sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Os limites do planeta e a responsabilidade social empresarial

A civilização tal qual a conhecemos está numa encruzilhada. De um lado, os recursos naturais de que necessita estão em vias de esgotamento. De outro, a própria vida parece esvanecer-se, pois os biólogos avaliam que estamos no meio de um processo global de extinção de espécies, comparável somente ao ocorrido no período do desaparecimento dos dinossauros.

A humanidade chegou a este ponto pelo modo de consumir e produzir que vem adotando há pelo menos dois séculos, baseada do uso intensivo da natureza. A primeira conseqüência deste modelo é o aquecimento global. Quais são as outras? Pesquisadores, ambientalistas e futurólogos vêm dedicando muitas páginas a respeito do futuro da humanidade, estabelecendo datas-limite para o uso do petróleo, a extinção dos peixes, etc.

Para traduzir estas pesquisas em linguagem acessível à maioria das pessoas, dois jornalistas da revista Scientific American estudaram os trabalhos de diversas universidades, centros de pesquisa, ONGs, órgãos públicos e ONU, entre outros. Reunindo as informações, eles conseguiram responder com mais certeza a pergunta: se não mudarmos nosso modo de vida, até quando duram os recursos naturais?

Eis algumas respostas:

Petróleo: começa a ser encontrado apenas em grandes profundidades, muitos quilômetros abaixo do leito marinho. Os novos estudos estatísticos apontam que haverá um pico de produção até 2014 e até 2050 já teremos extraído 90% do petróleo no mundo.

Peixes: a crescente demanda tem levado muitas espécies à quase extinção, tais como: tubarão-martelo (cuja ocorrência nos oceanos diminuiu 89% desde 1986; eles são caçados para retirada de suas barbatanas); esturjões (perderam áreas de desova, devido à exploração do caviar e declinaram 90% desde 1965); badejos-amarelos e enguias.

Água: o crescimento populacional, o aumento da poluição e o aquecimento global já estão exercendo pressão sobre os estoques de água de rios caudalosos. A ONU considera 500 m3 de água potável por ano por pessoa o mínimo necessário para uma sociedade funcionar. Em muitos lugares do mundo, as reservas renováveis já estão abaixo deste patamar: Egito, Leste Europeu, Oriente Médio e Ásia. O continente americano foi o único não relacionado. Mas, não quer dizer que não tenha problemas. Em alguns lugares dos EUA, rios caudalosos já não chegam mais ao Oceano, pelo acesso das metrópoles aos seus recursos hídricos, ao longo do trajeto. No Brasil, a construção de barragens, a urbanização, a poluição e o uso descontrolado da água confinada (por exemplo, do Aquífero Guarani) também põem em risco nossas reservas. Em 2025, calcula a ONU, a luta pela água é que mobilizará as nações.

Metais: a escassez de metais pode comprometer o desenvolvimento tecnológico. Joiás, botões de roupa, celulares, televisores, computadores, equipamentos médicos, remédios, embalagens, enfim, quase tudo o que produzimos e consumimos depende de metais que estão cada vez menos disponíveis, com suas jazidas em vias de esgotamento. Celulares e computadores chegam a usar até 40 metais em variadas proporções.

A prata, que mata micróbios naturalmente e, por isso, é largamente utilizada em curativos e em revestimento de produtos de consumo, pode acabar até 2029. O índio, utilizado em TVs de tela plana, tem estoques até 2028. As reservas de fácil acesso de ouro podem se esgotar em 20 anos. O cobre, utilizado em tudo o que se faz de infraestrutura, de canos a equipamentos elétricos, tem reservas até 2044. Mas, a exploração vai exigir minerar áreas dos Andes, pondo em risco os ecossistemas e a biodiversidade locais. O único metal estratégico de que poderemos dispor com folga é o lítio, componente essencial nas baterias dos carros elétricos. As reservas terrestres conhecidas e os vastos estoques na água do mar garantem o suprimento por mais cinco séculos.

