sexta-feira, 30 de julho de 2010

“RSE nas múltis é adotar padrão único elevado em todos os países”

 2000, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aprovou critérios para o combate a suborno a funcionários públicos por parte de empresas transnacionais, tornando crime no país de origem da empresa a corrupção praticada em qualquer outro país onde a companhia mantivesse subsidiárias. Até então, a propina era considerada prática legítima, considerada fundamental para garantir a operação da empresa em locais ainda “pouco civilizados”. A história de como estas diretrizes foram adotadas nos dão uma boa idéia de como a questão da ética era tratada na época.

Na Conferência Latino-Americana de Responsabilidade Corporativa na Promoção da Integridade e no Combate a Corrupção, realizada em São Paulo entre 21 e 23 de julho, a diretora para Assuntos Financeiros e Corporativos da OCDE, Carolyn Ervin, relatou por que, finalmente, a entidade resolveu instituir as diretrizes citadas: a corrupção, até então considerada problema de “país pobre”, tornou-se também avassaladora na Europa, promovida pelas mesmas empresas que, até então, registravam nos seus balanços, como despesas ou verbas de representação, as propinas pagas por suas subsidiárias aos agentes públicos e privados das nações menos desenvolvidas.

A corrupção, no entanto, é um dos lados da submissão da economia ao mercado. Existem outras conseqüências nefastas para a sociedade que estão dentro da lei, dependendo do país onde a empresa atue.

No Brasil, há exemplos emblemáticos de descaso com a ética para engordar balanços e dividendos. Dois destes casos já foram comentados aqui na CBN.

Um deles é o da comercialização de agrotóxicos que já estão proibidos na maioria dos países industrializados, mas que continuam a ser vendidos aqui normalmente. Há estudos científicos comprovando que tais substâncias fazem mal à saúde humana e ao meio ambiente. Por que estas empresas continuam a fabricá-los e a vendê-los? Por que a burocracia e o poder do “lobby” ainda evitam a proibição? A conduta corporativa para Europa não deveria ser a mesma para o Brasil? A ética pode ser flexível?

Outro exemplo de diferença de atuação é na indústria farmacêutica, com o remédio fracionado. Um levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revela que, em 2005, 20% da produção farmacêutica foi para o lixo, por descarte de remédios comprados a mais pelos consumidores. Isso significou uma despesa de 4 bilhões de reais para os bolsos do brasileiros, ou, vendo por outro ângulo, de uma receita de 4 bilhões de reais para a indústria, os distribuidores e as farmácias. O fracionamento já é prática comum em vários países e funciona porque fabricantes, distribuidores e farmácias atuam em conjunto em prol deste sucesso. Desde 2006, já existe autorização do Governo Federal para se fracionar medicamentos no Brasil. No entanto, nenhum fabricante está fazendo isso. Há um projeto de lei tramitando desde esta época, o PL 7029/06, que torna o fracionamento obrigatório. Ele já foi aprovado por todas as comissões do Congresso. Só falta ser votado. Não seria interessante aos negócios da indústria farmacêutico participar do esforço da sociedade para que a votação seja feita o mais breve possível? E precisávamos esperar a legislação para ter direito ao remédio fracionado?

O setor empresarial é pivô não apenas na luta contra a corrupção, mas na disseminação de práticas que levem à construção de um modelo de desenvolvimento sustentável. Se as empresas adotassem o padrão mais alto de atuação, teríamos uma competição em bases reais, com benefícios para todos.


Divulgado na Rádio CBN no dia 30 de julhode 2010.

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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Portal dos candidatos Ficha Limpa é lançado em São Paulo

Espaço virtual permitirá o acesso dos internautas às informações de campanha dos candidatos, inclusive as doações, doadores e gastos realizados.

