instituto Ethos na COP-15 o presidente Ricardo Young e Cristina Spera, assessora de imprensa, acompanhados pela jornalista Célia Rosemblum, do jornal Valor Econômico. Eles viajam a convite da Natura e do Walmart.

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A Conferência parou!

Depois dos protestos de hoje pela manhã, dentro do Bella Center, onde os próprios participantes da COP 15 pediram mais atenção ao problema das ilhas-países e a África, a plenária principal, que discute o acordo do clima, foi suspensa. As delegações africanas recusaram-se a continuar discutindo um semi-compromisso que não lhes garante o direito de sobreviver.

Em resumo, o que elas querem é a continuidade do Protocolo de Kyoto, que colocam sobre os países industrializados a maior responsabilidade sobre o corte de emissões de carbono. Nesta conferência, EUA, China e Europa falam em responsabilidade compartilhada e até o momento não parecem dispostos a assumir nenhum compromisso sério com a redução dos gases de efeito estufa e, principalmente, a constituição de um fundo de longo prazo que deverá financiar as adaptações as mudanças climáticas em nível mundial.

Yvo de Boer, presidente da COP 15, está articulando pessoalmente com todas as partes para que as negociações sejam retomadas. Numa coletiva de imprensa ocorrida na hora do almoço, ele afirmou que nenhuma delegação está ameaçando boicotar a conferência e que os trabalhos serão retomados ainda hoje e em alto nível de discussão.

A verdade é que a pressão das ruas está se fazendo sentir aqui dentro. Países que teriam uma atitude mais tímida frente às nações industrializadas sentem-se fortalecidos em suas posições por conta do clamor das passeatas. Pode até acontecer de este acordo ser melhor do que se esperava e não por interferência da diplomacia ou dos lobbies. O acordo pode ser bom por causa das vozes das ruas.

Por Cristina Spera, de Copenhague para o Instituto Ethos

Representam o Instituto Ethos na COP-15 o presidente Ricardo Young e Cristina Spera, assessora de imprensa, acompanhados pela jornalista Célia Rosemblum, do jornal Valor Econômico. Eles viajam a convite da Natura e do Walmart.

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terça-feira, 3 de novembro de 2009

Desapego e Sustentabilidade

Por Zé Bueno
Em agosto deste ano, preso em um destes congestionamentos insuportáveis em São Paulo, senti uma estranha vergonha. Uma vergonha ao me perceber como mais um cidadão usando o carro como transporte, achando que os outros é que atrapalham o trânsito. Em outras palavras percebi que eu não era mais uma vítima do caos. Subitamente me percebi vilão da história. É claro que o meu carro não causa 200 km de engarrafamento. Mas outros milhões de pessoas pensando exatamente como eu, que o problema são os outros, isso sim causa um inferno.

Num surto de consciência cívico/ambiental decidi abandonar o carro na
garagem durante o mês de setembro e experimentar todos os outros meios de
transporte disponíveis: ônibus, metro, caminhada, taxi, carona, bicicleta e
trem. Hmmm. Ficar sem carro não quer dizer ficar a pé nem sinônimo de
imobilidade. Depois de 30 anos usando carro, praticamente uma adicção,
mergulhei nesta aventura. E gostei. Não virei xiita, nem xaato, e não estou
querendo pregar nada. Mas descobri coisas interessantes neste processo todo.
Entre elas que construir um mundo melhor passa por deixar coisas do mundo
pior. Isso envolve desapego de idéias, de hábitos, de padrões e de coisas. E
minha sensação é que - de modo geral - somos bem ruinzinhos neste quesito
desapego. A maioria quer mudança, mas não quer mudar. Tem muita gente
querendo mudar o mundo lá fora e deixando as pequenas coisas por perto para
outro dia. Ouço três vezes por dia ao menos a palavra sustentabilidade, mas
não ouço com essa mesma freqüência a palavra desapego. Para mim hoje, depois
da aventura de brincar de não ter carro, saber morrer é tão importante como
saber viver. O melhor: isso pode ser divertido e contagiante.

Conheça mais sobre o Zé Bueno no seu blog: http://zerobueno.blogspot.com/

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sustentabilidade como motor do desenvolvimento industrial?

Pedro Passos, copresidente do Conselho de Administração da Natura Cosméticos, é o novo presidente do IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Estaria a entidade, até agora mais preocupada com juros e câmbio, mudando de paradigma e aderindo ao desenvolvimento sustentável?


Pedro Passos é um dos empresários brasileiros mais inovadores e bem-sucedidos da geração que iniciou os negócios nos anos 1970. Junto com Guilherme Leal e Luiz Seabra, consolidou a Natura Cosméticos como empresa de classe internacional e sustentável.
Passos foi escolhido para comandar o Iedi com o objetivo de pôr a sustentabilidade na pauta do desenvolvimento industrial brasileiro. Trata-se de uma importante mudança de paradigma numa entidade que tem entre seus membros representantes de setores tradicionais da indústria, normalmente refratários às teses do desenvolvimento sustentável.
O Iedi foi criado em 1989 por um grupo de empresários como resposta ao cenário dos anos 1980, de baixo investimento industrial e desemprego crescente. Estes industriais brasileiros resolveram criar um instituto privado porque entendiam que pensar o desenvolvimento de seu país é uma importante e indelegável tarefa para cumprir com a Nação. Estudou e formulou recomendações de aperfeiçoamentos e reformas em muitas áreas, como abertura e integração comercial com o resto do mundo, competitividade, educação, estrutura tributária, financiamento do desenvolvimento econômico, políticas de desenvolvimento regional e de apoio à micro e pequena empresa, política tecnológica, dentre outros. Apresentou ao governo e à sociedade propostas de política de desenvolvimento industrial para o Brasil. Ultimamente, vem se debruçando sobre a questão externa, publicando vários trabalhos sobre juros e câmbio.
A escolha de Pedro Passos para comandar a entidade no próximo biênio reforça a posição dos setores industriais que pregam a troca dos temas nos debates sobre desenvolvimento industrial. Em vez de discutir se os juros podem cair mais, refletir qual a agenda da indústria para o século 21, num cenário de dilemas mais profundos do que aqueles que levaram à própria fundação da entidade. O que está em jogo é qual indústria que queremos e precisamos para dar conta de superar nossas desigualdades sociais e garantir o equilíbrio ambiental com crescimento econômico. Por já ter encontrado soluções criativas em seu próprio negócio, Pedro Passos parece ser a pessoa indicada para dirigir uma entidade que tem tido grande influência na definição dos caminhos da industrialização recente do país.
No âmbito institucional, Passos acredita que a questão ambiental precisa ser equacionada e, com isso, impulsionar o desenvolvimento da indústria no Brasil. No plano internacional, ele prega uma posição mais ativa e menos conservadora do país, buscando posicionar-se com destaque nas discussões a respeito das mudanças climáticas.
Para Copenhague, Passos não acredita que o Iedi possa ser muito decisivo, uma vez que dezembro está bem próximo. Mas, para 2010, ele acredita que a entidade possa novamente influenciar o debate sobre sustentabilidade em todas as candidaturas.
Um dado importante: Pedro Passos não vê dicotomia entre sustentabilidade e custo. Para ele, desenvolvimento sustentável é exercício de cidadania, não de cálculo de custo. Trata-se de definir o país que queremos para o século 21, os custos vêm depois.

Comentário feito por Sérgio Mindlin em 21 de setembro de 2009, no boletim Responsabilidade Social, transmitido pelo programa CBN Total da rádio CBN FM, ás segundas, quartas e sextas-feiras, às 15 horas. Clique aqui para ouvir.

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AES Eletropaulo: Compromisso com a integridade vai aos parceiros de negócio

Não é difícil nem exige grandes investimentos difundir uma cultura de integridade numa empresa. Verifique o exemplo da AES Eletropaulo que tem um programa envolvendo funcionários e parceiros de negócios que trouxe os seguintes resultados: melhoria da avaliação externa da AES Eletropaulo nos indicadores de responsabilidade social; clima organizacional mais positivo e funcionários mais otimistas e positivos em relação ao próprio desenvolvimento e ao crescimento do negócio; parceiros de negócio mobilizados contra as práticas de corrupção nos negócios, levando a cultura da integridade para as suas próprias cadeias produtivas.

Como a AES Eletropaulo tem feito para comprometer estes públicos de interesse?

Na AES Eletropaulo, a ética tem sido uma prática diária e contínua, que permeia toda a organização e é medida por meio de inúmeros indicadores amplamente divulgados internamente, auditados. A ética também integra o mapa estratégico da empresa e é premiada. Desde 2008, os funcionários que se destacam na prática dos Valores da Companhia recebem um prêmio das mãos do Presidente, são reconhecidos e homenageados publicamente, além de terem suas histórias contadas em artigos mensais na revista interna do grupo, com tiragem de 10.000 exemplares/mês.
Essas práticas se estendem às demais empresas do grupo AES no Brasil e integram o programa mundial de Ética e Compliance do grupo AES, empresa de energia presente em 26 países nos 5 continentes, com receita líquida de US$ 16.1 bilhões em 2008, 30.000 empregos diretos, atendendo 100 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, a AES Eletropaulo atende a 5,7 milhões de usuários e a AES Sul a 1,1 milhão. Juntas, as empresas do grupo no Brasil tiveram uma receita líquida superior a R$ 11,4 bilhões em 2008 e um lucro líquido consolidado de R$ 1,7 bilhão.
Esta cultura de valores é amplamente difundida por meio de inúmeros treinamentos sobre Ética e Valores da empresa para os funcionários e fornecedores.
No plano interno, mensalmente, os líderes se reúnem com suas equipes para a “Preleção de Ética”, quando são aprofundados os conceitos sobre o uso adequado de internet e e-mail, como tratar as questões de ofertas de presentes e entretenimentos, anticorrupção, entre outros.
Um dos pilares dessa cultura é a prática das “due diligences” de Compliance em relação aos potenciais fornecedores e parceiros de negócios do grupo AES. Com o auxílio de inúmeras ferramentas de pesquisa, um grupo de profissionais, exclusivamente dedicados a esta tarefa, verifica se os potenciais fornecedores e parceiros de negócios têm algum histórico relacionado a “fraude”, “corrupção”, “suborno”, “lavagem de dinheiro” e itens afins, que possam vir a representar um risco potencial às operações e à imagem da AES no Brasil ou no mundo. Caso seja encontrado algum “Alerta de Compliance”, serão efetuadas investigações mais aprofundadas, concomitantemente com pedidos de esclarecimentos e declarações por parte dos envolvidos.
As pesquisas não se limitam à pessoa jurídica objeto da potencial contratação, estendendo-se à figura de seus sócios, acionistas e principais executivos que terão interação nos negócios. Quanto mais complexa a operação, ou quanto maior a exposição, mais aprofundadas e detalhadas as pesquisas.
Terminadas as pesquisas, são efetuadas as análises de risco, que embasarão as decisões finais. As operações consideradas de alto risco (tais como todas as operações que envolvem interação com funcionários públicos, órgãos governamentais, representantes, agentes e afins) passam, necessariamente, pelo crivo e aprovação final da matriz, nos Estados Unidos.
Além disso, os potenciais fornecedores respondem um Questionário de Compliance, que contém perguntas referentes à propriedade do parceiro de negócios, a estrutura de gestão, a transação em potencial, além de declarações expressas relacionadas a leis e regulamentações anticorrupção, anti-lavagem de dinheiro e antifinanciamento do terrorismo.
Todos os contratos e pedidos de compra contêm cláusulas que exigem dos parceiros de negócio o cumprimento das leis e regulamentações de combate à corrupção e outros crimes, inclusive: as relacionadas à Convenção da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento – OCDE para combate à corrupção de funcionários públicos, a Lei norte-americana contra as Práticas Corruptas Estrangeiras (“FCPA”) e demais legislações aplicáveis.
Em 2008 foram analisadas 1356 operações, totalizando US$ 2,480 milhões. Do público total de 21.027 pessoas treinadas em 2008 pela Diretoria de Ética e Compliance, 271 colaboradores internos foram treinados em “Compliance Contratual”. Além disso, 150 empresas fornecedoras também foram treinadas, representando um público externo de 21pessoas, entre sócios e responsáveis pelas áreas de compra dessas empresas.
Até abril de 2009, 1143 colaboradores desses fornecedores já foram treinados para conhecer um pouco mais a respeito da importância da ética e integridade em suas atividades diárias e do impacto nas relações comerciais.