Há saída? Sim. Mas é preciso mudar. E as empresas precisam alavancar a mudança.

No que diz respeito aos recursos naturais, precisamos mudar o padrão de produção, estabelecendo processos em que o resíduo de uma indústria vire insumo em outra; em que tudo o que já foi extraído da terra seja reaproveitado, por meio da reciclagem e, mais do que isso, de um procedimento já batizado de “mineração urbana”.

No que tange à biodiversidade, é preciso “renaturalizar” a espécie humana. Não se trata de voltar às cavernas ou desistir da eletricidade, mas de integrar nosso modo de vida à natureza, usando o conhecimento tecnológico que adquirimos para regenerar os ecossistemas e a biodiversidade e aprendendo a viver integrados com eles. Esta atitude pressupõe uma nova ética, de cuidado com a vida em geral, como propõe a Carta da Terra.

As empresas têm grande responsabilidade nesta transformação, porque podem ser fortes indutoras de mudanças de hábitos e comportamentos não só nos negócios, mas nos indivíduos.

A economia verde pode dar conta da escassez de matérias-primas. Mas o cuidado com a vida exige algo mais. Exige a distribuição da riqueza e o comportamento ético, o reconhecimento de que seres humanos e seus negócios estão intimamente ligados com tudo o que ocorre no planeta. Se quisermos vida longa, temos de dar vida longa a quem nos nutre e suporta.

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

As melhores em performance climática

Por Redação Ideia Socioambiental


Carbon Disclosure Project (CDP) lança Índice de Performance de Carbono e Liderança.

A gestão do carbono está se tornando uma prioridade estratégica de negócio e um direcionador da competitividade para as maiores companhias, a despeito da ausência de um acordo global sobre as mudanças climáticas. Essas são algumas das conclusões do relatório e índice de liderança 2010 Global 500 , produzidos pela PwC e patrocinado pelo Bank of America Merrill Lynch, que foram lançados nesta semana pelo Carbon Disclosure Project (CDP).


As empresas-líderes em performance de carbono estão bem à frente de suas concorrentes - 85% das que foram pesquisadas declararam ter um executivo sênior responsável por mudança climática e perto da metade (48%) estão incorporando iniciativas em toda a estratégia do negócio e organização em resposta ao desafio do aquecimento global.

Em meio a um quadro regulatório incerto, nove entre 10 empresas pesquisadas identificaram oportunidades comerciais significativas decorrentes das mudanças climáticas, separando as organizações direcionadas por fatores de risco daquelas que estão identificando e aproveitando vantagens competitivas e de custo-benefício.

As cinco empresas-líderes do Global 500 em 2010 são: Siemens, Deutsche Post, BASF, Bayer e Samsung Electronics. Essas companhias estão no novo Índice de Performance de Carbono e Liderança (Carbon Performance Leadership Index - CPLI) e tiveram a pontuação mais alta (95 ou acima de 100) no Índice de Transparência em Carbono (Carbon Disclosure Leadership Index - CDLI).

Apesar do aumento significativo do envolvimento da diretoria ou de executivos de alto nível e de 65% das 500 companhias entrevistadas implementarem metas de redução, apenas 19% delas demonstraram uma redução significativa em suas emissões.

A América do Norte fica atrás da Europa na divulgação e performance. Apenas 6% das líderes de desempenho no Global 500 são da América do Norte, em oposição a 21% da Europa.

O relatório global apresenta duas áreas principais de foco para ação: a eficiência energética da operação, provavelmente incentivada pelo potencial de redução de custos, e o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores que permitem aos clientes reduzir as suas emissões.

Alimentada por oportunidades de redução de custos de energia, segurança no abastecimento de energia, proteção da empresa contra os riscos das alterações climáticas e os danos à reputação, geração de receitas e manutenção da competitividade, a gestão de carbono continua a crescer como uma prioridade estratégica para muitas empresas," destaca Paul Dickinson, diretor executivo da CDP. "As empresas globais estão aproveitando as oportunidades comerciais de carbono, agindo muitas vezes à frente das exigências políticas. Nunca tantas companhias relataram suas emissões pelo CDP, o que é o primeiro passo para uma economia de baixo carbono”, conclui.