Uma grande mobilização popular impulsionou o Congresso Federal a aprovar, em 4 de junho de 2010, a Lei Complementar nº. 135, mais conhecida como Lei da Ficha Limpa, sobre a vida pregressa dos candidatos. Também por pressão da opinião pública, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela vigência dessa legislação já a partir do pleito de 2010. No entanto, a sociedade quer mais. Quer acompanhar a campanha de cada candidato, examinar as informações cadastradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comentar aspectos de cada campanha. Enfim, exercer controle social, ampliar sua participação no processo eleitoral e valorizar seu voto. Por isso, a Articulação Brasileira Contra a Corrupção e a Impunidade (Abracci), o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e o Instituto Ethos lançaram nesta quarta-feira (28/7), em São Paulo, e na quinta-feira (29/7), em Brasília, o site Ficha Limpa.

O site apresenta um cadastro voluntário e positivo de candidatos que atendem à Lei da Ficha Limpa e se comprometem com a transparência de sua campanha eleitoral. Isso significa que, além de estarem se posicionando de acordo com a lei, esses candidatos se dispõem a ir além da lei, assumindo um compromisso a mais, o de proceder à prestação de contas de sua campanha eleitoral, informando semanalmente a origem e o montante dos recursos obtidos, bem como os gastos realizados.

Pela legislação eleitoral, o candidato só precisa prestar contas aos tribunais eleitorais trinta dias após o término do pleito. O site Ficha Limpa vai além da lei ao demandar que essas informações financeiras sejam atualizadas semanalmente.

As informações dos candidatos cadastrados no site Ficha Limpa estarão disponíveis para acesso de qualquer internauta, por um sistema de busca que pode combinar filtros como nome, número no TRE, idade, gênero, cor ou etnia, cargo a que concorre, Estado e partido.

O site também permitirá ao internauta questionar o teor das informações dos candidatos ali registrados, mediante a apresentação de documentos comprobatórios. As possíveis denúncias serão recebidas pelo administrador do site e encaminhadas aos órgãos competentes. Para questionamentos em geral ou referentes a candidatos não cadastrados no site, haverá a área de links úteis, com acesso direto a outros canais públicos de denúncia.

“Sem um controle social democrático, a Lei Ficha Limpa pode acabar no esquecimento, como tantas outras boas legislações no Brasil”, avalia o presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew. “Por isso, é importante que o eleitor cobre de seu candidato o registro no site Ficha Limpa, acompanhe as informações e mobilize outras pessoas a fazer o mesmo em relação aos demais candidatos”, salienta ele, que pergunta: “Qual dos inúmeros escândalos do país não tem sua origem no financiamento político de campanha?”

Vale lembrar que as punições previstas na Lei da Ficha Limpa vão de multa (entre R$ 1.000 e R$ 50 mil) até a cassação do próprio mandato, se o candidato for eleito, caso a Justiça considere que houve informações incorretas a respeito de sua vida pregressa, da origem de seus recursos e dos seus gastos de campanha.

O site Ficha Limpa entra no ar a partir de quinta-feira (29/7), pelo link http://www.fichalimpa.org.br/ ou pelo link http://www.fichalimpaja.org.br/.

Por Cristina Spera (Instituto Ethos)

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terça-feira, 27 de julho de 2010

Instituto Ethos convida para lançamento do site Ficha Limpa nas Eleições

Site Ficha Limpa será lançado dia 28/07, quarta-feira, no Instituto Ethos, em SP

No próximo dia 28 de julho, quarta-feira, às 10h, o Instituto Ethos vai lançar em nível nacional uma importante iniciativa da sociedade civil para tornar o processo eleitoral mais ético e transparente, bem como para ampliar o controle social das eleições. Trata-se do site Ficha Limpa, que vai permitir ao eleitor acessar as informações cadastrais e financeiras dos candidatos.

Para saber mais, venha até o Instituto Ethos, no dia 28, às 10 horas.

Vamos servir café da manhã aos presentes.