Comentário feito por Ricardo Young no dia 16 de setembro de 2009, no boletim Responsabilidade Social, transmitido pelo programa CBN Total da rádio CBN FM às segundas, quartas e sextas-feiras, às 15 horas. Clique aqui para ouvir.

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Liderança empresarial para um mundo em mudança

A sociedade e os negócios precisam de novos líderes para gerir um mundo em transformação. Passada a pior fase da turbulência, as empresas agora buscam líderes socialmente responsáveis, que se preocupam com o jeito como a companhia vai obter bons resultados, não apenas com os lucros. Esta demanda já está produzindo efeitos nas escolas de administração e na própria maneira de as empresas buscarem talentos no mercado.


John Wells, presidente da escola suíça de negócios IMD, veio ao Brasil recentemente para divulgar a instituição entre os executivos brasileiros, explica por que o IMD está mudando a grade: porque os desafios sociais, econômicos e ambientais estão mais complexos; porque a confiança nas instituições desabou com a crise financeira e não será recuperada se elas continuarem agindo “do jeito antigo”. Também porque o mundo enfrenta o desafio das mudanças climáticas e os negócios precisam mudar, querendo ou não. Para Wells, o novo líder deve ter um perfil mais parecido com Che Guevara do que com Jack Welch: ser duro e agressivo, sem perder a “humanidade”. Não parece uma paráfrase da famosa frase “endurecerse siempre sin perder la ternura jamás!”?
Para Wells, será cada vez menos possível ocorrer fatos como a promoção de um gerente industrial que gerou maior rentabilidade simplesmente porque atrasou a manutenção dos equipamentos. A nova liderança emergente consideraria este atraso simplesmente um “roubo” da base física de ativos. O mesmo se dá com os funcionários. É ainda comum um executivo fazer carreira bem-sucedida explorando os membros da equipe e atuando pouco para desenvolvê-lo. Do ponto de vista da gestão sustentável, isto é “roubo” da base de ativos. Assim também como é roubo esconder lucros de balanços em anos bons para alavancar anos ruins.
O desafio para as empresas é criar sistemas que desencorajem essas práticas e líderes com visão sistêmica para enfrentar novas condições de mercado. Por isso, o IMD está mudando sua grade curricular: para formar lideranças que possas comandar transformações organizacionais baseadas na transparência, na ética e em valores como justiça social e equilíbrio ambiental.
No Brasil, recentemente, o Ministério da Educação divulgou dados mostrando que o número de faculdades reprovadas – notas entre 1 e 2 – aumentou de 31% em 2007 para 38% em 2008. As notas são baseadas num índice chamado IGC (índice geral de cursos) que faz um cruzamento entre o desempenho dos alunos no Enade, a qualificação dos professores (número de doutores) e as notas dos cursos de pós-graduação. Com isso, dos quase cinco milhões de alunos do ensino superior, 737 mil estudam em cursos considerados ruins. Este fato faz aumentar a proliferação de profissionais com conhecimentos insuficientes que serão contratados para gerir empresas, ONGs, entidades de classe e órgãos de governos num dos momentos mais desafiadores da história do país e da humanidade: a transição de uma economia baseada em matriz fóssil que produziu miséria e devastação, para outra verde, inclusiva e responsável. O Brasil vai necessitar de um esforço titânico para superar estas desvantagens. Mas há luz no fim do túnel e ela vem dos participantes do Prêmio Ethos-Valor de Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável.
Os trabalhos finalistas vieram dos quatro cantos do país e trazem reflexões e práticas consistentes sobre sustentabilidade, que podem ser aplicadas nas imediatamente. Mais uma prova de que, como dizia o escritor Vítor Hugo “Nada é tão poderoso no mundo como uma ideia cuja oportunidade chegou”

Comentário feito por Ricardo Young no dia 16 de setembro de 2009, no boletim Responsabilidade Social que é transmitido pelo programa CBN Total da rádio CBN FM, às segundas, quartas e sextas-feiras, às 15 horas. Clique aqui para ouvir.

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Dilemas entre negócios convencionais e marcos regulatórios "verdes" no Brasil

Ainda não é uma atitude geral, mas algumas instâncias de governos (estaduais e/ou municipais) começam a multar pesadamente as grandes empresas por descumprimento das leis de reciclagem já aprovadas.

Na capital paulista, empresas da área de bebidas e de petróleo e gás foram multadas por descumprirem a lei que obriga as empresas a recolher 50% das embalagens que usam em seus produtos.
No Paraná, as maiores fabricantes de lâmpadas no país também receberam pesadas multas por não darem destinação correta a seus produtos.
Certas ou erradas, as regulações estão avançando e as multas demonstram que as empresas tentam resistir a elas. Por que não repensar o negócio e verificar onde existem novas oportunidades? A Tetrapak já fez isso internacionalmente e hoje consegue reutilizar 25% dos materiais reciclados em sua produção, além de ter criado toda uma cadeia produtiva que gera renda e trabalho pela coleta, separação e reutilização dos elementos que compõem a embalagem. É da empresa a invenção da tecnologia de plasma que separa o alumínio, o papel e o plástico, dando destinação correta a cada um deles.
Por que resistir aos marcos regulatórios? Não é melhor participar para melhorá-los, pensando em toda a sociedade?

Comentário feito por Ricardo Young em 14 de setembro de 2009, no boletim Responsabilidade Social do programa CBN Total, transmitido pela rádio CBN FM às segundas, quartas e sextas-feiras, às 15 horas. Clique aqui para ouvir.

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Estará chegando o tempo da energia eólica no Brasil?

Um estudo elaborado pela Eletrobrás pode contribuir decisivamente para impulsionar o uso de energia eólica no Brasil. Sua aplicação sempre foi considerada “cara”, mas o levantamento prova o contrário: a energia eólica é mais barata que as usinas térmicas a gás e a diesel.

O investimento inicial é alto, mas bastam dez dias para ele começar a ser mais compensador do que o investimento feito em energia térmica. E o estudo ainda demonstra que a geração de energia eólica precisa de dois meses para ficar mais barata do que aquela gerada por outras fontes.
Será que esta constatação feita pela própria Eletrobrás vai finalmente incentivar a elaboração de um plano de longo prazo para utilização em larga escala da energia eólica?
Atualmente, ela representa menos de 1% da matriz energética nacional, com potência instalada de 547 megawatts / ano. As usinas localizam-se principalmente no Nordeste e no sul do país, locais onde o regime de ventos é mais propício a este tipo de atividade. Até o final de 2010, estima-se que o potencial instalado chega a 1300 megawatts /ano. A capacidade instalada no Brasil hoje é de pouco mais de 100 mil megawatts e vai chegar a 130 mil megawatts em 2013.
A hidreletricidade representa, hoje, com 80% da matriz energética. Os restantes 20% estão divididos entre usinas térmicas a carvão, diesel e gás, (12%), pequenas centrais e fontes alternativas (8%).
Antes da divulgação deste estudo, previa-se para 2013, o crescimento das térmicas tradicionais de 12 para 21% na participação da matriz; e de 4,5% das pequenas centrais – cuja geração virá da biomassa. As hidrelétricas tradicionais deverão recuar sua participação para 69% e a energia eólica deverá manter seu percentual de participação em torno de 1%.
Estes dados são preocupantes porque mostra uma tendência de “sujar” a matriz energética, justamente num momento em que é preciso investir alto em fontes que nos levem a uma economia de baixo carbono. Se as usinas têm baixo custo de instalação, sua manutenção é cara e tende a se tornar cada vez mais cara, porque será preciso controlar as emissões de poluentes. Por sua vez, como mostra o estudo da Eletrobrás, a energia eólica é uma alternativa competitiva e que, até o momento, não está sendo considerada com o devido cuidado.
Se todo o potencial eólico brasileiro fosse convertido em energia, teríamos a geração de 272 terawatts / hora por ano (1 terawatt = 1 trilhão de watts), ou a metade do nosso consumo anual.
E mais (como somos um país de sorte!): nossos períodos de seca, quando os reservatórios estão baixos, coincidem com as épocas que os melhores ventos sopram por aqui. Assim, se tivéssemos usinas eólicas instaladas, poderíamos usá-las, em vez de queimar combustível e sujar o meio ambiente, com as térmicas (a opção disponível para estas ocasiões).
Agora que já se sabe que o custo não é impeditivo, tomara que os governos adotem programas de incentivo à ampliação da capacidade instalada da energia eólica, visando desde a pesquisa tecnológica até a formação de profissionais e o engajamento de empreendedores no setor.
Comentário feito por Ricardo Young em 9 de setembro de 2009, no programa CBN Total, transmitido pela rádio CBN FM às segundas, quartas e sextas-feiras, às 15 horas. Clique aqui para ouvir.

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Empresa informal e sustentabilidade

Para cada empresa formal no país, existem duas informais, de acordo com o SEBRAE Nacional. Este dado não revela totalmente a extensão de um problema que perdura e de cuja solução depende, inclusive, a sustentabilidade dos negócios, da economia e da sociedade. A informalidade precisa acabar se quisermos um país mais justo e solidário de fato.

O poder público pode acabar com a informalidade – e, ao fazê-lo, aumentar a arrecadação para, quem sabe, diminuir a carga tributária individual neste país. E as empresas formais também, principalmente aquelas engajadas no movimento da responsabilidade social empresarial. Mas o problema é maior do que a economia de países como o Egito e a Colômbia. Vamos por partes.
Empresa informal é a quase totalidade das micro e pequenas empresas brasileiras. De acordo com o levantamento do IBGE denominado Ecinf – Economia Informal Urbana), existem 10,5 milhões de PMEs no Brasil, das quais 98% (ou 10,3 milhões) encontram-se na informalidade. O SEBRAE considera informal a empresa que não tem contabilidade própria. Pode até possuir CNPJ, mas se as contas do negócio não estão separadas das contas da família, não é empresa formal.
Os setores onde mais atuam são comércio e reparação (33%), construção civil (17%) e indústria de transformação e extrativa (16%). Trata-se de um universo composto por vendedores, costureiras, pintores, encanadores e todos os tipos de profissionais sem definição específica que geram 25% das contratações urbanas e uma produção cujo valor, em 2006, de acordo com a FGV, atingiu 600 bilhões de reais. Este montante gerou riquezas equivalentes a um PIB de 248 bilhões de dólares. Pelo dólar médio de 2006, isto equivale a um PIB de 102 bilhões de dólares, maior do que toda a economia do Egito e da Colômbia. A renda média do empresário informal é de R$ 1042,00 reais.
Esta economia precisa deixar a sombra e entrar nas estatísticas oficiais.
A formalidade incentiva a modernização da gestão, a transparência nos negócios e o trabalho decente em toda a cadeia produtiva. As grandes empresas podem contribuir para que isto ocorra com mais agilidade. Durante o Programa Tear, por exemplo, uma das maneiras encontradas por empresas da cadeia produtiva da Vale, por exemplo, foi comprar antecipadamente serviços de fornecedores informais para garantir os recursos necessários às despesas da formalização. Com isso, estas empresas, antes informais, puderam ampliar seus negócios. Ainda existem entraves burocráticos, mas a Lei Complementar 123/06, que criou o Empreendedor Individual, vem ampliando a adesão dos microeempreendedores aos negócios formais. Por esta medida, trabalhadores com renda média anual até 36 mil reais / ano que atuam em pequenos negócios informais - como pipoqueiros, cabeleireiros, manicures e camelôs - podem se filiar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contribuindo com uma alíquota de 11% sobre o salário mínimo. Em troca da contribuição, esses trabalhadores terão direito aos benefícios previdenciários - como auxílios, pensão por morte, salário-maternidade e aposentadoria por idade ou por invalidez - excetuando a aposentadoria por tempo de contribuição. A lei também permite aos microempreendedores com atividades ligadas à indústria e comércio ter isenção dos impostos federais e, a título de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), haverá também uma cobrança reduzida. Para os microempreendedores prestadores de serviço, também haverá isenção dos tributos federais, mas caberá a cada prefeitura decidir sobre a isenção do ISS.
Comentário feito por Sérgio Mindlin, em 4 de setembro de 2009, no boletim Responsabilidade Social do programa CBN Total, transmitido pela rádio CBN FM às segundas, quartas e sextas-feiras, às 15 horas. Clique aqui para ouvir.