"Como as empresas avaliam tendências de sustentabilidade, tais como competição por recursos naturais, globalização econômica e mudanças climáticas, o resultado provável é uma alteração fundamental na estratégia de negócios", afirma Dennis Nally, presidente da PwC Internacional. "Estamos descobrindo que os líderes nessa área definem objetivos de nível corporativo para buscar agressivamente o crescimento, ao mesmo tempo em que reduzem as emissões", ressalta.

(Envolverde/Idéia Socioambiental)

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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

“Auditorias e gestão sustentável”

As preocupações com as mudanças climáticas já figuram como fator-chave na tomada de decisões das empresas, por várias razões, entre as quais podemos citar a geração de novas receitas, a redução de custos e o aumento da competitividade de longo prazo. Esses dados foram obtidos numa pesquisa global feita pela Ernst & Young com 300 empresas com faturamento anual superior a US$ 1 bilhão.

Entre as oportunidades que as empresas pretendem privilegiar no próximo ano, para garantir melhor desempenho em relação aos desafios das mudanças climáticas, estão iniciativas de eficiência energética, desenvolvimento de novos produtos e serviços, transparência nos reportes da empresa e a adoção de programas de engajamento de funcionários.

Elas vão buscar, no âmbito governamental, regulamentação para leis que se traduzam em incentivos fiscais ou de crédito para estas e outras atividades.

Os executivos já enxergam hoje que o futuro será das empresas cujos negócios atendam ao tripé da sustentabilidade, de equilíbrio entre as demandas da sociedade, do meio ambiente e do crescimento econômico.

Tal mudança do mercado em direção à sustentabilidade está exigindo alterações profundas na maneira de fazer negócio. A empresa precisa estabelecer um plano de ação baseado não apenas nas expectativas de lucro dos acionistas, mas nas demandas dos seus vários públicos de interesse – consumidores, fornecedores, comunidade, governos e funcionários. Entender as demandas e saber transformá-las em objetivos de gestão é possível por meio da aplicação dos princípios e valores da responsabilidade social empresarial.

Proceder a essa mudança e demonstrá-la para o mercado e para a sociedade exigem também um novo tipo de auditoria, a chamada “auditoria verde”, que vai avaliar os riscos do negócio ante os efeitos das mudanças do clima e também a influência nas operações da empresa de inovação, produtos e serviços, perspectivas de novas leis, políticas públicas, e acordos internacionais.

Essa investigação verifica desde a conformidade da empresa às leis e os passivos que podem impactar no valor do negócio (terrenos contaminados e conflitos com comunidades, por exemplo), até o estágio da gestão em relação aos indicadores de responsabilidade social.

A chamada auditoria verde já se tornou o principal negócio de grandes escritórios de advocacia e caminha para ter o mesmo papel nas tradicionais consultorias do ramo, como PricewaterhouseCoopers e Ernst & Young.

No Brasil, as empresas que causam maiores impactos ambientais, como mineradoras, siderúrgicas e indústrias químicas, são as maiores clientes desses auditores. As empresas listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) também já adotam essa auditoria, pois precisam apresentar relatórios socioambientais e financeiros anualmente para garantir sua continuidade no índice.

É importante ressaltar que as auditorias demonstram que práticas socialmente responsáveis, que levem a uma sociedade sustentável, têm se mostrado economicamente viáveis em nosso país. Enquanto o índice geral da BM&F Bovespa (Ibovespa) teve rentabilidade de 29,39% no ano encerrado em 15 de maio de 2010, o ISE apresentou valorização de 36,63%, ou seja, 7,24 pontos percentuais a mais. Além disso, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) informa que os fundos de ações de empresas sustentáveis contavam com uma carteira de R$ 2,6 bilhões em maio deste ano.

