sexta-feira, 30 de abril de 2010

Matriz de indicadores de sustentabilidade para o setor financeiro

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (GVces) vão realizar na próxima quinta-feira, dia 6 de maio, um evento em São Paulo para apresentar a versão preliminar da matriz de indicadores de sustentabilidade para instituições financeira. Estarão presentes representantes do Banco Central, do Ministério do Meio Ambiente, de organizações não governamentais e de diversos bancos. Na ocasião, os participantes vão poder dar sugestões e contribuir para a versão final desta ferramenta.

O objetivo é construir e implementar uma agenda comum de sustentabilidade na indústria financeira, alinhada aos princípios e diretrizes do Protocolo Verde.

Este “Protocolo Verde” é uma carta de compromissos socioambientais assinada originalmente pelos bancos públicos em 2008. Em abril de 2009, a FEBRABAN e o Ministério do Meio Ambiente assinaram este Protocolo que aborda, entre outros temas, o estímulo a práticas de sustentabilidade ambiental por meio de financiamentos; e os impactos e custos socioambientais na gestão dos ativos dos bancos.

Um dos compromissos estabelecidos pelos bancos signatários desse acordo é engajar seus stakeholders nas políticas e práticas de sustentabilidade e estimular a cooperação e integração de esforços. O encontro dá a partida a este processo.

Os indicadores que serão estabelecidos identificarão o status atual e a evolução da aderência e da implementação de ações pelo setor financeiro, tendo em vista os compromissos assumidos no âmbito do protocolo.

Esta iniciativa do setor financeiro do Brasil é pioneira no mundo e muito importante. Mostra que, com a regulação do sistema financeiro (feita, em nosso país, ainda nos anos 1990), criam-se condições favoráveis à auto-regulação. E esta auto-regulação que está nascendo a partir da matriz de indicadores e da agenda comum ao segmento sinaliza um possível caminho para a tão adiada reforma do sistema financeiro internacional. O processo de engajamento dos bancos brasileiros com a gestão socialmente responsável traz à cena fatos concretos que devem ser incorporados ao debate mundial sobre desenvolvimento sustentável.

A FEBRABAN tem um passo à frente a dar: estabelecer ferramentas que contribuam com o debate sobre a maior transparência e informação sobre o pagamento dos bônus.

Os princípios gerais do Protocolo Verde são:

1 - Financiar o desenvolvimento com sustentabilidade, por meio de linhas de crédito e programas que promovam a qualidade de vida da população, o uso sustentável dos recursos naturais e a proteção ambiental.

2 - Considerar os impactos e custos socioambientais na gestão de ativos (próprios e de terceiros) e nas análises de risco de clientes e de projetos de investimento, tendo por base a Política Nacional de Meio Ambiente.

3 - Promover o consumo sustentável de recursos naturais e de materiais deles derivados nos processos internos.

4- Informar, sensibilizar e engajar continuamente as partes interessadas nas políticas e práticas de sustentabilidade da instituição.

5 - Promover a harmonização de procedimentos, cooperação e integração de esforços entre as organizações signatárias na implementação destes Princípios.

Cada princípio geral é desdobrado em dois ou três critérios indicativos de ações que podem ser adotadas.

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terça-feira, 27 de abril de 2010

Recomenda-se não respirar

O que pode fazer um cidadão paulistano para não morrer de doenças respiratórias por causa do ar da capital? Parar de respirar. Como isso não é possível, será preciso mudar de cidade ou morrer aos poucos. A manchete da Folha de São Paulo do último sábado não deixa dúvidas sobre a qualidade do ar que os milhões de moradores da capital e da grande SP inalam: ela piorou no primeiro trimestre de 2010, por causa do ozônio, gerado na queima do combustível dos milhões de veículos que transitam por nossas vias.

A presença deste gás na atmosfera vinha diminuindo desde 2006, mas voltou a aumentar nos primeiros três meses deste ano. De acordo com a medição da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), divulgada pela Folha no sábado, a qualidade do ar só foi boa em São Paulo em 17 dos 90 dias do trimestre. Nos outros 73, oscilou entre má, inadequada e regular, classificações que põem em risco a saúde da população.

Na opinião dos especialistas, o aumento do ozônio ocorreu por dois fatores principais: o crescimento da frota automotiva, principalmente de motos e veículos de passeio, e de variação climática natural. Dois eufemismos para amenizar a omissão dos poderes públicos e das empresas em relação à saúde pública.

Talvez mais do que outra cidade do mundo, São Paulo vive no limite de seus recursos. No que tange ao transporte, a situação é trágica. São Paulo e região metropolitana não têm vias suficientes para comportar os mais de seis milhões de veículos, quase um veículo para cada dois habitantes. O trânsito ainda flui porque apenas 30% da frota de carros de passeio circulam por dia. Se todos os proprietários de carros, motos, vans, caminhões e camionetes resolvessem sair de casa no mesmo dia, a cidade pararia num imenso congestionamento. E se neste dia ocorresse o fenômeno da inversão térmica, poderíamos morrer sufocados pelos gases poluentes que não se dissiparam na atmosfera.

