sexta-feira, 25 de março de 2011

ONU lança portal de referência sobre desenvolvimento social

O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo da Organização das Nações Unidas (ONU) lançou nesta terça-feira, 22 de março, um site que disponibiliza estudos e avaliações de programas sociais de mais de 70 países em desenvolvimento. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o objetivo da ferramenta é promover a discussão e o aprendizado sobre iniciativas bem-sucedidas de inclusão social no mundo.



Entre os recursos disponíveis na página há uma biblioteca virtual com mais de 130 pesquisas em português sobre políticas e programas de proteção social e transferência de renda; estratégias de desenvolvimento rural e sustentável; inovações para a geração de emprego; políticas macroeconômicas para a redução da desigualdade; estratégias de provisão de água, saneamento e eletricidade para todos.

O site também traz mais de 280 pesquisas em inglês e espanhol sobre tópicos relacionados a estratégias para o crescimento inclusivo, como o impacto da situação econômica mundial para o bem-estar humano e o impacto de políticas macroeconômicas para a epidemia de HIV/Aids.

 

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quarta-feira, 23 de março de 2011

Brasil: o longo caminho até uma sociedade mais igualitária

Mesmo com a redução importante e consistente da desigualdade de renda no país, as oportunidades ainda são restritas para quem nasce pobre no Brasil. Pesquisa recente mostra que a ascensão social para quem vem “de baixo” ainda é uma corrida de obstáculos.

Uma reportagem publicada no Valor da última sexta-feira ajuda a lançar luzes sobre a questão.

A matéria comenta o estudo lançado pelo pesquisador Carlos Costa Ribeiro, denominado “A dimensão social das desigualdades”. Ribeiro é coordenador no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

O estudo mostra que houve ganho de mobilidade social no Brasil entre 1973 e 2008. Em 73, o índice de mobilidade total dos brasileiros (destino diferente de sua classe de origem) era de 51,8%. Em 2008, era de 67,8%. Registrou-se também uma diminuição de 17,9% no peso da origem em relação ao destino, no mesmo período. Quer dizer: em 1973, os filhos de profissionais mais qualificados tinham 15 vezes mais chances de se tornar profissionais mais qualificados. Em 2008, essa proporção diminuiu para 9,6 vezes. Todavia, o pesquisador nota que o impacto da origem de classe sobre o destino profissional não se alterou profundamente. Em 73, um profissional qualificado vindo de uma família de profissionais qualificados tinha 3,3 vezes mais chances de ocupar boa posição no mercado de trabalho do que o filho de um trabalhador manual. Esta diferença foi sendo reduzida até 1988 e chegou a 2,71 vezes, mantendo-se estável desde então. Ou seja, alguém de origem mais pobre vai precisar lutar o dobro para conseguir a mesma posição de alguém que já veio de uma família mais bem colocada na sociedade.

A desigualdade econômica e social produziu outro tipo de desigualdade: a de oportunidades, que não muda “espontaneamente”, quando a renda dos mais pobres cresce mais que a dos mais ricos. Comparando entre o que foi herdado e o que foi adquirido entre gerações de famílias de várias origens sociais, o estudo de Ribeiro concluiu que, embora a educação seja muito importante, outros fatores também possuem um peso relativamente grande na ascensão social, tais como: escolaridade da mãe, número de irmãos de capital cultural. Todos bens intangíveis que não podem ser medidos em renda. O capital socioeconômico da família também tem peso decisivo. Uma família com imóvel próprio tem mais chances de não se desestruturar numa situação de desemprego do que outra que paga aluguel. No que tange ao capital social, como nem todos possuem boas redes de relacionamento, o emprego público funciona como um mecanismo de ascensão. Por isso, o Estado brasileiro é muito cobiçado como empregador.

Para ser mesmo um país democrático, o Brasil precisa dar oportunidades iguais a todos. E o acesso a estas oportunidades precisa ser discutido profundamente em nossa sociedade. Não é algo simples, porque implica disponibilidade de aceitar e conviver com o diferente em pé de igualdade. Num país em que a riqueza da família e a qualidade da escola na etapa de vida anterior são fundamentais e pétreas no destino dos cidadãos, podemos almejar uma mudança?

Sim, mas não sem esforço dos governos, das empresas e da própria sociedade.

O primeiro fator é garantir educação pública de qualidade e acesso à cultura para todos. Outro fator é estabelecer políticas públicas que beneficiem quem trabalha. Um exemplo: São Paulo tem 214 mil ciclistas, 70% deles usam a bicicleta para trabalhar. No entanto, as ciclovias e outros equipamentos focam os 30% que a utilizam para lazer.

Se invertermos a lógica para beneficiar a maioria que precisa da bicicleta para trabalhar, teremos todos os ciclistas convivendo no mesmo espaço.

Sobre a diminuição das desigualdades

Analisando a série histórica da Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios (PNAD), o pesquisador Marcelo Nery, da Fundação Getúlio Vargas, verificou que, entre 2001 e 2008, os 10% mais pobres, no Brasil, obtiveram ganhos de 72% de renda no período, enquanto os 10% mais ricos acumularam ganhos de 11,4%. Ou seja, do ponto de vista do avanço econômico, os mais ricos estão vivendo num país relativamente estagnado e os mais pobres experimentam um ritmo de crescimento muito acelerado. Em termos regionais, São Paulo e Rio também cresceram menos que o Nordeste.