Novas leis e maior pressão da sociedade devem tornar regra de mercado essa modalidade de auditoria. Com isso, a contabilidade das empresas também vai mudar, pois precisará refletir a internalização de fatores não financeiros nos custos do negócio. Aliás, espera-se que em dez anos, no máximo, surja um novo relatório anual de desempenho, integrando os dados financeiros e as informações socioambientais.

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Produção e consumo sustentáveis: avanços e desafios para o Brasil

Por Izabella Teixeira, Ministra do Meio Ambiente

O Ministério do Meio Ambiente lançou para consulta pública no dia 14 deste mês de Setembro o Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (2011-2013). O período de consulta é de 45 dias e espera-se que a sociedade brasileira organizada contribua com sugestões para aperfeiçoar o documento que deverá orientar nos próximos três anos - portanto no curto prazo - um conjunto de ações que pretendem mobilizar o País para uma importante mudança de cultura.

O tema da produção e consumo sustentáveis ganha a cada dia maior relevância no cenário nacional e internacional. Iniciativas consideráveis podem ser observadas nos últimos 10 anos tanto por parte do setor público quanto do setor privado que buscam praticar uma economia mais limpa, observando critérios de conservação ambiental, e de diminuição dos Gases de Efeito Estufa (GEE). Se de um lado aumenta o arcabouço legal que multiplica os mecanismos de comando e controle por parte do Estado, que levam à conformidade ambiental cada vez mais exigente, de outro proliferam os chamados mecanismos voluntários, adotados por empresas e instituições privadas, como os relatórios de sustentabilidade sob égide do Global Report Initiative (GRI) e do Greenhouse Protocol.

Sem uma produção mais limpa (com o menor impacto ambiental e social negativo possível) e um consumo mais responsável (com a consciência do impacto gerado pelas escolhas pessoais e institucionais), é impossível progredir rumo a uma economia de baixo carbono, ou rumo à uma economia mais sustentável, como é o desejo de todos que entendem a gravidade da degradação ambiental e do aquecimento global.

Sem o esforço para alterar os atuais padrões de produção e consumo também não é realista almejar uma sociedade mais justa, pois a disputa por recursos naturais estratégicos pode levar ameaças concretas à paz, a tolerância entre etnias e povos. A mídia vem mostrando o crescimento de conflitos em torno do acesso à água, bem como ao petróleo em várias partes do mundo. No Brasil verifica-se um crescente açodamento entre desenvolvimentistas e conservacionistas, mostrando que uma agenda de convergência entre desenvolvimento e conservação dos recursos naturais é extremamente importante para prevenir uma guerra ideológica que não interessa a ninguém.

O Brasil vem tomando iniciativas robustas no campo legal, criando marcos regulatórios importantes como a Lei Nacional de Recursos Hídricos (1998), do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC - 2002), da estruturação do próprio Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), da Política Nacional de Educação Ambiental, e outras, que buscam oferecer parâmetros e amparo jurídico para novos e mais ousados passos.

Mais recentemente, o Plano Nacional do Clima (PNMC) de 2008 e a Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010 colocaram mais dois importantes pilares no conjunto de políticas públicas brasileiras que visam orientar cada vez mais a nossa economia e a nossa sociedade no caminho do desenvolvimento sustentável. Diminuir a emissão dos GEE e tratar adequadamente os resíduos gerados em todo o ciclo de manufatura de bens e serviços são, sem dúvida nenhuma, pontos de partida essenciais para se forjar uma “Green Economy”, ou uma economia orientada por uma modernização ecológica como querem alguns teóricos que analisam este importante momento da história humana - quando começamos a realizar a transição de um capitalismo intensivo em recursos naturais para um capitalismo intensivo em conhecimento e tecnologia.