Abraços e até lá!
Serviço
Coletiva de lançamento do site Ficha Limpa
(Com café da manhã)
Dia 28 de julho de 2010
Das 10 às 11h30
Rua Dr. Fernandes Coelho 85 10º. Andar - Pinheiros
Favor confirmar sua presença com:
Cristina Spera – cspera@ethos.org.br
11 8895-5740 / 3897-2444

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UniEthos abre inscrições para cursos em São Paulo

Fundado pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, o UniEthos é uma organização voltada ao desenvolvimento da sustentabilidade e da gestão socialmente responsável na estratégia e nas práticas de negócio das empresas, e no próximo mês oferece dois cursos voltados a profissionais interessados em melhorar a forma de gestão de suas empresas.

Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial
05 e 06 de agosto de 2010 – São Paulo (16 horas)
O curso Indicadores Ethos de RSE – Diagnóstico e Planejamento para a Gestão Socialmente Responsável tem por objetivo capacitar os gestores para que realizem a auto-avaliação das práticas de sustentabilidade e responsabilidade social das empresas (RSE). Ele apresenta um panorama da RSE e do desenvolvimento sustentável no Brasil e no mundo, demonstra a importância do engajamento das partes interessadas e as ferramentas de gestão que auxiliam na incorporação sustentabilidade na gestão das empresas. Para a realização do diagnóstico e planejamento da gestão socialmente responsável, o curso foca no conhecimento dos Indicadores Ethos de RSE.

Relatório de Sustentabilidade GRI
26 e 27 de agosto de 2010 – São Paulo (16 horas)

O relatório de sustentabilidade é a principal ferramenta de comunicação do desempenho social, ambiental e econômico das organizações e o modelo de relatório da Global Reporting Initiative (GRI) é atualmente o mais completo e mundialmente difundido.

A GRI foi criada com o objetivo de elevar as práticas de relatórios de sustentabilidade a um nível de qualidade equivalente ao dos relatórios financeiros. O conjunto de diretrizes e indicadores da GRI proporciona a comparabilidade, credibilidade, periodicidade e legitimidade da informação na comunicação do desempenho social, ambiental e econômico das organizações.

O Curso Relatório de Sustentabilidade GRI objetiva a capacitação dos participantes no processo de elaboração do relatório de sustentabilidade, que inclui o preparo, engajamento das partes interessadas, definição do conteúdo, monitoramento e relato, proporcionando a reflexão, mensuração e relato do desempenho social, ambiental e econômico de suas organizações.

Inscreva-se já em http://www.uniethos.org.br/, as vagas são limitadas.

Conheça também no site o programa do curso Gestão Estratégica para a Sustentabilidade que já esta em sua 4ª edição e é voltado para empresas na busca por uma nova cultura que inclua a ética no centro das relações e a incorporação das práticas de sustentabilidade na gestão dos negócios, e para isso buscam capacitação para seus líderes. O Uniethos já esta formando a turma para 2011, garanta a vaga de sua empresa na próxima turma.

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

“A sustentabilidade e os executivos ao redor do mundo”

A Accenture apresentou, na última reunião do Pacto Global, realizada em Nova York no final de junho, uma pesquisa que ela fez com 766 presidentes de empresas em 100 países, representando 25 setores da economia. Foram entrevistados presidentes de companhias como o Santander, Nestlé, Natura, Diageo, UBS, Renault Nissan, Novartis, Phillips, Ericsson e Alcoa, entre outras. O estudo se chama “Uma nova era para a sustentabilidade: Estudo 2010 do Pacto Global e da Accenture”.

A maior parte dos entrevistados veio de empresas na Europa – 456. Outros vieram das três Américas, 113 da Ásia e 58 da África e Oriente Médio. Entre os setores, 18% representavam empresas de serviços, 14% de bens de consumo, 8% Transporte e Infraestrutura, 7% Energia, 5% Bancos e, em seguida, outros segmentos como metal mecânico, eletrônico, saúde e automotivo.

Embora não seja uma pesquisa científica, foi o maior estudo sobre sustentabilidade entre CEOS já feito por uma consultoria, pela abrangência de países e setores, bem como pelo número de presidentes que participaram.