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Desmatamento na Amazônia diminuiu em julho?

As manchetes dos principais jornais de hoje trazem a notícia de que o desmate da floresta amazônica caiu ao menor nível desde o início de sua medição, em 2004, pelo método mais rápido, em áreas acima de 6.5 hectares, via satélite em tempo real. Mesmo assim, o abate de árvores registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE equivale à extensão da cidade de Campinas. Há o que comemorar e o que criticar.

A comemoração vai para os compromissos públicos assumidos pelas empresas para deter o desmatamento. Como destaque, vale mencionar os pactos da soja e da carne, na iniciativa Conexões Sustentáveis, nos quais as empresas-âncora dessas cadeias produtivas não compram produtos oriundos de áreas de desmate.
Outras iniciativas que também estão surtindo efeito positivo são a Moratória da Soja, em que os grandes compradores mundiais de grãos comprometem-se a não comprar o grão cujo plantio seja feito em zonas do arco do desmatamento, e o Grupo de Trabalho pela Pecuária Sustentável, uma mesa-redonda que reúne todos os integrantes da cadeia da carne para discutir como adaptar o negócio da pecuária ao parâmetros da sustentabilidade.
Ao contrário da maioria, no entanto, encaminho minhas críticas não às obras dos governos federal e estaduais – que têm seu papel no desastre, claro – mas ao Executivo e ao Parlamento que aprovaram a MP 458 (“da Grilagem”).
Pelo relatório do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon, as cidades críticas na derrubada da floresta são justamente aquelas que integram o chamado “arco do desmatamento” e que, até a aprovação da MP 458, tinham suas atividades estritamente vigiadas pelos fiscais do IBAMA, por agentes da Polícia Federal e até de unidades do Exército. Com a entrada em vigência da lei, houve afrouxamento do controle estatal e um surto de grilagem para obter a regularização fundiária.
Se o mecanismo de REDD – Redução de Emissões pelo Desmatamento e Degradação já estivesse operando, é bem possível que a Amazônia e nós todos já estivéssemos livres da motosserra. Por este mecanismo, que será discutido em Copenhague, na reunião do clima, no final do ano, os países com largas extensões de florestas tropicais poderão receber um fluxo contínuo de recursos de mais de 30 bilhões de dólares para preservá-las. Os recursos podem, por exemplo, virar um tipo de “bolsa-floresta” pago às comunidades que não desmatarem. Porque, é preciso dizer, as árvores são cortadas por quem mais precisa delas – as comunidades locais. E elas realizam esta atividade por necessidade extrema de sobrevivência. Interessante notar que as áreas recém-desmatadas apresentam frenética atividade econômica. A partir do momento que a madeira se esgota, a miséria de sempre volta. O desmatamento produz uma falsa noção de riqueza para os moradores locais, que vai embora bem rápido, junto com os verdadeiros agentes que lucram com a atividade.
O futuro da floresta está ameaçado, a menos que a sociedade brasileira conscientize-se e lance mobilização por um projeto consistente de desenvolvimento sustentável que inclua o desmatamento zero não como utopia, mas como motor do crescimento econômico com equilíbrio ambiental e justiça social.

Comentário feito por Ricardo Young em 2 de setembro de 2009, no boletim Responsabilidade Social, que vai ao ar no programa CBN Total, transmitido pela rádio CBN FM às segundas, quartas e sextas, às 15hs. Clique aqui para ouvir.

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Incineração de lixo gera energia elétrica e negócios

Um dos problemas ambientais mais sérios de qualquer cidade, no Brasil e no mundo, é a poluição por resíduos sólidos, ou lixo. Na capital paulista, por exemplo, os caminhões de coleta recolhem 10 mil toneladas de lixo diariamente, que vão aterros já saturados e distantes do centro. Distância e quantidade de lixo a recolher vem tornando a atividade um desafio logístico para as empresas. Uma solução já adotada em algumas cidades do mundo pode ser a construção de usinas de energia elétrica gerada pela queima deste lixo.

A incineração de lixo sempre foi proibida por causa do carbono que despejava no ambiente. Hoje, graças a uma moderna técnica – o plasma térmico -, este calor não virá fumaça, pelo contrário, pode ser utilizado para movimentar turbinas de usinas de energia elétrica. A cidade de Ottawa, no Canadá, está construindo um equipamento assim. A instalação será capaz de transformar 400 toneladas de lixo em 21 megawatts de energia, suficientes para suprir uma cidade de 20 mil habitantes. Em vez de fogo, usam-se tochas de plasma ultraquente que transformam o lixo num gás que impulsiona as turbinas geradoras de eletricidade, e resíduos sólidos que são utilizados na indústria de cimento ou para pavimentar vias públicas. O investimento necessário para uma usina assim está calculado em torno de 125 milhões de dólares (ou pouco menos de 300 milhões de reais).
É um procedimento, portanto, que não tem nada a ver com o aproveitamento do gás metano, gerado pelo lixo depositado nos aterros. Por este novo sistema, não haverá mais aterros e sim usinas de eletricidade. Os resíduos coletados passarão por uma triagem para separação dos materiais recicláveis. Aqueles não-recicláveis serão incinerados para gerar energia elétrica.
A adoção deste sistema no Brasil é mais do que uma alternativa. É uma necessidade. Metrópoles como São Paulo já não têm mais áreas disponíveis para aterros sanitários. A capital paulista produz 10 mil toneladas de lixo diariamente que são levados para terrenos cada vez mais distantes, encarecendo o processo. No litoral paulista, por exemplo, durante a temporada de verão, o lixo precisa subir a serra para ser depositado em um dos aterros da região metropolitana.
O Brasil domina a tecnologia do plasma térmico para outras finalidades que não a geração de energia elétrica. O principal avanço obtido nos países onde se emprega este método é obter o gás que vai impulsionar as turbinas a temperaturas inferiores a mil graus centigrados.
Incentivos fiscais e investimentos privados podem acabar com esta defasagem tecnológica.
A adoção da incineração vai exigir, no entanto, um árduo trabalho de articulação entre as partes interessadas, incluindo a área pública. Isto porque, no papel, incinerar lixo ainda é mais caro do que recolher e dispor em aterros. Hoje, a prefeitura de São Paulo, para dar um exemplo, paga 40 reais por tonelada de lixo recolhido e disposto em aterro. Para haver a incineração, seriam necessários 200 reais por tonelada. A falta de terrenos para aterro tende a tornar viável a incineração com geração de energia.
Mas, uma conversa em as distribuidoras de energia, as empresas coletoras de lixo, a sociedade e os órgãos públicos pode resolver os impasses. Uma das primeiras medidas que as empresas de engenharia e construção – que dominam a área de resíduos sólidos –demandam a criação de um regime tributário especial para a incineração. Também pretendem agilizar a tramitação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (cujo gargalo, vale ressaltar, é a questão da co-responsabilidade da cadeia produtiva na geração e destinação do resíduo).

Comentário feito por Ricardo Young no programa CBN Total de 31 de agosto de 2009. Clique aqui para ouvir.

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Fórum de Empregabilidade da Pessoa com Deficiência

Sérgio Mindlin comenta a importância da constituição de um fórum de empregabilidade da pessoa com deficiência. A proposta foi discutida em evento realizado na sede da Serasa Experian, em São Paulo, e aguarda a adesão de mais empresas.


Foi realizado hoje, num evento na Serasa Experian, o primeiro encontro entre empresas, sociedade civil e governo para criar o Fórum de Empregabilidade da Pessoa com Deficiência, uma iniciativa da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, da Serasa Experian e do Instituto Ethos. O objetivo é reunir num mesmo espaço de debate os três setores da sociedade – empresas, governos e ONGs – para discutir as possíveis soluções para a inclusão dos deficientes no mundo do trabalho.
A Lei 8213/91 que estabeleceu as cotas para deficientes contribuiu ao menos para pôr na pauta do empresariado a questão da inclusão das pessoas com deficiência. Mas ela ainda não produziu efeitos práticos na sociedade. Os deficientes continuam sem oportunidades no mercado de trabalho. A última versão (2007) do Perfil Social Racial e de Gênero mostra um retrocesso entre 2003 e 2007 nos cargos ocupados por deficientes.
Em 2003, havia 3,5% de deficientes em cargos de média e alta gerência. Em 2007, este número caíra para 2%. Como as soluções dependem de um esforço conjunto de toda a sociedade, o Fórum anunciado hoje pode se constituir no impulsionador desta mudança significativa no mundo do trabalho no Brasil.
Por isso, é importante participar já das próximas etapas de construção deste fórum. Para isso, basta enviar um email para programa.empregabilidade@br.experian.com

Este tema foi comentado no programa CBN Total de 11 de setembro de 2009. Clique aqui para ouvir.

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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Construção sustentável avança no Brasil

O Sustainable Buildings & Construction Iniciative e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em parceria com a Universidade da Europa Central (CEU) realizou um levantamento mundial de dados sobre políticas públicas, apresentando soluções ecoeficientes para o setor de construção civil, principalmente no campo da eficiência energética.

Este levantamento foi traduzido e lançado no Brasil, no último dia 24 de agosto, durante o Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável, em São Paulo, sob o título Avaliação de Políticas Públicas para a Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa em Edificações.

Conheça aqui exemplos de políticas que estão sendo realizadas no Brasil e saiba mais sobre alguns de seus resultados.

O levantamento verificou que as maiores oportunidades de redução de emissões nas edificações se encontram em medidas de eficiência energética. Por isso, fez uma lista de ações, divididas em quatro grandes estratégias e vinte políticas, que devem ser adotadas na operação de edifícios. Segundo o relatório do IPCC de 2007, os edifícios são responsáveis por 30% das emissões dos gases-estufa; a indústria de cimento é responsável por 12% das emissões. Se não houver um controle de emissões das edificações, não será possível reduzir o carbono na atmosfera.

No que diz respeito ao Brasil, algumas estratégias de redução apontadas pelo relatório já são utilizadas em edifícios comerciais, de serviços e públicos, com o apoio do Estado, quando é o caso.

Por exemplo: de acordo com esta publicação, uma das estratégias para melhorar a eficiência energética é a concessão pelo governo de subsídios, subvenções e descontos para a reforma de edifícios públicos. No Brasil, o Procel – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica concede verbas a companhias de utilidades públicas estaduais e municipais, agências governamentais, empresas privadas, universidades e institutos de pesquisa que executem reformas visando eficiência energética. Entre 1986 (ano em que o Procel foi criado e teve início o subsídio) até 1998, houve economia cumulativa de 5,3 TWh em consumo de energia e de 169ktCO2 de redução de emissões.

Entre as políticas mencionadas pelo relatório, está a criação de normas para eletrodomésticos e a regulamentação de compras. No primeiro caso, de novo o Procel tem resultados a apresentar. Desde 1993, instituiu o selo Procel de Economia de Energia que é dado a eletrodomésticos, lâmpadas, motores, reatores, aquecimento solar, ventiladores de teto e lâmpadas de vapor de sódio. O selo é um prêmio entregue aos fabricantes destes produtos que atendem as normas de eficiências estabelecidas pela Eletrobrás. Para merecer o selo, os produtos são testados em ensaios por laboratório indicados pelo próprio Procel. O resultado é anunciado numa cerimônia todo final de ano e as empresas com melhores resultados ganham o selo. Em quinze anos de existência, o selo induziu processos e produtos que permitiram economia de energia equivalente às usinas de Jirau e Santo Antônio, segundo o Ministério das Minas e Energia.