O Plano ora colocado para a apreciação da sociedade brasileira, além de cumprir importante acordo que o Brasil assumiu junto às Nações Unidas - em 2007 (aderindo ao assim chamado processo de Marraquech), significa também uma decisiva sinalização por parte do governo brasileiro sobre a qualidade do crescimento que se deseja incrementar nos próximos anos. O promissor cenário de crescimento sustentado com taxas entre 5 e 7% ao ano pode vir a ser catastrófico se certas medidas não forem tomadas para lidar com os efeitos colaterais do desenvolvimento. Ninguém deseja que o padrão de engarrafamento do trânsito da cidade de São Paulo seja universalizado para o restante das cidades brasileiras. Ninguém deseja que o poder recém-adquirido pelas classes médias urbanas - especialmente a C, D e E - se torne uma avassaladora geração de resíduos que vão parar em rios, córregos e mares.

O Plano de Produção e Consumo Sustentáveis é uma agenda positiva, pois articula ações e idéias, muitas já em curso, absolutamente concretas e verificáveis, que buscam um melhoramento da sociedade. Também aponta para modelos de relacionamento entre os atores sociais, mais colaborativos e consensuais. Em estreita consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos - cuja regulamentação sairá em poucas semanas - o Plano conceitualmente trata da responsabilidade compartilhada e enfatiza a necessidade do engajamento dos consumidores e da estruturação de uma verdadeira cidadania ambiental.

O Plano apresenta um leque de seis prioridades, entre muitas que caberiam no escopo de um conjunto de ações direcionadas às mudanças de padrão tanto na produção quanto no consumo. São elas: aumento da reciclagem; educação para o consumo responsável; agenda ambiental na administração pública, compras públicas sustentáveis, construções sustentáveis, e varejo sustentável.

Ao selecionar tais prioridades buscamos privilegiar ações convergentes com os objetivos centrais do Plano, e que contem com responsabilidades e recursos definidos. Também consideramos o momento atual e a capacidade de implementação dos diversos atores envolvidos. Para as temáticas - igualmente importantes, mas ainda não maduras o suficiente para serem inseridas como prioridade - apontamos outros mecanismos, para incluí-las mais à frente.

Em essência, não é um plano governamental ou do Ministério do Meio Ambiente, uma vez que não se estrutura somente em ações governamentais. É um plano que abriga e agrega também ações importantes do setor produtivo e da sociedade civil, valorizando esforços que tem por base o bem público, o princípio da parceria e da responsabilidade compartilhada.
Como já mencionei, a recente sanção pelo Presidente da Política Nacional dos Resíduos Sólidos anima e fortalece o atual Plano. Ela fornecerá em muitos aspectos, as definições conceituais e os instrumentos legais, assim como o delineamento de incentivos pára que o Plano ganhe adesão e maior consistência.

O Plano de Produção e Consumo Sustentáveis, em muitas dimensões contribui para o debate das cidades sustentáveis ao tornar o tema da reciclagem e da disposição final do lixo um tema central, mas com soluções de curto e médio prazo.Também contribui com o incentivo ao retrofit (reformas ou modernização das edificações) e às construções com critérios ambientais.
A meta de aumentar significativamente a reciclagem resultará em duplo benefício para a sociedade: de um lado, diminuirá a quantidade de impactos ambientais - de resíduos a serem descartados - e de outro, instituirá um novo segmento econômico que tem tudo para crescer e para incluir; como é o caso dos catadores e das cooperativas que ganharão extraordinário impulso nesse ciclo. Mas esse movimento não será possível sem o engajamento do consumidor, portanto da população, e aí temos todo um campo de atuação para fazer avançar a informação qualificada sobre produtos, bens e serviços e ajudar os cidadãos a fazerem escolhas mais inteligentes nos seus hábitos e padrões de compra. Mas não estamos falando somente dos indivíduos, as instituições públicas e privadas também são consumidores, também compram bens e serviços e podem exercer um notável papel indutor no mercado, acelerando o processo de ampliação da oferta de bens e serviços mais sustentáveis.

Como Ministra de Estado, e em última instância responsável por mais esse esforço do MMA e de seus parceiros, só tenho a solicitar de todos os atores que desejem se somar a nós, nesta empreitada, que o façam usando seus melhores recursos de inteligência e generosidade.

