quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Liderança empresarial para um mundo em mudança

A sociedade e os negócios precisam de novos líderes para gerir um mundo em transformação. Passada a pior fase da turbulência, as empresas agora buscam líderes socialmente responsáveis, que se preocupam com o jeito como a companhia vai obter bons resultados, não apenas com os lucros. Esta demanda já está produzindo efeitos nas escolas de administração e na própria maneira de as empresas buscarem talentos no mercado.


John Wells, presidente da escola suíça de negócios IMD, veio ao Brasil recentemente para divulgar a instituição entre os executivos brasileiros, explica por que o IMD está mudando a grade: porque os desafios sociais, econômicos e ambientais estão mais complexos; porque a confiança nas instituições desabou com a crise financeira e não será recuperada se elas continuarem agindo “do jeito antigo”. Também porque o mundo enfrenta o desafio das mudanças climáticas e os negócios precisam mudar, querendo ou não. Para Wells, o novo líder deve ter um perfil mais parecido com Che Guevara do que com Jack Welch: ser duro e agressivo, sem perder a “humanidade”. Não parece uma paráfrase da famosa frase “endurecerse siempre sin perder la ternura jamás!”?
Para Wells, será cada vez menos possível ocorrer fatos como a promoção de um gerente industrial que gerou maior rentabilidade simplesmente porque atrasou a manutenção dos equipamentos. A nova liderança emergente consideraria este atraso simplesmente um “roubo” da base física de ativos. O mesmo se dá com os funcionários. É ainda comum um executivo fazer carreira bem-sucedida explorando os membros da equipe e atuando pouco para desenvolvê-lo. Do ponto de vista da gestão sustentável, isto é “roubo” da base de ativos. Assim também como é roubo esconder lucros de balanços em anos bons para alavancar anos ruins.
O desafio para as empresas é criar sistemas que desencorajem essas práticas e líderes com visão sistêmica para enfrentar novas condições de mercado. Por isso, o IMD está mudando sua grade curricular: para formar lideranças que possas comandar transformações organizacionais baseadas na transparência, na ética e em valores como justiça social e equilíbrio ambiental.
No Brasil, recentemente, o Ministério da Educação divulgou dados mostrando que o número de faculdades reprovadas – notas entre 1 e 2 – aumentou de 31% em 2007 para 38% em 2008. As notas são baseadas num índice chamado IGC (índice geral de cursos) que faz um cruzamento entre o desempenho dos alunos no Enade, a qualificação dos professores (número de doutores) e as notas dos cursos de pós-graduação. Com isso, dos quase cinco milhões de alunos do ensino superior, 737 mil estudam em cursos considerados ruins. Este fato faz aumentar a proliferação de profissionais com conhecimentos insuficientes que serão contratados para gerir empresas, ONGs, entidades de classe e órgãos de governos num dos momentos mais desafiadores da história do país e da humanidade: a transição de uma economia baseada em matriz fóssil que produziu miséria e devastação, para outra verde, inclusiva e responsável. O Brasil vai necessitar de um esforço titânico para superar estas desvantagens. Mas há luz no fim do túnel e ela vem dos participantes do Prêmio Ethos-Valor de Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável.
Os trabalhos finalistas vieram dos quatro cantos do país e trazem reflexões e práticas consistentes sobre sustentabilidade, que podem ser aplicadas nas imediatamente. Mais uma prova de que, como dizia o escritor Vítor Hugo “Nada é tão poderoso no mundo como uma ideia cuja oportunidade chegou”

Comentário feito por Ricardo Young no dia 16 de setembro de 2009, no boletim Responsabilidade Social que é transmitido pelo programa CBN Total da rádio CBN FM, às segundas, quartas e sextas-feiras, às 15 horas. Clique aqui para ouvir.

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