Outra política mencionada pelo relatório é a etiquetagem ou certificação voluntária das edificações. O Brasil tem o Procel Edifica, um programa que busca incentivar a conservação e o uso eficiente dos recursos naturais (água, luz, ventilação etc.) nas edificações novas, reduzindo os desperdícios e os impactos sobre o meio ambiente. Até 2012, a adesão é voluntária. A partir de então, a etiqueta será obrigatória.

Há cinco edifícios com a etiqueta no Procel Edifica no Brasil: Fatenp – Faculdade de Tecnologia de Nova Palhoça (em Palhoça /SC); Cetragua – Centro de Tecnologias Sociais para a Gestão da Água (em Florianópolis /SC); sede da Caixa em Belém; Agência da Caixa em Curitiba; Centro Tecnológico do Carvão Limpo

Esta é o tema de Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto Ethos, no boletim Responsabilidade Social, da rádio CBN, no dia 28 de agosto.

O boletim Responsabilidade Social vai ao ar pela rádio CBN FM, todas as segundas, quartas e sextas-feiras às 15h. O boletim faz parte do programa CBN Total, apresentado por Adalberto Piotto.

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Dia de Ação pelo Clima 29/08


Será no próximo dia 29 a mobilização do Dia de Ação pelo Clima: 100 dias até Copenhague

Confira aqui as cidades que já tem atividades
programadas e saiba como participar!


Belo Horizonte: Praça da Savassi. Horário: 10 às 12hs – Relógio: a conferir. Organização: Greenpeace e Campanha TicTacTicTac

Brasília: Parque da Cidade. 10 às 13hs. Organização: Greenpeace

Fortaleza: Praça Tibúrcio Cavalcante. Horário: 8hs30-13hs. Atividades: Teatro de bonecos, exibição de filmes, pintura de painéis sobre o clima e oficinas temáticas. Caminhada ecológica, saindo do Parque das Crianças (Rua Visconde de Rio Branco, s/n), às 8hs, até a Praça dos Leões. Organização: Juventude Alternativa Terrazul e Campanha TicTacTicTac

Manaus: Praça da Polícia (Praça Heliodoro Balbi / Palacete Provincial, s/n – Centro). Horário: 17 às 19hs. Relógio com contagem regressiva. Organização: Greenpeace e Campanha TicTacTicTac

Porto Alegre: Usina do Gasômetro. Horário: 15 às 17hs – Relógio com contagem regressiva. Organização: Greenpeace e Campanha TicTacTicTac

Recife: Pracinha da Boa Viagem. Horário: 9 às 12hs. Organização: Greenpeace.

Rio de Janeiro: Praia de Copacabana (em frente ao Copacabana Palace). Horário: 17 às 19hs – Relógio: a conferir. Organização: Greenpeace e Campanha TicTacTicTac

Salvador:
Farol da Barra. Horário. 15 às 18hs - Relógio com contagem regressiva. Organização: Greenpeace e Campanha TicTacTicTac

São Paulo:
Parque do Ibirapuera, próx. Portão 10. Horário: 13 às 15hs – Relógio com contagem regressiva. Organização: Greenpeace e Campanha TicTacTicTac

Teresina: Av. Principal do Centro da Cidade. Horário: pela manhã. Organização: Rede Ambiental do Piauí e Campanha TicTacTicTac

Mais informações: www.tictactictac.org.br


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Exigências ambientais como incentivo a inovações

Post enviado por Cristina Spera
26 de agosto de 2009
São Paulo - SP

Pode a legislação ambiental cada vez mais restritiva incentivar a criatividade e o empreendedorismo?

Sim e as grandes construtoras brasileiras, que já exportam seus serviços para muitos países, sabem disso.


No seminário realizado ontem, no WTC, “Brasil e as mudanças climáticas: oportunidades para uma economia de baixo carbono”, Otávio Marques de Azevedo, diretor-presidente da Andrade Gutierrez, comentou o exemplo da própria empresa que dirige. Responsável pela construção das grandes hidrelétricas do país e de obras de infra-estrutura aqui e lá fora, a AG foi adaptando seus métodos, processos e serviços às exigências ambientais cada vez mais restritivas. A preocupação atual com o baixo impacto é generalizada, em contraste com os anos 70, por exemplo, quando a questão era apenas crescer. Neste período, a Andrade Gutierrez participou do consórcio que ergueu a hidrelétrica de Tucuruí, cujo lago é hoje considerado uma verdadeira bomba emissora de gás metano. Em contraste, a empresa hoje está construindo, em parceria com a Carioca Christiani Nielsen, o gasoduto Coari-Anamã, um trecho de 196 km que atravessa oito municípios do estado do Amazonas, passa por floresta fechada e rios de até 60 m de profundidade, em áreas onde chove muito e, por isso, o solo é saturado, dificultando a locomoção. As obras, iniciadas em 2006, precisaram atender também ao quesito de baixo impacto ambiental. Por isso, este gasoduto – que tem outros três trechos construídos por outros consórcios – já é considerado um marco na engenharia brasileira.

Esta obra monumental vem exigindo superação e criatividade dos profissionais envolvidos. O trecho é constituído por uma linha-tronco de 196 km e 20 polegadas de diâmetro, com mais 75 km de ramais de 10 polegadas de diâmetro. Estes dutos foram construídos em áreas pantanosas de grandes inundações e dificuldades climáticas, em meio à floresta densa que precisava manter-se intocada. Em um trecho do caminho, foi preciso atravessar o rio Solimões, por baixo, com largura entre as margens de quase 2km.

Os métodos tradicionais de engenharia e de logística não dariam conta dos desafios. Por isso, a Andrade Gutierrez inovou. Usou GPS para realizar as perfurações nos lugares exatos, importou e adaptou equipamento de perfuração com baixo impacto, transportou tubos por helicópteros e levou estruturas pré-montadas em balsas para armazenar o material (de modo que, depois da obra, pudessem ser recolhidas, sem deixar resíduos na floresta).

O licenciamento ambiental foi obtido por meio de estudos elaborados pela Universidade Federal do Amazonas que, para redigir o documento final, realizou audiências públicas em todos os municípios do traçado do gasoduto, com mais de três mil participantes. Por causa do licenciamento, foram estabelecidos os ramais secundários para a entrega do gás em todos os oito municípios (não previstos no projeto original) e um programa de compensações socioambientais que está melhorando a vida de 135 comunidades e dos moradores das cidades cortadas pelo gasoduto. Por isso, este licenciamento tornou-se referência internacional para este tipo de obra.

Para aqueles que ainda vêem a legislação ambiental como “obstáculo”, este é um exemplo de que ela promove inovação.

Esta é o tema de Sério Mindlin, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, no boletim Responsabilidade Social, da rádio CBN, no último dia 26 de agosto.


O boletim Responsabilidade Social vai ao ar pela rádio CBN FM, todas as segundas, quartas e sextas-feiras às 15h. O boletim faz parte do programa CBN Total, apresentado por Adalberto Piotto.

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Empresas brasileiras assumem compromisso de reduzir emissões

Post enviado por Cristina Spera
São Paulo - SP
24 de agosto de 2009

A pouco menos de 100 dias da reunião do COP-15 em Copenhague, empresas brasileiras lançam amanhã uma carta aberta ao Brasil na qual assumem publicamente o compromisso de reduzir suas emissões. A carta também traz uma série de sugestões para influenciar a posição do governo brasileiro na 15ª Conferência das Partes.

O documento será entregue ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e ao negociador-chefe da delegação brasileira em Copenhague, Luiz Alberto Figueiredo Machado, no seminário Brasil e as Mudanças Climáticas – Oportunidades para uma economia de baixo carbono, que será realizado amanhã pela manhã, no WTC. Entre outros pontos, o documento ressalta a importância da criação de mecanismo de incentivo para a redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD), incluindo a conservação e o manejo florestal sustentável. Com isso, é possível criar valor econômico para a floresta em pé, ou para o desmatamento evitado.

No entanto, mais do que manter a floresta em pé, o Brasil precisa se desenvolver e melhorar saúde, educação e emprego para todos os brasileiros. O REDD pode colaborar com estas metas? Ao assumir metas voluntárias de redução, as empresas brasileiras assumem protagonismo na construção do desenvolvimento sustentável? O que você recomendaria ao governo brasileiro para a reunião de Copenhague?

Ouça o comentário de Sérgio Mindlin às 15h, no boletim Responsabilidade Social da rádio CBN e escreva aqui o seu comentário.

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Futebol e sustentabilidade

Mensagem enviada por Cristina Spera
São Paulo - SP
21 de agosto de 2009

O Coritiba completa seu centenário em 2009 e, como uma das comemorações, organizou o “jogo verde” contra o Palmeiras, no último dia 19 de agosto, no estádio Couto Pereira.

Por que verde?

Porque, com a parceria de uma consultoria ambiental, realizou um inventário das emissões da partida, levando em conta o deslocamento na cidade das torcidas, times e árbitros, hospedagem e viagens das delegações de fora, consumo de energia e água no estádio, produção de lixo orgânico e de resíduos sólidos e até queima de fogos de artifício. No total, foram 30 toneladas que foram compensadas pelo plantio de 30 árvores.

Esta atitude foi mero marketing ou alguns times de futebol no Brasil também vão puxar uma mudança cultural rumo à sustentabilidade? Aliás, a gestão responsável dos clubes pode acabar com a violência no futebol? As torcidas podem ter papel positivo na sociedade?

Esta é o tema de Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto Ethos, no boletim Responsabilidade Social, da rádio CBN, no último dia 21 de agosto.

Se você quiser ouvir a íntegra deste comentário, clique aqui.

O boletim Responsabilidade Social vai ao ar pela rádio CBN FM, todas as segundas, quartas e sextas-feiras às 15h. O boletim faz parte do programa CBN Total, apresentado por Adalberto Piotto.

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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Construção civil industrializada: salto para a sustentabilidade?

Mensagem enviada por Cristina Spera
São Paulo - SP

A retomada das habitações populares no Brasil, graças ao incentivo estatal, está impulsionando a industrialização da construção civil em nosso país, baixando os custos e diminuindo a produção de resíduos. O Brasil tem um déficit de 8 milhões de moradias e precisa também de 1,5 milhão delas todo ano para dar conta da demanda vegetativa (pessoas que se casam, divorciam-se, enviúvam, saem da casa dos pais, etc). A construção e seus fornecedores empregam 15 milhões de trabalhadores (4 milhões deles diretos na construção) e são responsáveis por 18% do PIB. O macrossetor expandido demanda perto de 100 bilhões de reais / ano em minerais, metalurgia, material elétrico e madeira, entre outros itens, movimentando, assim, vários segmentos da economia.

Por outro lado, de acordo com a Associação Brasileira de Materiais de Construção (Abramat), a informalidade é de 61% na construção e de 27% no segmento de materiais. Sem falar na geração de resíduos. A média mundial de resíduos de construção por habitante/ano, calculada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), é de 450 kg. No Brasil, isto representa um “lixo” de 80 milhões de toneladas por hab/ano, formado, basicamente, por materiais cerâmicos (52%), concreto (33%), argamassas (16%), gesso (15%) e madeira (8%).

Estamos diante de um cenário que pode levar a construção civil a um salto para a sustentabilidade? O setor tem potencial para criar centenas de milhares de empregos verdes imediatamente? Pode adotar a agenda do trabalho decente? Qual o papel do setor privado na solução dos problemas seculares delineados acima? E o Estado? Pode fazer mais?

Esta é a discussão feita por Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto Ethos, no boletim Responsabilidade Social, da rádio CBN, no último dia 19 de agosto.

Se você quiser ouvir a íntegra deste comentário, clique aqui.

O boletim Responsabilidade Social vai ao ar pela rádio CBN FM, todas as segundas, quartas e sextas-feiras às 15h. O boletim faz parte do programa CBN Total, apresentado por Adalberto Piotto.