As propostas que o Plano contempla, e que deverão ser aperfeiçoadas no processo de consulta, são um convite ao aproveitamento e à otimização de uma série de iniciativas, algumas voluntárias outras estimuladas, que já estão sendo praticadas e fazendo a diferença. É também uma convocação no sentido de engajar mais fortemente setores que estão apenas iniciando seus movimentos em prol da sustentabilidade. Finalmente, o Plano é, sobretudo, o descortinamento da possibilidade, aqui e agora, de darmos respostas positivas aos desafios que a dramaticidade do momento nos solicita e que o otimismo que as expectativas de desenvolvimento do nosso País requerem. Mãos à obra, portanto!

Serviço:
Consulta Pública do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis: www.mma.gov.br/ppcs
Endereço eletrônico institucional: ppcs@mma.gov.br

*Izabella Teixeira é Ministra do Ministério do Meio Ambiente
**ECO•21 agradece a gentileza de Samyra Crespo, Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA
Fonte: Envolverde/ECO 21

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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Oded Grajew comenta: “Cetesb começa a adotar padrão da OMS ainda este ano”

Mobilização consciente é a chave para resolver as demandas sociais, até aquelas mais complicadas. Na semana passada, comentamos que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) usa padrões defasados para medir a poluição do ar na capital paulista. Quando o ar é considerado ruim pela Cetesb, ele está na verdade três vezes pior se levasse em conta os padrões internacionais estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por isso, não é exagero afirmar que, aqui na capital, respirar é morrer aos poucos. Como não é possível deixar de respirar, a sociedade civil, por meio do Movimento Nossa São Paulo, organizou um abaixo-assinado, pedindo a mudança já nos padrões de medição da qualidade do ar.

Na quarta-feira da semana passada, representantes do Movimento entregaram o documento ao presidente da companhia, Fernando Rey. E saíram de lá com o compromisso de ainda este ano iniciar-se a adoção dos padrões da OMS (mais rígidos), de medir a qualidade do ar. Em três anos, esta nova medição deve estar totalmente instituída.

Muitas pessoas podem se perguntar por que insistimos tanto em assuntos como este. É simples: porque poluição mata. O Laboratório de Poluição Atmosférica da USP calcula que seis pessoas morram por dia, na capital paulista, em decorrência de doenças causadas pela poluição; elas vão desde problemas respiratórios até alergias, dermatites e câncer. Outras centenas de milhares tornam-se incapacitadas de trabalhar e de ter vida ativa por estes mesmos males. Portanto, a poluição traz prejuízos às pessoas e às finanças públicas. O mesmo laboratório da USP calcula em 82 milhões de reais por ano os gastos com internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na região metropolitana de São Paulo, por problemas respiratórios.

Portanto, poluição é questão de saúde pública que só se resolve se forem adotadas medidas para diminuí-la e até zerá-la. Critérios rígidos de medição ajudam a salvar vidas.

Confira abaixo os limites máximos de concentração de poluentes no ar utilizados como padrão pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e os da Cetesb (estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente-Conama):

- Concentração anual de material particulado (poeira mais fina que penetra nos pulmões): OMS - 20 microgramas por metro cúbico; Cetesb - 50 microgramas por metro cúbico;
- Ozônio: OMS - 100 microgramas por metro cúbico; Cetesb - 160;
- Poeira: OMS - 50; Cetesb - 150;
- Fumaça: OMS - 50; Cetesb - 150;
- Poeira fina: OMS - 25; Cetesb - não tem;
- Monóxido de carbono: OMS e Cetesb - 9;

Conhecendo a situação real da qualidade do ar na cidade, os paulistanos vão entender que não é mais possível conviver com tantos milhões de carros particulares nas ruas. Pois é a fumaça dos automóveis que torna o ato de respirar quase um suicídio em nossa cidade.

Precisamos aceitar o fato de que só com menos carros nas ruas – e, mesmo assim, carros menos poluentes – é que diminuiremos a poluição em São Paulo. É urgente adotar-se transporte público de boa qualidade e acessível a todos, bem como a inspeção veicular.

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