As estatísticas revelam que o mundo dos negócios já se mexe em direção a uma nova economia, mas trata-se de marcha desigual. Na média, 93% dos CEOS afirmam que a sustentabilidade será importante / muito importante para os negócios, mas regionalmente, esta porcentagem atinge 98% na Ásia, 97% na América Latina e na África, 93% na Europa, 90% na América do Norte e 79% no Oriente Médio e norte da África.

A variação por setor da economia é ainda maior: os segmentos Automotivo (com 100%), Bens de Consumo (com 98%) e Bancos (com 97%) as estatísticas dos que consideram que a sustentabilidade será um fator crítico para o sucesso dos negócios. Já Mídia e Entretenimento (com 84%) e Comunicação (com 81%) estão no fim da lista. 70% dos CEOS informaram que estão incorporando mais práticas ambientais, sociais e de boa governança na estratégia das empresas do que há cinco anos.

Concessionárias de serviços públicos lideram o ranking dos setores que declararam mais ter incorporado práticas responsáveis às estratégias de negócios, seguidas por Energia (em alguns países, o setor não depende de concessão pública para funcionar) com 81%, e Bancos, com 74%. Por outro lado, Metalurgia e Mineração e Comunicação estão nos últimos lugares, com 64% e 63%, respectivamente, de respostas que dão conta de avanços nas práticas de RSE, nos últimos cinco anos.

O principal motivo para a adoção imediata da gestão responsável, segundo os CEOS, é a necessidade de restabelecer a confiança no sistema. Aliás, a batalha em prol da confiança no sistema é apontada por 72% dos CEOS como fundamental para a transição para uma nova era de sustentabilidade. Eles também consideram fatores de motivação a potencial redução de custos e incremento de lucro que a sustentabilidade pode trazer. 88% acreditam que precisam integrar a sustentabilidade na cadeia de valor.

Para 72% dos presidentes, a educação é o fator global mais crítico para a sustentabilidade. Segundo os entrevistados, de qualquer ângulo que se avalie o tema, seja econômico, seja puramente financeiro, social ou ambiental, a educação é fundamental para o surgimento de uma nova geração de gestores capazes de administrar o desenvolvimento sustentável.

Outro aspecto interessante da pesquisa é que 58% dos CEOS crêem que consumidores funcionários das próprias empresas e governo, nesta ordem, serão mais fundamentais, nos próximos cinco anos, para a mudança dos negócios em direção ao desenvolvimento sustentável.

E mais: 80% dos presidentes entrevistados acreditam que a sustentabilidade estará mesmo “entranhada” em todos os processos e procedimentos da empresa em 10 ou, no máximo, 15 anos. Mas, para isso, é preciso superar alguns desafios considerados “muito grandes”, tais como:
- institucionalização da estratégia de sustentabilidade por todas as atividades da empresa;
- perda de reconhecimento por parte dos mercados financeiros
- competição com outras estratégias prioritárias da empresa

Entre as ações necessárias para preparar o negócio para uma nova era (de sustentabilidade), os CEOs apontam:
- Consumidores: ampliar as informações para os consumidores;
- Educação: produzir e divulgar novos conhecimentos nas escolas e universidades
- Investidores: adotar atitude mais proativa em relação aos investidores, para garantir e reafirmar que o valor de ações de sustentabilidade pode ser medido e dá retorno.
- Desempenho: medir os impactos positivos e negativos da atividade na sociedade e no meio ambiente, articulando com estes setores o real valor do negócio.
- Regulação: atitude mais proativa, influenciando governos a respeito das leis e regras a serem adotadas

A Natura foi a única empresa, entre as 766 entrevistadas, que declarou que vem se esforçando por adotar medidas que levem ao desenvolvimento sustentável há mais de cinco anos.

Ainda que lentamente, as empresas estão mudando seus negócios e apontando decididamente para a trilha do desenvolvimento sustentável. Por mais que ainda falte construir, um novo mundo já começa a se delinear. Temos que abraçá-lo sem medo.


Divulgado na Rádio CBN no dia 26 de julho de 2010.

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