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Como anda a RSE?

Como avançou o engajamento das empresas brasileiras com a responsabilidade socioambiental?
A pesquisa Práticas e Perspectivas da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil 2008 realizada pelo Ibope em parceria com o Ethos e o Akatu mostra alguns resultados do movimento.

Os resultados e implicações da pesquisa foram debatidos em um seminário promovido pelo Instituto Ethos com mediação da jornalista Célia Rosemblum, do jornal Valor Econômico, e a participação do presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar, do presidente do Ethos, Ricardo Young, e do vice-presidente, Paulo Itacarambi.

Clique aqui para saber mais sobre esta conversa

Confira aqui a versão virtual da pesquisa

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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Comunicação e sustentabilidade, uma conversa com Miriam Vilela, do movimento Carta da Terra

Conheça um pouco das questões relacionadas ao tema comunicação e sustentabilidade que foram debatidas em um sarau realizado pela equipe do Instituto Ethos com a participação de Miriam Vilela, diretora-executiva da Secretaria da Carta da Terra, órgão que coordena o movimento em todo o mundo, e Cristina Moreno, coordenadora da iniciativa no Brasil.

Como deve ser a comunicação para a sustentabilidade?



Algumas questões foram levantadas em relação à forma como comunicamos a sustentabilidade. Como dar sentido a esse conceito para que ele atinja o maior número de pessoas? Como vincular, por exemplo, a Carta da Terra a outros programas que já tocam a sociedade brasileira, por fazerem sentido para as pessoas? É preciso mudar o processo habitual de educação, que separa tudo em diferentes “caixinhas”. O be-a-bá da sustentabilidade nos ensina a importância de conectarmos tanto as responsabilidades como as ações para resolver cada problema, considerando o princípio a ser seguido.

Qual é a importância da sensibilização nesse processo?
A Carta da Terra é um movimento que possui várias portas de entrada. Pode ser a paixão pela luta contra a desigualdade social, por exemplo, bem como causas ambientalistas ou em favor dos direitos humanos. No entanto, a principal porta de entrada é aquela que mostra para as pessoas, entidades e empresas que elas têm a capacidade e o poder de fazer algo. A Carta da Terra é, portanto, uma chamada para o protagonismo. Cada um pode ser protagonista do movimento no local em que vive ou atua. E isso se dá a partir da percepção de que somos parte do problema e podemos ser parte também da solução.

Onde saber mais sobre a Carta da Terra no Brasil?
Como parte do trabalho de descentralização do movimento, estão sendo desenvolvidos sites nacionais para relatar a experiência da Carta da Terra nos diversos países. As atividades brasileiras podem ser encontradas no site A Carta da Terra em Ação – A Iniciativa da Carta da Terra Brasil.

Deixe a sua contribuição para este debate: comunicação e sustentabilidade, como aprofundar esta questão?

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segunda-feira, 20 de julho de 2009

IRBEM - Indicadores de Referência e Bem-Estar no Município

O que faria você se sentir melhor em São Paulo?
O que é importante para a sua qualidade de vida na cidade?

O Movimento Nossa São Paulo convida cada cidadão de São Paulo e cada empresa, organização social, escola, igreja, clube social, time de futebol e grupo de amigos (inclusive virtual) a participar da construção dos Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município. O objetivo é construir um conjunto de indicadores que sirva para orientar ações de empresas, organizações, governos e toda a sociedade, considerando como foco principal o bem-estar das pessoas.

A primeira fase da construção do IRBEM é a consulta pública que se estende até 30 de setembro. A consulta é feita por meio de questionário, elaborado pelos grupos de trabalho e pela secretaria executiva do Movimento. Ao todo são 24 temas nos quais as pessoas podem escolher o que elas mais valorizam para seu bem-estar na cidade.

O preenchimento do questionário, além de ser o ponto de partida para a formulação do IRBEM, é importante também para estimular em todas as regiões da cidade o debate sobre as escolhas da população para alcançar qualidade de vida para todos.

Por isso é fundamental que cada cidadão e organização - social, privada ou pública – se engaje na campanha e estimule a todos os seus colaboradores a participar também. Quanto mais gente colaborar, refletir, debater e pensar soluções, mais chance teremos de construir uma cidade que privilegie o bem-estar da população.

Após a fase de consulta pública, em outubro o Ibope vai selecionar os itens que foram citados como os mais importantes para a qualidade de vida da população para incorporar tais itens na pesquisa anual do Movimento Nossa São Paulo. A pesquisa será realizada em novembro. Em seguida, haverá a sistematização dos dados. Em janeiro, por ocasião do aniversário da cidade, haverá o lançamento do IRBEM.

Os interessados em participar, podem preencher o questionário e estimular familiares amigos, vizinhos e colegas de classe e de trabalho a fazerem o mesmo. Para auxiliar na mobilização, há o material de campanha, como banner para internet, cartaz e folder.

Cronograma do IRBEM

De 15 de junho a 30 de setembro – Pesquisa preliminar com a população.

Outubro – Seleção dos itens que foram citados na pesquisa como os mais importantes para a qualidade de vida da população.

Novembro – Aplicação da pesquisa Ibope com os paulistanos, em amostra proporcional aos vários segmentos da população. Depois disso, será feita a sistematização e a construção do IRBEM.

Janeiro de 2010, aniversário da cidade de SP – Lançamento público do IRBEM.


Clique aqui e responda o questionário!

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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Acompanhe a atuação do seu vereador

O site Adote um Vereador foi idealizado pelo Instituto Ágora em Defesa do Eleitor e da Democracia, inspirado em desafio lançado pelo jornalista Milton Jung da rádio CBN, em seu programa CBN São Paulo, convidando seus ouvintes a adotar um vereador da capital paulista.


O site Adote um Vereador foi idealizado pelo Instituto Ágora em Defesa do Eleitor e da Democracia, inspirado em desafio lançado pelo jornalista Milton Jung da rádio CBN, em seu programa CBN São Paulo, convidando seus ouvintes a adotar um vereador da capital paulista.
Inicialmente, o objetivo era levar o ouvinte a acompanhar o trabalho de um vereador de sua simpatia e a acioná-lo com propostas para serem apresentadas à Câmara Municipal. Em pouco tempo, porém, os ouvintes – e depois internautas – “desvirtuaram” a idéia e passaram a escolher o vereador de que eles menos gostam, para fiscalizá-lo de perto, acompanhar seu comportamento, verificar quanto gastam para manter o gabinete e se comparecem à Câmara ou participam das comissões permanentes.
O site foi montado no começo de janeiro sobre uma plataforma wiki, que vem sendo mantida, de forma voluntária, seguindo os princípios da Wikimedia Brasil. Desde então, o Adote já conquistou a adoção de mais de 80% dos vereadores paulistanos e expandiu-se para outras cidades. Em Taboão da Serra (SP), por exemplo, todos os vereadores já foram adotados.

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segunda-feira, 6 de julho de 2009

A mobilização vira prioridade

Passados alguns dias da Conferência Ethos 2009, é possível avaliar com mais distanciamento, isto é, num contexto mais amplo, os resultados do evento. As circunstâncias de crise financeira global e o engajamento da sociedade na luta pela sustentabilidade do planeta foram, sem dúvida, fatores que influenciaram os debates ocorridos durante o evento.

Em entrevista a Dal Marcondes, editor responsável da Envolverde, o presidente do Ethos, Ricardo Young, avalia esse cenário e conclui que “o tom da conferência deixou de ser a empresa e passou a ser o movimento de transformação da sociedade”. A rápida entrevista com Young foi realizada no ambiente do evento de lançamento do pacto de sustentabilidade do Wal-Mart, que reuniu mais de 300 fornecedores, 200 ONGs, autoridades, parceiros e funcionários – um claro sinal de que vivemos uma “hipertransformação, com uma hiper-rapidez”.

Dal Marcondes: Como você avalia a Conferência Ethos 2009, que, apesar das circunstâncias de crise financeira global e do acirramento da luta ambiental no Brasil, conseguiu reunir mais de 1.000 pessoas para oficinas e tarefas, num cenário muito mais pragmático do que para discutir conceitos?
Ricardo Young: Eu a avalio muito bem. Chegamos a um pico de 1.100 pessoas num ano em que estávamos esperando um público menor. Eu acho que o tom da conferência deixou de ser a empresa e passou a ser o movimento de transformação da sociedade, da economia na direção da sustentabilidade e a discussão do papel da empresa nesse processo. Eu acho que essa foi a grande mudança. Em conferências anteriores, falava-se do protagonismo da empresa, da cidadania empresarial, mas o foco era muito mais na responsabilidade social, na gestão, nas vantagens e desvantagens. Agora o foco é em como o setor privado se mobiliza nesse contexto para dar a sua contribuição. É interessante você me fazer essa pergunta hoje, aqui, na assinatura de um pacto como este feito pelo Wal-Mart, com cerca de 30 empresas que representam uma parte substantiva do PIB brasileiro. Para mim é um milagre. Se me dissessem há três anos que o Wal-Mart chamaria empresas como a Colgate, a Nestlé e a Unilever para fazer um pacto, eu acharia que não era sonhável. Isso traz a idéia, como disse o Héctor Núñez (presidente do Wal-Mart Brasil), de hipertransformação, de hiper-rapidez. Como todo prognóstico é quase inviável numa situação de hiper-rapidez, dá para dizer então que tudo é possível.

DM: Nesta conferência, vimos muitas empresas perguntando como é que se faz. Você acha que vamos entrar num processo em que as empresas líderes terão um papel demonstrativo de como fazer?
RY: Acho que sim. Ficou claro que as empresas líderes não conseguirão fazer nada sozinhas. Logo, a cadeia produtiva virou um elemento estratégico nesse posicionamento. Então, se isso ocorreu, as empresas precisarão trabalhar com a cadeia produtiva, o que vai garantir uma alavancagem muito maior em todo o processo.

DM: Nesse cenário de protagonismo das empresas, qual é o papel do Instituto Ethos? RY: O objetivo do Ethos é justamente estimular e criar oportunidades para que as empresas atuem nessa direção e acelerar a agenda da gestão sustentável no Brasil.
Envolverde para o Instituto Ethos

Você concorda que a mobilização é prioridade neste momento?
Na sua opinião, qual o papel do Instituto Ethos neste novo momento?

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terça-feira, 23 de junho de 2009

CGU e Ethos lançam Manual de Combate à Corrupção

A Controladoria-Geral da União (CGU), o Instituto Ethos e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodoc) lançaram o manual “A Responsabilidade Social das Empresas no Combate à Corrupção”.

O Ministro Jorge Hage explicou a importância desta parceria no movimento de combate à corrupção no Brasil: “Percebemos que a maior parte dos casos de corrupção acontece na transição entre as duas esferas. Por isso escolhemos o Instituto Ethos por ser o mais capacitado e com melhores condições para ser nosso parceiro privado nesta luta.”

A publicação tem como objetivos sensibilizar e aumentar a conscientização dos problemas gerados pela corrupção, mostrando as vantagens que as empresas conquistam, num horizonte mais amplo, ao adotarem políticas de transparência e integridade. Há também uma orientação para como implementar estas boas práticas.

As boas práticas apontadas pelo manual são o resultado Grupo de Trabalho do Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção, que há três anos discute o assunto e propõe mecanismos e ferramentas para evitar a corrupção e construir uma nova cultura de relacionamento entre o setor público e o setor privado.

Além da versão impressa, o manual está disponível nos sites da CGU, do Instituto Ethos e no portal Empresa Limpa.

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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Conferência Ethos 2009: a motivação foi maior que a crise

Participantes da 11ª edição da Conferência do Instituto Ethos discutiram os paradigmas da nova 'economia verde'

Tendo como tema “Rumo a uma nova economia global: A transformação das pessoas, das empresas e da sociedade”, a Conferência Internacional 2009, do Instituto Ethos, chegou ao final com a participação total de 1.357 pessoas, oriundas de várias partes do Brasil e do exterior. A organização contabilizou 759 inscritos, 115 jornalistas credenciados, 71 palestrantes e 47 convidados, que estiveram envolvidos durante quatro dias em seis painéis, seis mesas-redondas, cinco oficinas, três plenárias e duas atividades culturais. O evento foi realizado entre 15 e 18 de junho no Hotel Transamérica, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo.