Dois terços da redução da desigualdade vieram da renda do trabalho, por meio da criação de pouco mais de nove milhões de postos de empregos formais entre 2003 e 2009; outros dois componentes importantes para a redução da desigualdade verificada foram a renda da previdência, em função, principalmente, do reajuste do salário mínimo, e a dos programas sociais, como o Bolsa-Família. Entre 2003 e 2008, a pobreza no país caiu 43%. Por isso, os economistas vêm chamando este período de “pequena grande década”. O otimismo permeia qualquer análise econômica sobre o Brasil, no que tange à redução da desigualdade, porque a renda do trabalho continua crescendo.

Estes mesmo estudos, no entanto, apontam para um possível gargalo: a educação. Sem ela, a renda pode diminuir nos próximos anos.

A escolarização no país tem aumentado porque um dos critérios para as famílias receberem a renda dos programas sociais é manter as crianças na escola. Só que o benefício é pago até os 12 anos; a partir daí, coincidentemente, os índices de evasão escolar começam a aumentar. 20% dos jovens entre 16 e 17 anos não freqüentam a escola, 41% deles porque não se interessam pelos estudos. Mesmo sabendo que podem sair de uma renda de 700 reais para 1700 reais/mês pelo simples fato de terem terminado o 2º. Grau, estes jovens não vêem “vantagem” em seguir nos bancos escolares, porque não sentem que seus sonhos serão alcançados por meio do diploma.

De fato, não estão de todo errados. Superar as nossas desigualdades vai exigir muito mais esforço e criatividade do que até agora empregamos. Mas, se estamos realmente mudando as coisas neste país e queremos construir uma sociedade sustentável, não podemos fugir deste desafio.

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terça-feira, 22 de março de 2011

Países preparam atividades para o Dia Mundial da Água

Por Karol Assunção, da Adital

O Dia Mundial da Água, celebrado hoje (22), será marcado por atividades em vários países latino-americanos. Neste ano, com o tema "Água para as cidades: respondendo o desafio urbano”, as ações têm o objetivo de chamar atenção de governos e cidadãos para a gestão urbana da água.

No Brasil, desde o início de março ocorrem atividades em referência à data. Caminhadas, mobilizações, discussões e fóruns são apenas algumas ações que acontecem desde o dia 11 deste mês em municípios de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás.


Os interessados em discutir sobre o saneamento básico de São Paulo e a despoluição do rio Tietê poderão participar de uma conferência ao vivo com a presidenta da Sabesp (companhia de águas e esgotos do estado de São Paulo), Dilma Penna. A conversa será transmitida a partir das 14h na Conexão Mata Atlântica (http://www.conexaososma.org.br), rede social da SOS Mata Atlântica.

Em Caucaia, no Ceará (Brasil), cerca de 150 alunos do 4° ao 9° ano da Escola Diferenciada Tapeba do Trilho terão a oportunidade de debater sobre a importância da preservação da água e dos ambientes aquáticos. Na ocasião, os estudantes participarão de uma oficina de Monitoramento Participativo da Qualidade das Águas. A ação de amanhã será realizada pela Associação para o Desenvolvimento Local Co-produzido (Adelco), através do "Projeto Tribo das Águas – cuidando da água e dos ambientes aquáticos Tapeba”.

No Equador, as atividades também já começaram. As Frentes de Mulheres "Defensoras da Pachamama” e "Guardiãs da Amazônia”, integrantes da Coordenadora Nacional pela Defesa da Vida e da Soberania (CNDVS) e da União Latino-Americana de Mulheres (Ulam), realizam, a partir de hoje (21), o IV Encontro de Mulheres e o I Encontro de Guardiãs da Amazônia.

Os encontros, que também têm a participação do povo Kichwa de Tzawata-Sumak Allpa-Chucapi e da organização juvenil Comuna Amazônica, seguem até quinta-feira (24) em dois locais distintos: hoje e amanhã, as atividades serão em Tzawata, província de Napo; já nos dois dias seguintes, as ações ocorrerão na cidade de Cuenca, província de Azuay.

Já a capital equatoriana celebrará o Dia Mundial da Água com a inauguração do "Planeta Água”, novo espaço público do Yaku Parque Museu da Água, e com o lançamento da Cúpula Internacional sobre Mudança Climática, marcada para acontecer no mês de junho. Às 15h (horário local), grupos de jovens farão apresentações culturais na praça do Teatro Sucre, em Quito.

No Peru, integrantes do Movimento "Peruanos Sem Água” se reunirão com candidatos à presidência da república para discutir sobre a questão do serviço público de água potável e esgoto. De acordo com o Movimento, mais de 10 milhões de peruanos e peruanas não têm acesso a tal serviço. O encontro com os candidatos acontecerá amanhã, às 18h, na Universidade Nacional de Engenharia.

O Dia Mundial da Água também será lembrado em países da América Central. Em Honduras, por exemplo, a data será celebrada com a apresentação teatral "Río Abajo”, às 8h30 no Congresso Nacional.

Dia Mundial da Água

O Dia da Água foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, por ocasião da Declaração Universal dos Direitos da Água. Desde então, todos os anos, o dia 22 de março é uma data para chamar atenção das pessoas para a importância da água e a preservação dos recursos hídricos no planeta.


Fonte: Envolverde/Adital

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