Da parte do poder público, adotar soluções rápidas que incentivem o transporte coletivo é uma saída para a situação – gratuidade das passagens, ônibus mais confortáveis e em maior número são exemplos destas soluções.

Outro ponto fundamental para enfrentar a poluição é intensificar a inspeção veicular. De acordo com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo, em 2009, a inspeção veicular teve adesão geral de 78%. Mas esta “média” esconde um fato relevante para a saúde pública: entre a frota que circula pela sociedade, só a de carros de passeio aderiu em 100% à inspeção veicular; nos outros segmentos, passaram pela inspeção apenas 35% das motos, 50% dos veículos leves a diesel e dos caminhões, bem como 75% dos ônibus. E estes são os veículos que mais poluem, seja porque não possuem os dispositivos antipoluição já encontrados nos carros de passeio, seja porque usam o diesel ainda “sujo”. São estes, também, os veículos que mais poluem, porque a circulação mais aumenta.

Enfrentar o problema exige a parceria entre a sociedade, as empresas e o poder público. As montadoras podem adotar tecnologias antipoluição nos veículos de qualquer tipo. As empresas de petróleo e gás podem fabricar um combustível mais limpo com urgência. Estas são questões centrais de responsabilidade social da empresa.

Os governos precisam intensificar o esforço de inspeção veicular e de regulação para impedir que aumente a poluição atmosférica.

A sociedade precisa mobilizar-se para proteger a saúde dos cidadãos. Que tal manifestar-se contra o projeto de lei do Senado 665/2007 que permite a venda de carros a diesel? Atualmente, o uso do combustível apenas em veículos pesados e utilitários é suficiente para matar 6 pessoas por dia, somente na capital paulista, e gerar custos de R$ 82,6 milhões com internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na Região Metropolitana de São Paulo. Não se trata simplesmente de uma manifestação contrária ao carro a diesel, mas, a favor da preservação ambiental e da saúde pública.

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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Poste de iluminação com energia gerada por vento ou sol

Um empresário cearense desenvolveu uma alternativa de custo bastante baixo para iluminar as vias públicas. Um poste de iluminação movido a energia eólica ou solar.

O Ceará é um dos melhores locais, neste planeta, para geração de energia limpa, pelos ventos ou pelo sol. Por isso, um empresário cearense, Fernando Ximenes, proprietário da Gram Eolic, desenvolveu uma solução barata e acessível para iluminação pública: um poste cuja lâmpada acende com energia vinda do vento ou do sol. O nome técnico da invenção é Produtor Independente de Energia (PIE). Na verdade, trata-se de um poste feito de aço, com altura variando entre 12 e 18 metros, cujo topo abriga um avião de três metros de comprimento e uma bateria. O avião, fabricado em fibra de carbono e alumínio especial (mesmo material dos aviões comerciais), tem células solares de silício nas suas asas, que captam os raios ultravioletas e infravermelhos, transformando-os em até 400 watts de energia elétrica. Esta energia fica armazenada na bateria instalada logo abaixo do avião. As hélices funcionam como as pás dos moinhos de energia eólica. Quando começam a girar, impulsionadas pelo vento, elas também produzem até 1000 watts de energia que também vai para a bateria.

Quando escurece e o sistema de iluminação é acionado, a energia armazenada é utilizada, diminuindo a demanda sobre as centrais de distribuição via hidrelétricas ou térmicas.

Vantagens: cada poste com gerador pode fornecer energia para outros dois postes sem o equipamento, com seis lâmpadas LED cada um.

As fontes de captação eólica e solar funcionam em paralelo. Se houver sol, as asas captam a luz. Se houver vento, é a vez de as hélices trabalharem. Se ocorrerem sol e vento ao mesmo tempo, os dois sistemas trabalham sem prejuízo de um ou de outro. A bateria que armazena a energia destes captadores tem autonomia para 70 horas. Ou seja, se uma cidade ficar sem sol e sem vento, o poste ainda assim vai conseguir iluminar por até sete dias.

Outras vantagens:

- O poste eólico-solar gera uma economia de 21 mil reais por quilômetro/mês na conta da iluminação pública.

- A instalação do equipamento fica 10% menor que a do poste comum, porque não são necessários cabeamento, subestação e transmissão.

- Com isso, não há perigo de choques ou curtos-circuitos.

- Economia no consumo de energia em iluminação pública. De modo geral, ela representa entre 7 e 10% do consumo de uma cidade. Com os postes a conta pode cair pela metade.

Os estados de Goiás, Paraíba e Tocantins foram os primeiros a usar postes de iluminação pública a energia solar. Em maio do ano passado, foram instalados 500 postes em Patos (PB), 300 em Goiânia e 800 em Palmas (TO).

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