Muito satisfeito, apesar do evidente cansaço, o presidente do Ethos, Ricardo Young definiu a 11ª edição da conferência como surpreendente: “Em um ano de crise, com cortes de investimentos, ficamos em dúvida se haveria mobilização entre as empresas. Elas não só fizeram isso, com a decisão de enviar seus representantes, mas como também elevaram sobremaneira seu grau de comprometimento com os temas debatidos”.

Em comparação a 2008, os conteúdos de cada sessão foram concebidos no sentido de discutir e mostrar como devem funcionar na prática os novos paradigmas que vão nortear a ‘economia verde’, inclusiva e responsável, em substituição ao velho modelo. Ricardo Young avaliou que “a crise acelerou a urgência do desenvolvimento sustentável. As pessoas entendem que o futuro é hoje e querem respostas. Elas estão cada vez menos tolerantes com as divagações”. Realizadas após as plenárias e mesas-redondas, as rodas de diálogo foram oportunidades de aprofundamento das discussões que registraram um elevado índice de adesão entre os conferencistas.

Para o presidente do Ethos, “a qualidade das contribuições dos conferencistas a partir dos debates foram muito boas. Mesmo as críticas serão consideradas porque foram muito bem fundamentadas.”

O consultor de empresas Fábio Rocha elegeu a de 2009 como a conferência do Ethos que mais aproveitou. “Foi uma das melhores edições porque conseguiu equilibrar bem o espaço para uma reflexão profunda com a discussão de questões aplicadas à gestão. A conferência não só discutiu a nova economia, mas promoveu oficinas para sabermos como lidar com esta nova realidade. E terminou com ‘chave de ouro’, ao discutir a estratégia sobre o que fazer nos próximos anos”. O vice-presidente do Ethos, Paulo Itacarambi, sintetizou a missão dos próximos anos: “O desafio agora é trabalharmos em cima de tudo isso que construímos até aqui”. (Envolverde)

Mônica Paula e Silvia Marcuzzo

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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Os "empregos verdes" e as relações de trabalho em uma sociedade "aspirante" a sustentável

Mensagem enviada por Leonard Almeida
Estudante de jornalismo
São Paulo - SP

No debate de ideias sobre as alternativas para um mundo sustentável, as grandes empresas tem uma importância fundamental. E um dos papéis que lhes cabe sociedade foi tema na mesa redonda 2 de discussão: RELAÇÃO CAPITAL–TRABALHO, A CRISE COMO OPORTUNIDADE PARA AVANÇOS E INOVAÇÕES NA AGENDA DO TRABALHO DECENTE. Um dos pontos tocados foi a necessidade de se manter a população empregada para o combate à crise econômica no Brasil.

Os palestrantes foram Artur Henrique da Silva Santos, presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Sandrine Lage, fundadora da Sperantia, empresa portuguesa que realiza pesquisas de opinião em RSE (Responsabilidade Social Empresarial), e Janine Berg especialista em emprego da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Ficou clara a importância da criação de "empregos verdes", para um desenvolvimento sustentável conjunto entre cidadão e empresa, e a conscientização sobre a sustentabilidade no ambiente interno dessas organizações.



Representantes de instituições e órgãos de vários setores da sociedade estavam presentes na platéia. Moneide Arai, da Cavo Serviços de Saneamento, empresa de gestão ambiental do Grupo Camargo Corrêa, explica como eles trabalham esse processo de mudança. "Tentamos ensinar a complexidade do problema em toda sua estrutura, desde o faxineiro aos presidentes, através de ações, palestras, oficinas, sempre explicando o conceito do "Tripé da Sustentabilidade".

Sobre os projetos desenvolvidos e a geração de empregos verdes na Camargo Corrêa, Arai admite que ainda não existem objetivos concretos a respeito, mas um monitoramento das ações da empresa está sendo feito. "Ainda não temos metas específicas, mas estamos evoluindo aos poucos. Estamos mapeando todos os setores da empresa, identificando e informando os excessos e o que pode ser mudado, usando cerca de 25 indicadores de consumo, como o GRI Ethos", afirma Arai. Segundo ela, foi criada até uma diretoria de Sustentabilidade, o que explicita a preocupação da empresa com o tema.

Para Darci Bertholdo, funcionário da área de Políticas Sociais do Ministério do Planejamento, o Brasil "não tem experiência na área", mas devem ser construídas maneiras de se fazer sustentável sem abalar sua economia. Para ele, "o trabalhador também terá que se adequar".

Em relação à crise, com o problema das demissões em massa e as demandas sindicalistas por melhoria nas condições do trabalho, Arthur Henrique da Silva Santos, presidente da CUT, apontou as dificuldades para que empresas, sindicatos e Estado negociem reformas nas leis trabalhistas.

Bertholdo afirma que a posição do governo deve ser a de mediador nesse debate, mas também lutar pelos direitos do trabalhador. "O Estado deve ser o mediador, mas também deve assegurar condições e direitos mínimos aos trabalhadores. Com a crise, percebe-se que o Estado é ainda relevante para manter o pacto antes estabelecido".

Berg relatou que a OIT estima que 3 milhões de pessoas ficarão desempregadas nos próximos meses na América Latina. Segundo ela, os empregos verdes podem ajudar a evitar esse problema, e ao mesmo tempo acelerar o desenvolvimento sustentável do país e a responsabilidade social da população.

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Ato Público contra a MP 458

Mensagem enviada por: Ana Lúcia Berndt
Empresa: SOMA Agência de Comunicação Sustentável
17/06/2009 - São Paulo - SP

Dia 18 de junho, quinta-feira, às 14h30, será realizado um Ato Público contra a MP 458 no Hotel Transamérica, em São Paulo, durante a Conferência Internacional do Instituto Ethos.

Empresários, ambientalistas e representantes da sociedade civil em geral se reunirão com o objetivo de marcar o posicionamento contra as tentativas de desmontar a legislação ambiental brasileira e em favor da Amazônia.

Participe! Este é o momento de mostrar ao presidente Lula o posicionamento da sociedade com relação às questões ambientais da Amazônia.

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Conferência Internacional Ethos 2009

Começa hoje a 11ª Conferência do Instituto Ethos.

Participe!

Saiba mais pelo site: www.ethos.org.br/ci2009


Estamos te esperando!

Abraços,
Equipe Ethos e UniEthos

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

E por que isto é tão importante?

Mensagem enviada por Maria Zulmira de Souza
Planetária Soluções Sustentáveis
São Paulo

O Congresso Internacional está chegando. E um dos temas que prometem
esquentar o público neste ano é comunicação e sustentabilidade. Ele
estará presente em diversas rodas do evento, como na Oficina de
Comunicação e Marketing Socialmente Responsáveis, dia 16.

E por que isto é tão importante?

Longe de, na prática, ser incorporada às ações individuais e
corporativas, o que vemos é o mal uso da dita cuja, com raras exceções. E
pensar que é condição vital na construção do mundo que queremos. Ou não
é?

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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Entre o lucro e a sustentabilidade

Texto comentado por Ricardo Young na Rádio CBN.

De acordo com pesquisa realizada pela Grant Thornton International, os empresários brasileiros estão divididos entre o lucro e a sustentabilidade.

O estudo ouviu 7.200 empresas privadas de capital fechado em 36 países (Privately held business – PHS) em 36 países e os resultados mostram que 43% dos brasileiros estão dispostos a diminuir rentabilidade nos negócios para preservar o ambiente. Esta porcentagem põe o Brasil em 6º. Lugar entre os países pesquisados. Em nosso país, foram ouvidos 150 empresas, sendo 100 em SP, 25 no RJ e 25 na Bahia.

A pergunta feita foi: A sua empresa adotaria práticas de preservação ambiental se elas tivessem impacto negativo no lucro?


A Tailândia foi o país com maior percentual de SIM entre os executivos entrevistados: 99%.

Antes do Brasil ainda vêm Argentina, com 80%; México, com 60%, Japão, com 50%; EUA, com 46%; e Índia, com 44%.

Em termos continentais, a Ásia oriental (sem a China e os países árabes) concentra o maior número de empresários dispostos a defender o ambiente (61%). A América Latina vem em seguida, com 56%.

Na média, sem levar em conta a nacionalidade dos executivos entrevistados, 51% deles afirmam que adotariam práticas ambientalmente corretas em detrimento dos lucros. 36% disseram que preferem se importar com os negócios e 13% não souberam responder.

Em outra pergunta da pesquisa, na qual os entrevistados deveriam considerar se a comunidade empresarial do país se preocupa com o meio ambiente, foi feita uma ponderação entre SIM e NÃO. A média mundial de SIM foi de 30% . No Brasil, 34% dos entrevistados acreditam que a comunidade empresarial se preocupa com o meio ambiente. A média mais alta foi obtida nos países nórdicos, com 61% de respostas afirmativas (sim, o empresariado se preocupa com o meio ambiente). A média mais baixa ficou com a América Latina, 14%. A Argentina foi o país onde a percepção positiva sobre a preocupação ambiental do empresariado teve o percentual mais baixo da pesquisa Menos 34%. E é justamente neste país onde os empresários estão mais dispostos a abrir mão do lucro para melhorar as práticas ambientais.

A pesquisa mostra que, mesmo longe do ideal, o empresariado começa a evoluir na abordagem das questões ambientais. As pressões dos consumidores e a consciência de que os recursos naturais estão mesmo se tornando escassos podem ser apontados para esta mudança de consciência.

Tomara que esteja perto o dia em que todo o empresário, independente do tamanho de seu negócio, perceba que práticas socioambientais trazem vantagens para a sociedade, para a empresa e para a marca. E que, em tempos de turbulência, acabam sendo uma boa garantia para a sobrevivência do próprio negócio.

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Relatório do Greenpeace responsabiliza pecuária e o governo pelo desmatamento da Amazônia

Texto de Benjamin S. Gonçalves
Editor de publicações do Instituto Ethos
São Paulo, 5 de junho de 2009

De acordo com o estudo, marcas de produtos conhecidos, redes de supermercados e frigoríficos estão contribuindo involuntariamente para o agravamento do problema na região, com a colaboração do governo.

Após colher informações durante três anos, a organização não-governamental Greenpeace lançou nesta segunda-feira o relatório Farra do Boi na Amazônia. O levantamento conclui que a indústria pecuária nacional é a maior responsável pelo desmatamento da Amazônia. Invasão de terras protegidas e trabalho escravo também foram observados pelo relatório em fazendas que fornecem gado para o mundo todo.



Nos três anos de investigação, o Greenpeace rastreou o fornecimento de carne, couro e outros produtos bovinos para o mercado global por fazendas da região, estabelecendo pela primeira vez uma relação entre os danos da pecuária sobre a Floresta Amazônica e marcas famosas em todo o mundo, como Adidas/Reebok, Carrefour, Clarks, Gucci, Honda, Ikea, Kraft, Louis Vuitton, Nike, Prada, Tesco, Timberland e Wal-Mart.

O relatório acrescenta que o governo federal, responsável pela preservação da Amazônia, é um dos principais colaboradores para a destruição da floresta, ao conceder financiamentos a empresas do setor por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “No momento em que a empresa financiada pelo governo investe na região e monta uma unidade com capacidade para abater milhares de animais por dia, está sinalizando para os produtores que eles podem desmatar e ampliar a produção, porque os animais serão comprados”, comenta André Muggiati, coordenador da campanha de pecuária do Greenpeace.

De acordo com Muggiati, entre os frigoríficos implicados no desmatamento da Amazônia estão o Bertin, o JBS e o Marfrig, que receberam a maior parte dos US$ 2,65 bilhões investidos pelo BNDES em troca de ações para o governo federal, entre 2007 e 2009, em cinco grandes empresas, responsáveis por 50% das exportações de carne e couro brasileiros.

