sexta-feira, 26 de março de 2010

O papel das empresas na construção de cidades sustentáveis

As empresas comprometidas com o movimento da responsabilidade social têm feito grandes avanços de gestão no sentido de tornarem-se parceiras da sociedade para a construção do desenvolvimento sustentável. No entanto, muitas vezes, a sociedade não consegue perceber as mudanças, porque elas ocorrem nas cadeias de valor ou no planejamento estratégico, algo muito distante do cidadão comum.

A maneira mais direta de mostrar os resultados da gestão sustentável para a cidadania é contribuindo, junto com outros setores da sociedade, para melhorar a qualidade de vida das cidades. Foi com este objetivo que surgiu o Movimento Nossa São Paulo, cujo exemplo logo se espalhou por outras trinta cidades brasileiras. Hoje, temos o Movimento Rio Como Vamos, Belém Sustentável, Nossa Campinas, Nossa Campo Grande, Nossa Ilha Mais Bela, Nossa Salvador, Nossa Santos Sempre Ética e Transparência Capixaba, entre outros.

Estes movimentos formaram a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, que estão reunidos entre 27 e 28 de março, em Teresópolis para trocar experiências e discutir como estabelecer um modelo de desenvolvimento justo e sustentável para as cidades, por meio da democracia participativa.

O Movimento Nossa São Paulo vem dando exemplo, pois foi o primeiro a estabelecer indicadores e, junto com a prefeitura, metas e planos plurianuais.

Também foi o primeiro a mobilizar-se e fazer a Câmara Municipal aprovar uma mudança fundamental na Lei Orgânica do Município: desde 2008, os prefeitos são obrigados a divulgar um plano detalhado de governo em até 90 dias após tomar posse e prestar contas à população a cada seis meses. Outra conquista importante do Nossa São Paulo foram os indicadores Ir Bem – Indicadores de Referência de Bem Estar no Município, que servem para orientar ações de empresas, organizações, governos e toda a sociedade, considerando como foco principal o bem-estar das pessoas.

A partir das carências apontadas no Ir Bem – Indicadores de Referência de Bem Estar no Município, em educação, saúde pública, segurança, o Instituto Ethos e o Movimento Nossa SP estão organizando o Fórum Empresarial de Apoio a Cidade de São Paulo. A idéia é que as empresas, um dos setores mais organizados e poderosos da sociedade, empreendam ações e parcerias (entre si ou com outras organizações e entidades públicas e privadas) visando o desenvolvimento sustentável da capital paulista.

Podem fazer parte do Fórum empresas que de qualquer porte ou atividade que atuem na cidade. As interessadas podem enviar um email para contato@foruempresarialsp.org.br . Também podem responder um questionário sobre projetos e ações que já desenvolvem e que trouxeram melhoria para a sociedade. O questionário pode ser baixado a partir do site

http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/forumempresarialsp

E, para conhecer o programa de metas da cidade de São Paulo, monitorar e cobrar que elas sejam cumpridas, acesse:

http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/agenda2012/

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quarta-feira, 24 de março de 2010

No limite da água

Segunda-feira foi o Dia Mundial da Água e vimos muitas entrevistas e comentários a respeito, principalmente, da escassez que a humanidade vai enfrentar deste recurso fundamental para a vida no planeta, especialmente a vida humana.

A água é um bem finito que está sendo desperdiçado, como ocorre com outros recursos naturais.

Apenas 2,5% da água do nosso planeta é doce e a maior parte está em geleiras.
Menos de 1% de toda a água que existe é própria para consumo do homem e está nos rios, lagos e lençóis subterrâneos (difícil acesso).

Segundo o RDH - Relatório de Desenvolvimento Humano (PNUD – ONU) de novembro de 2006:

- cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água tratada no mundo;
- por volta de 2,6 bilhões não têm instalações básicas de saneamento (maioria dessa população vivendo na África e na Ásia);
- metade dos leitos hospitalares é ocupado por doenças causadas pelo uso de água imprópria;
- a diarréia tira a vida de 4.900 crianças menores de 5 anos por dia.

Enquanto um habitante de Moçambique usa, em média, menos de 10 litros de água por dia, um europeu consome entre 200 e 300, e um norte-americano, 575 (50 litros só nas descargas). Cada pessoa deveria ter disponíveis ao menos 20 litros de água para consumo, por dia.

Se continuarmos a desperdiçar, vai faltar água potável. E engana-se quem acha que o problema está bem longe. A cidade de São Paulo está no limite do consumo de recursos hídricos. Você sabe de onde vem a água que você bebe, usa para cozinhar ou para fazer sua higiene pessoal?

