quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Estará chegando o tempo da energia eólica no Brasil?

Um estudo elaborado pela Eletrobrás pode contribuir decisivamente para impulsionar o uso de energia eólica no Brasil. Sua aplicação sempre foi considerada “cara”, mas o levantamento prova o contrário: a energia eólica é mais barata que as usinas térmicas a gás e a diesel.

O investimento inicial é alto, mas bastam dez dias para ele começar a ser mais compensador do que o investimento feito em energia térmica. E o estudo ainda demonstra que a geração de energia eólica precisa de dois meses para ficar mais barata do que aquela gerada por outras fontes.
Será que esta constatação feita pela própria Eletrobrás vai finalmente incentivar a elaboração de um plano de longo prazo para utilização em larga escala da energia eólica?
Atualmente, ela representa menos de 1% da matriz energética nacional, com potência instalada de 547 megawatts / ano. As usinas localizam-se principalmente no Nordeste e no sul do país, locais onde o regime de ventos é mais propício a este tipo de atividade. Até o final de 2010, estima-se que o potencial instalado chega a 1300 megawatts /ano. A capacidade instalada no Brasil hoje é de pouco mais de 100 mil megawatts e vai chegar a 130 mil megawatts em 2013.
A hidreletricidade representa, hoje, com 80% da matriz energética. Os restantes 20% estão divididos entre usinas térmicas a carvão, diesel e gás, (12%), pequenas centrais e fontes alternativas (8%).
Antes da divulgação deste estudo, previa-se para 2013, o crescimento das térmicas tradicionais de 12 para 21% na participação da matriz; e de 4,5% das pequenas centrais – cuja geração virá da biomassa. As hidrelétricas tradicionais deverão recuar sua participação para 69% e a energia eólica deverá manter seu percentual de participação em torno de 1%.
Estes dados são preocupantes porque mostra uma tendência de “sujar” a matriz energética, justamente num momento em que é preciso investir alto em fontes que nos levem a uma economia de baixo carbono. Se as usinas têm baixo custo de instalação, sua manutenção é cara e tende a se tornar cada vez mais cara, porque será preciso controlar as emissões de poluentes. Por sua vez, como mostra o estudo da Eletrobrás, a energia eólica é uma alternativa competitiva e que, até o momento, não está sendo considerada com o devido cuidado.
Se todo o potencial eólico brasileiro fosse convertido em energia, teríamos a geração de 272 terawatts / hora por ano (1 terawatt = 1 trilhão de watts), ou a metade do nosso consumo anual.
E mais (como somos um país de sorte!): nossos períodos de seca, quando os reservatórios estão baixos, coincidem com as épocas que os melhores ventos sopram por aqui. Assim, se tivéssemos usinas eólicas instaladas, poderíamos usá-las, em vez de queimar combustível e sujar o meio ambiente, com as térmicas (a opção disponível para estas ocasiões).
Agora que já se sabe que o custo não é impeditivo, tomara que os governos adotem programas de incentivo à ampliação da capacidade instalada da energia eólica, visando desde a pesquisa tecnológica até a formação de profissionais e o engajamento de empreendedores no setor.
Comentário feito por Ricardo Young em 9 de setembro de 2009, no programa CBN Total, transmitido pela rádio CBN FM às segundas, quartas e sextas-feiras, às 15 horas. Clique aqui para ouvir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este é um blog para todos! Deixe o seu comentário aqui e ele se tornará um post após a categorização do moderador.
Obrigada.