segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Oded Grajew comenta: “Cetesb começa a adotar padrão da OMS ainda este ano”

Mobilização consciente é a chave para resolver as demandas sociais, até aquelas mais complicadas. Na semana passada, comentamos que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) usa padrões defasados para medir a poluição do ar na capital paulista. Quando o ar é considerado ruim pela Cetesb, ele está na verdade três vezes pior se levasse em conta os padrões internacionais estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por isso, não é exagero afirmar que, aqui na capital, respirar é morrer aos poucos. Como não é possível deixar de respirar, a sociedade civil, por meio do Movimento Nossa São Paulo, organizou um abaixo-assinado, pedindo a mudança já nos padrões de medição da qualidade do ar.

Na quarta-feira da semana passada, representantes do Movimento entregaram o documento ao presidente da companhia, Fernando Rey. E saíram de lá com o compromisso de ainda este ano iniciar-se a adoção dos padrões da OMS (mais rígidos), de medir a qualidade do ar. Em três anos, esta nova medição deve estar totalmente instituída.

Muitas pessoas podem se perguntar por que insistimos tanto em assuntos como este. É simples: porque poluição mata. O Laboratório de Poluição Atmosférica da USP calcula que seis pessoas morram por dia, na capital paulista, em decorrência de doenças causadas pela poluição; elas vão desde problemas respiratórios até alergias, dermatites e câncer. Outras centenas de milhares tornam-se incapacitadas de trabalhar e de ter vida ativa por estes mesmos males. Portanto, a poluição traz prejuízos às pessoas e às finanças públicas. O mesmo laboratório da USP calcula em 82 milhões de reais por ano os gastos com internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na região metropolitana de São Paulo, por problemas respiratórios.

Portanto, poluição é questão de saúde pública que só se resolve se forem adotadas medidas para diminuí-la e até zerá-la. Critérios rígidos de medição ajudam a salvar vidas.

Confira abaixo os limites máximos de concentração de poluentes no ar utilizados como padrão pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e os da Cetesb (estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente-Conama):

- Concentração anual de material particulado (poeira mais fina que penetra nos pulmões): OMS - 20 microgramas por metro cúbico; Cetesb - 50 microgramas por metro cúbico;
- Ozônio: OMS - 100 microgramas por metro cúbico; Cetesb - 160;
- Poeira: OMS - 50; Cetesb - 150;
- Fumaça: OMS - 50; Cetesb - 150;
- Poeira fina: OMS - 25; Cetesb - não tem;
- Monóxido de carbono: OMS e Cetesb - 9;

Conhecendo a situação real da qualidade do ar na cidade, os paulistanos vão entender que não é mais possível conviver com tantos milhões de carros particulares nas ruas. Pois é a fumaça dos automóveis que torna o ato de respirar quase um suicídio em nossa cidade.

Precisamos aceitar o fato de que só com menos carros nas ruas – e, mesmo assim, carros menos poluentes – é que diminuiremos a poluição em São Paulo. É urgente adotar-se transporte público de boa qualidade e acessível a todos, bem como a inspeção veicular.

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