O levantamento informa ainda que a expansão da pecuária brasileira se concentra na Amazônia, onde 80% das áreas desmatadas são dedicadas à atividade. Observe-se que o país é o quarto maior emissor de gases de efeito estufa em todo o mundo, sobretudo pela destruição da floresta.

Logo após a divulgação do relatório, os frigoríficos Bertin e JBS lançaram notas oficiais rebatendo as informações e afirmando que adotam critérios sustentáveis para a compra de matéria-prima. Ambos disseram que antes de contratar os produtores consultam a lista de propriedades embargadas pelo Ibama e a "lista suja" do Ministério do Trabalho. O Bertin informou que já excluiu pelo menos 165 fornecedores que estavam em uma das duas listas. O JBS, por sua vez, citou sua adesão ao Pacto Empresarial da Pecuária estabelecido em 2008 pela iniciativa Conexões Sustentáveis São Paulo–Amazônia.Vale esclarecer que esse pacto estabelece compromissos que deverão ser acompanhados de ações concretas a serem relatadas pelos signatários. Até o momento o Comitê de Acompanhamento dos Pactos do Conexões Sustentáveis ainda não recebeu o relato de ações do JBS.

Já o Wal-Mart foi mais além e publicou seu posicionamento Repúdio à Pecuária Bovina Irregular na Amazônia, no qual informa que, em resposta aos fatos apresentados pelo relatório do Greenpeace, “já está em contato com seus fornecedores para obter explicações em relação às denúncias e, desta forma, tomar atitudes no curto prazo que sejam efetivas e sustentáveis”.

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sexta-feira, 5 de junho de 2009

5 de junho - DIA DO MEIO AMBIENTE

Texto de Benjamin S. Gonçalves
Editor de publicações do Instituto Ethos
São Paulo, 5 de junho de 2009

“MP da Grilagem” não pode virar lei

A aprovação da MP 458 pelo Senado, sob forma de projeto de lei, deixa indignados os defensores da Amazônia e da legalidade no país.

A Medida Provisória 458, que trata da regularização fundiária de terras da União na Amazônia Legal e acaba de ser aprovada pelo Senado, tem sido chamada de “MP da Grilagem” pelos defensores da Amazônia e da legalidade no país. O texto aprovado permitirá a legalização de 67,4 milhões de hectares de terras públicas na região, as quais poderão ser vendidas ou doadas sem licitação, até o limite de 1.500 hectares.



Também as empresas que ocuparam terras públicas até 2004 poderão legalizar essas ações, passando a ter direito sobre as propriedades. Os imóveis poderão ser revendidos após a concessão dos títulos – os médios e grandes depois de três anos e os pequenos após dez anos.

A senadora Marina Silva, uma das principais opositoras da MP, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que vete pelo menos três artigos que, se mantidos, trarão prejuízos à floresta. “Um dos artigos amplia extraordinariamente as possibilidades de legalização de terras griladas”, diz a senadora. “O maior problema da MP 458 são as brechas que ela abre para anistiar os que cometeram crime de apropriação de grandes extensões de terras públicas, que agora vão se beneficiar de políticas pensadas originalmente para atender apenas a posseiros de boa-fé”, completa.

Outro propósito dos vetos solicitados pela senadora é impedir que aqueles que colocaram laranjas para cuidar de terras griladas possam agora regularizá-las. Além disso, é preciso limitar a regularização de terras por pessoas jurídicas que sejam proprietárias de outras propriedades rurais.

Também o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pedirá ao presidente que vete pontos da MP. Sua expectativa é de que o presidente Lula se reúna com os ministros responsáveis pela regularização de terras na Amazônia para discutir os vetos. Minc deve reunir-se com o ministro Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário, e com parlamentares para discutir os pontos que não podem ser aceitos pelo governo.

Nesta quinta-feira, 4/6, Minc se juntou a artistas do Movimento Amazônia para Sempre, que entregaram ao presidente da República um documento com mais de 1 milhão de assinaturas pedindo o fim do desmatamento. “Somos o único país que detém uma floresta tropical do tamanho da nossa. Então, a responsabilidade é nossa de continuar protegendo”, argumentou o ator Vitor Fasano, um dos líderes do movimento.

A atriz Christiane Torloni, também presente ao encontro, referiu-se diretamente à MP 458, dizendo que ela não pode virar lei: “Não podemos dar terras a quem não é legal. Não se pode dar terras a grileiros e laranjas”.

Para Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, a MP 458 tornou-se uma alforria para os que pilharam terras públicas na Amazônia. “Esperamos que o presidente Lula tenha a lucidez e a clareza de vetar os pontos que a sociedade civil organizada e lideranças – em especial, a senadora Marina Silva, em carta aberta – apontam como extremamente prejudiciais para o futuro da Amazônia e do país.”


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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Timão na rota da sustentabilidade

Texto comentado por Paulo Itacarambi, na Rádio CBN
27/05/2009 - São Paulo



Na última segunda-feira, dia 25 de maio, a diretoria do Sport Club Corinthians Paulista reuniu-se em grande estilo para um evento inusitado no mundo do futebol: o lançamento do Relatório de Sustentabilidade 2008 do clube. Trata-se de uma publicação única no segmento esportivo mundial, elaborada com base nas diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI), organização internacional com sede em Amsterdã, Holanda, que tem como objetivo desenvolver e disseminar diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, adotados voluntariamente pelas principais empresas do mundo.

Com a elaboração deste relatório, o Timão dá o primeiro passo na estrada da sustentabilidade.

Dividido em 12 capítulos, o relatório abrange temas como gestão, governança, torcida, desempenho econômico, investimentos e ativos, futebol de base, ações de marketing e públicos estratégicos, além de trazer as demonstrações financeiras do exercício de 2008.
O conteúdo completo pode ser acessado pelo site www.corinthians.com.br.


Os jornalistas esportivos não deram destaque ao evento. E a iniciativa merece apoio e reconhecimento, pois engajar diretoria e partes interessadas para pensar uma organização sob o prisma da sustentabilidade é difícil numa empresa, imagine num time de futebol e no contexto esportivo brasileiro.

O lançamento desse relatório representa um momento histórico para o futebol brasileiro, porque mostra o caminho que, se adotado por todos os clubes, dará uma robusta contribuição ao principal desafio do movimento da sustentabilidade no Brasil, que é a construção da cultura da sustentabilidade.

O presidente Andrés Sanchez destaca um dos objetivos da sua gestão, na mensagem que abre o relatório: fazer o Timão ser reconhecido como o clube com a administração mais ética e profissional do futebol brasileiro. Para atingir esse alvo, o Corinthians precisa de todos os times e de todas as torcidas, porque, parafraseando Vinícius de Moraes, não há ética sozinha.

Assim, esse objetivo de gestão põe vários desafios ao Corinthians. Um deles é contribuir para a construção de uma “cultura de sustentabilidade” a partir do esporte. No âmbito doméstico, ampliar o diálogo com as partes interessadas e aprofundar as práticas de boa governança são duas tarefas titânicas. No âmbito externo, a diretoria poderia incentivar que outros times e mesmo as entidades que dirigem o futebol brasileiro adotassem práticas como ouvidoria e código de ética, bem como franquear instalações do clube para escolas públicas e realizar campanhas de cidadania.

Estamos num momento em que o Timão poderia atuar em cooperação com os demais clubes numa mobilização nacional em prol da vitória brasileira em duas Copas: a de 2014, no campo, e a de 2015, que é a dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). É que em 2015 a ONU vai reunir os países em assembléia geral para um balanço do que foi feito em relação aos oito ODM, lembram-se?

- Acabar com a fome e a miséria
- Educação básica de qualidade para todos
- Igualdade entre sexos e valorização da mulher
- Reduzir a mortalidade infantil
- Melhorar a saúde das gestantes
- Combater a aids, a malária e outras doenças
- Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente
- Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento

Que tal se o Corinthians e sua imensa Fiel entrassem na “briga” para o Brasil atingir os ODM até 2015? Uma das maneiras é incentivar as cidades que vão sediar jogos da Copa do Mundo a realizar as obras pensando nas demandas desses objetivos socioambientais. Se o Timão entrar em campo e os outros times também, fica mais fácil. E poderemos ter o orgulho de sermos campeões dentro e fora dos gramados.




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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Direto de Copenhague, Ricardo Young comenta a Cúpula Empresarial de Mudanças Climáticas

Texto enviado por Ricardo Young
Presidente do Instituto Ethos
Copenhague, 25 de maio de 2009


Pelo menos 700 CEOs de todo mundo estão reunidos em Copenhague, capital da Dinamarca, na Cúpula Empresarial de Mudanças Climáticas, para debaterem o papel das empresas na redução das emissões de carbono. O encontro é uma tentativa de unir a agenda da crise financeira com a da crise climática para levar à mesma Copenhague, no final do ano, uma agenda do mundo corporativo para a reunião COP 15 (Conferência Mundial sobre Clima das Nações Unidas).

O objetivo é que ela possa contribuir para aproximar governos em divergências ainda importantes para que a COP 15 em Copenhagen surja como a Conferência que fundamentará as bases de um novo ciclo de desenvolvimento pautado pela baixa emissão de carbono. Foi neste encontro e com este espírito que Al Gore iniciou a sua fala, logo após a abertura do Secretário Geral da ONU, Ban-Ki Moon.

Gore pontuou a tripla crise - a climática, a econômica e a de segurança energética - como resultantes de uma mesma causa: a profunda dependência que a humanidade tem de energia fóssil ( não disse, mas deveria, daquela parte da humanidade que tem acesso a ela...). Disse que o grande imperativo é sair da dependência de energias fósseis para as infinitas fontes de energia limpa e renovável do Sol, dos ventos e da energia geotérmica. Falou dos muitos exemplos nesta mesma direção como a da Dinamarca que já tem 25% de sua energia em base éolica ou mesmo das recentes medidas do Presidente Obama que estabeleceu metas de redução de emissões para a indústria automobilística e o cancelamento literal da construção de plantas termoelétricas movidas a carvão. Disse ainda que é indispensável que se crie valor para a mitigação de CO2, pois um gás invisível e inodoro dificilmente será reduzido sem compensação econômica. Gore também pontuou a crescente coragem e determinação do governo Obama de transformar os Estados Unidos independente de energia fóssil até 2020. Comparou a recente fala de Obama quando das metas de redução das emissões a de Kennedy no início da década de 60 sobre colocar o homem na Lua até o final da década. Reiterou a necessidade de ousar e sonhar para que o desafio da energia sustentável toque o imaginário das pessoas, sem o qual, não haverá o esforço necessário.

A fala de Gore foi enfática e determinada. Também aproveitou para reiterar um dos principais temas defendidos pelos EUA para Dezembro, ou seja, mecanismos de mercado como parte da nova regulação de serviços ambientais. Mas o mercado que ele se refere, seria um novo mercado, eivado de valores éticos e humanos. Como? Finalizou dizendo que esta geração será julgada pelas próximas e se elas nos acusarem de não termos tomado as ações que nosso tempo nos convoca, teremos falhado lamentavelmente.

Neste aspecto tanto Ban Ki-moon como Al Gore deram o tom: Copenhagen terá que ser o marco zero de uma nova economia e visão de desenvolvimento. Estabelecerá as bases para as regras de mercado e de regulação governamental e multilateral para os próximos 20 anos e isso tem que ser feito este ano sob pena da coesão política conseguida até aqui fragilizar-se e tornar tudo muito mais complicado. De fato, as mudanças climáticas não tem esperado em sua perigosa escalada.

Apesar do bom início, as lideranças empresariais presentes não pareciam estar a altura do debate. Limitaram-se a expressar concordância com o imperativo da economia verde mas não conseguiam dizer qual era a agenda do mundo dos negócios. Qualidade sofrível o debate dos CEOs. Considerando-os parte da poderosa elite mundial que será determinante para a mudança, é preocupante.