A região metropolitana é abastecida por oito sistemas que captam água em diferentes mananciais, alguns deles a 100 km da capital. 48% do abastecimento é “importado” de rios e lagos de outras cidades e até outros estados. O problema é que esta água já chega com níveis de poluição muita alta aos reservatórios. Assim, além de ir longe, é preciso também ir fundo, embaixo da terra, para encontrar água potável.

A Sabesp informa que há 3,8 milhões de ligações ativas de água. A CETESB informa que 80% dos municípios que compõem a região metropolitana de São Paulo já são abastecidos por águas subterrâneas (poços), atendendo uma população de mais de 5 milhões de pessoas. Só 30% dos poços são legais. E, até nestes lençóis subterrâneos, a água já está contaminada por esgoto, óleo, gasolina, metais e um sem número de substâncias que o sistema convencional de tratamento não consegue detectar, genericamente denominadas poluentes orgânicos persistentes – substâncias químicas que persistem no meio ambiente, acumulando-se nos microorganismos nas plantas, nos animais e no próprio ser humano.

A ocupação irregular das margens das represas e dos rios, o descarte de lixo em locais inadequados, os esgotos clandestinos, os postos de gasolina, o armazenamento e o manuseio incorretos de substâncias tóxicas são algumas das principais fontes de contaminação das águas que abastecem São Paulo.

Outros problemas para discutirmos e você comentar:

- as redes públicas de abastecimento perdem 30% da água retirada dos mananciais, ou 1 bilhão de litros de água por dia, com vazamentos, medição errada e fraudes.

- o consumo diário de São Paulo é de 2,4 bilhões de litros, ou 221 litros / dia por habitante.

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terça-feira, 23 de março de 2010

Programa Nacional de Mudança do Clima. A pressão precisa continuar.

O Programa Nacional de Mudança do Clima, estabelecido pela Lei 12187 é um avanço que pode não sair do papel. Tudo depende da mobilização da sociedade.

É bom lembrar que este plano fixa a redução de carbono entre 36,1% e 38, 9% até 2020 e define os setores que necessitam de plano específico de mitigação:

- Geração e distribuição de energia elétrica
- Transporte público urbano
- sistemas modais de transporte interestadual de cargas e passageiros,
- indústria de transformação e na de bens de consumo duráveis,
- indústrias químicas fina e de base, na indústria de papel e celulose,
- mineração, na indústria da construção civil,
- serviços de saúde e
- agropecuária

Conforme está expresso no artigo 12, Parágrafo Único, a projeção das emissões para 2020 e o detalhamento das ações necessárias para atingir a meta dependem de um decreto que terá por base o resultado do segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal (obs: a Convenção de Montreal controla os gases que destroem a camada de ozônio).

O segundo inventário brasileiro de emissões será apresentado à Convenção de Mudança do Clima da ONU em 31 de março de 2011. A responsabilidade pela elaboração deste relatório é do ministério da Ciência e Tecnologia. A obtenção de informações para o relatório está a cargo de uma equipe de 700 especialistas e 150 entidades governamentais e não-governamentais, como ministérios, institutos, universidades, centros de pesquisa e entidades setoriais da indústria.

A meta estabelecida para 2020 está baseada no primeiro inventário nacional de emissões que foi divulgado em 2000 e abrangeu o período de 1990-1994. O segundo relatório terá 2000 como o ano-base e vai atualizar as informações do período 1990-1994. Como diretriz técnica básica para elaboração deste segundo inventário, serão utilizados os relatórios do I PCC.

O relatório vai incluir as emissões de carbono, metano, óxido nitroso, HFC, PFC e o hexafluoreto de enxofre. Os setores analisados pelo inventário são basicamente os mesmos listados na lei 12187 para regulamentação. Algumas atividades destes setores merecerão verificação mais detalhada quanto às emissões, tais como: queima de combustíveis, produção de cimento e cal, manejo de dejetos animais, queima de resíduos agrícolas, emissões originadas pela aplicação de fertilizantes nitrogenados, deposição de resíduos sólidos e tratamento de esgoto, entre outras.

Já existe um sumário destas emissões até 2005. Ele mostra que tanto em 1990 quanto em 2005, o desmatamento responde pela maior parte das emissões de carbono do país, seguido pela atividade agropecuária, energia, processos industriais e tratamento de resíduos.

Então, precisamos começar a batalha da regulamentação.

A lei é complexa, envolve muitos setores e interesses. As negociações para estabelecer as ações e a real participação de cada setor acima listado no compromisso da meta geral de redução de carbono vão ultrapassar este governo.

Por isso, os movimentos sociais, que conseguiram fazer os governos (não apenas o federal, mas vários estaduais e municipais) a adotarem metas de redução de carbono, não podem parar agora. A pressão precisa continuar para a divulgação do inventário e a aprovação do decreto. O Brasil que queremos precisa de uma economia verde, inclusiva e responsável. A Lei 12187 – Programa Nacional de Mudança do Clima – é o motor desta mudança.

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