Por: Ricardo Young

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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ursula Burns e a importância da diversidade na cultura organizacional

Texto comentado por Paulo Itacarambi*, na Rádio CBN

O que faz uma empresa gigante no setor, mas à beira da falência por crise e mudança de mercado, reagir e voltar ao topo? Estrita política de restrição de custos, demissões, enxugamento, novos produtos, marketing agressivo...Dificilmente, nesta lista, aparece o fator “diversidade” como impulsionador da virada. Será que não teve mesmo nada a ver?

A gigante que quase caiu que citamos acima é a Xerox. Em 2001, Anne Mulcahy assumiu o posto de executiva-chefe com a tarefa de reverter os sucessivos prejuízos e queda nas vendas. Na época, era uma das dez mulheres a ocupar um cargo semelhante. A diferença com as outra nove é a que Xerox encontrava-se numa encruzilhada, com seus produtos tornados repentinamente obsoletos pelo estouro da internet.

Para superar a crise, Mulcahy aplicou algumas receitas amargas tradicionais das cartilhas de negócios. Mas também investiu na mudança cultural. E agora, em 2009, passa o bastão para Úrsula Burns, como Anne funcionária de carreira da empresa e negra. É o primeiro caso, no mundo corporativo americano – e talvez mundial – em que uma mulher transfere o comando de uma das 50 maiores corporações do mundo para outra mulher. Não é o primeiro caso de mulher não-branca a ocupar posto tão elevado. Antes de Úrsula Burns, em 2006, Indra Nooyi, nascida na Índia, chegou ao posto mais alto na Pepsico e hoje é apontada como a executiva mais poderosa do mundo, homens incluídos. Mais importante, Indra foi a primeira mulher não americana a chegar ao posto de CEO numa múlti tão tipicamente americana como a Pepsico.

Tanto Indra quanto Úrsula são parte de um fenômeno global que está redefinindo o papel das empresas e, ao fazer isso, transfere poder para parcelas dos funcionários que antes se viam alijados desta possibilidade de ascensão.

Por que ainda não vemos este movimento ocorrer em grande escala no Brasil, se nos orgulhamos tanto de nossa diversidade? Por que nossas empresas, mesmos as nacionais, mesmo as estatais, ainda não conseguem dar voz e decisão aos representantes de todas as etnias que ajudam a construir o nosso país? Por que estamos dilapidando esta nossa riqueza, em vez de usá-la para alavancar nosso desenvolvimento ?

A sociodiversidade e biodiversidade brasileiras são duas grandes riquezas que a nossa sociedade vem dilapidando de forma irresponsável, em prejuízo para as futuras gerações. Em vez de as utilizarmos como âncoras do desenvolvimento de nossa sociedade, estamos destruindo-as em nome de um falso tipo de desenvolvimento que, no fundo, representa a expansão de um modo de vida insustentável, baseado na cultura do individualismo, da ganância, do consumismo, da mercantilização de todas as relações e da apropriação privada de tudo e de todos.

As nações indígenas, os quilombolas, o caboclo, o ribeirinho, o pantaneiro, enfim as populações que vivem nas florestas, cerrados e campos, cujas culturas acumulam conhecimentos de convívio humano em equilíbrio com os ecossistemas na natureza, estão sendo dizimadas sob o olhar complacente do restante da sociedade brasileira. Essas culturas têm um valor inestimável diante do maior desafio que a humanidade está enfrentando atualmente, o desafio de evitar sua própria extinção.

Além de prestarem um importante serviço à nossa sociedade e ao planeta de preservação da biodiversidade e de cuidados com a manutenção dos serviços ambientais, os conhecimentos desenvolvidos e reproduzidos durante séculos por aquelas culturas podem ser fontes de inspiração e aprendizagem para a grande tarefa da humanidade, que é a construção de um novo padrão civilizatório sem o qual nunca seremos uma sociedade sustentável e justa.

Entendo que este nosso diálogo sobre a cultura de convivência com o diverso é, sem dúvida, uma forma adequada de apontar caminhos para mudar a situação comentada acima. Para aprofundar nossa reflexão, devemos então nos perguntar: o que queremos em uma cultura de convivência do diverso? O que é preciso mudar? Onde? Como?

O que queremos em uma cultura diversa

Falo do meu próprio desejo, porque acredito que ele é convergente com o desejo da maioria das pessoas que querem uma sociedade com essa cultura diversa. Quero uma sociedade em que as pessoas, de forma individual e coletiva, valorizam a vida em todas as suas dimensões e por isso cuidam para que as relações entre os seres vivos, em especial entre as pessoas, se realizem em condições de igualdade, com ampla liberdade e total solidariedade.

A liberdade é condição indispensável para que cada um de nós possa escolher o modo de produzir a sua própria existência, realizando todo o seu potencial humano. E a igualdade é condição fundamental para a liberdade. Cada um de nós só é livre se o outro também for, porque o outro somos nós todos. Liberdade pressupõe igualdade e vice-versa. Dessa conjugação entre liberdade e igualdade, nasce a solidariedade. A existência de ambas depende de sermos solidários entre nós na responsabilidade em cultivá-las. Não temos, portanto, como escapar da solidariedade. Esta é uma condição de partida para vivermos em sociedade. Mais do que uma condição para vida em sociedade, é uma condição para a existência da vida. A vida é, ela própria, uma manifestação da interdependência entre os seres vivos. Não há como ser vivo fora dessa interdependência.

Quando dissemos “uma sociedade em que as pessoas, de forma individual e coletiva, cuidam para que as relações se realizem com igualdade, liberdade e solidariedade”, queremos dizer, com o termo “cuidam”, que as pessoas criam as condições necessárias para que o fato ocorra. Ele não ocorrerá naturalmente. Basta ver a história da humanidade, ou então nos reportarmos à nossa própria insatisfação que motiva esse diálogo.

A questão de fundo passa a ser a definição de quais são as condições que precisamos criar para vivermos com liberdade, igualdade e solidariedade. Passemos então às questões sobre o que, onde e como mudar.

Caminhos para a mudança

Para avançarmos rumo a uma sociedade sustentável, precisamos, antes de tudo, conceber-nos como parte integrante da natureza; como parte dessa relação interdependente entre os seres vivos que Fritjof Capra chama de “teia da vida”. Quando falo “conceber-nos”, estou querendo dizer “nascermos de novo”. Transformarmos a nós mesmos em novos sujeitos. Criarmos uma nova visão sobre nós mesmos, sobre a nossa relação com o mundo, com a natureza, com o outro e conosco. Com uma visão holística do mundo poderemos refundar nossos juízos mestres que orientam nossas estratégias de convivência com o outro e nossas ações para satisfazer nossos desejos mais profundos. Aqui entram nossos princípios e valores. O que é que de fato importa? O que nos é caro e do qual não abrimos mão?

Ao concebermos nossa inserção no mundo como parte de um todo dinâmico, em que a mudança de uma parte afeta a outra, passaremos a valorizar o bem-estar do outro e do coletivo como condição para nosso próprio bem-estar. Enxergaremos os limites das estratégias individualistas e consumistas como forma de melhorar nossa própria qualidade de vida. Mudaremos nosso conceito de sucesso, medido atualmente por nossa capacidade de adquirir produtos e serviços no mercado, para um conceito que considera nossa capacidade de conviver e cooperar. Veremos que nem tudo pode ser comprado (apropriado privadamente) e que, se for comprado, perde seu valor. Perceberemos que a mercantilização de todas as relações é causa e consequência da nossa dificuldade de conviver com o diverso.

Veremos que aquilo que no fundo nos move é a mesma força que também impulsiona o outro. E que, o que de fato interessa é o amor que podemos sentir em nossa relação com o outro; é podermos imprimir nos corações e mentes dos que nos cercam as emoções e os registros de quem somos e o que fazemos para transcender nosso curto período de vida. Afinal, o querem aquelas pessoas que se dedicam a ser o melhor naquilo que fazem? Basta-lhes sentir a satisfação da sua própria potência? Basta-lhes saber que são capazes de realizar seus desejos ou eles querem também nosso reconhecimento pelo seu “feito”? Sem o reconhecimento do outro ninguém constrói sua própria identidade.

Assim, outra condição que precisamos criar é o reinado da ética. Ética aqui entendida como as leis internas que nos impomos, fruto do diálogo interno que fazemos com o outro que está em nós, necessária para a nossa existência enquanto indivíduo e coletivo. Sem o outro não há individualidade. Também não há ética. Ou, como diz Humberto Eco, a ética nasce quando o outro entra em cena.

Mas de que ética estamos falando? Estamos falando da ética fundada nos valores de respeito a todas as formas de manifestação da vida, à integridade física e moral das pessoas e à dignidade humana. Estamos, portanto, falando da ética que se fundamenta em princípios de cuidado, solidariedade e responsabilidade na relação com o diverso.

Os cuidados individuais e as mudanças pessoais comentadas até aqui são centrais, mas não são suficientes para nos levar à sociedade que queremos. São necessários cuidados coletivos e mudanças no ambiente de convívio desse coletivo. Aliás, as mudanças de visão e comportamento das pessoas só se estabelecem como cultura se houver mudança no ambiente social em que elas convivem. Uma mudança realimenta a outra, estabelecendo um novo padrão coletivo para os indivíduos, o qual denominamos cultura. Uma cultura de convivência do diverso com liberdade, igualdade e solidariedade requer um ambiente social em que a cidadania seja plena e a confiança entre as pessoas seja o padrão predominante.

Estamos falando de uma sociedade em que as diferenças entre as pessoas e a riqueza cultural daí derivada são valorizadas como um bem da humanidade. Deixam de ser fontes de injustiça e passam a ser desejadas e celebradas como fontes de alegria e de desenvolvimento humano.
A travessia entre a sociedade atual e a sociedade que queremos ser representa um grande desafio coletivo. Além dos problemas já comentados no inicio, tomemos a situação das mulheres e dos negros no mercado de trabalho urbano, retratada nas pesquisas realizadas pelo Instituto Ethos sobre o perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas no Brasil, e teremos uma pequena medida da dimensão desse desafio.

De fato, a pesquisa nos revela a existência de dois grandes funis dificultando o acesso dos negros e das mulheres aos melhores empregos e cargos das empresas. O primeiro funil se verifica no acesso aos empregos e o segundo, que é interno, ocorre no acesso aos cargos. Na pesquisa realizada em 2007, por exemplo, as mulheres, cujas participações na população brasileira e na população economicamente ativa eram, respectivamente, de 51,3% e de 43,5%, alcançavam apenas 35% de participação no quadro de funcionários das 500 maiores empresas. E internamente, na ocupação dos cargos de chefia, sua participação reduzia-se gradualmente, até atingir apenas 11,5% nos cargos do quadro executivo.

Os dois funis são ainda mais estreitos para os negros. Representando 49,5% da população brasileira e tendo uma participação de 46,6% na população economicamente ativa, eles conseguem uma participação de apenas 25,1% no quadro funcional das 500 maiores empresas. No acesso aos cargos de direção, a queda de participação dos negros é radical, chegando a 3,5% nos cargos do quadro executivo.

Esses dados revelam como a desigualdade é mantida e reproduzida em nossa sociedade. Mas revelam também que, nas cidades, a atuação mais promissora para a mudança deveria se dar no mercado de trabalho. É lá que devemos colocar nossa melhor energia para construir essa nova cultura.

A estratégia de promover a diversidade com equidade nas organizações aparece como um caminho promissor. Primeiro, porque muitas empresas e outras organizações da sociedade já mostraram sensibilidade para essa questão. É assunto complexo, mas está ao alcance dessas organizações promover mudanças efetivas no quadro de desigualdade interna. Segundo, porque as mudanças de cultura implementadas no âmbito das organizações poderão ter um grande efeito indutor na cultura da sociedade. Mas tais mudanças não ocorrerão se ficarmos esperando que alguém faça alguma coisa. Nós é que temos de agir. Somos parte do problema e também podemos e devemos ser parte da solução.

*Paulo Itacarambi é vice-presidente-executivo do Instituto Ethos.

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