sexta-feira, 10 de junho de 2011

Logística reversa é instrumento importante para uma economia inclusiva, verde e responsável

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada pela Câmara Federal em agosto de 2010 e regulamentada em dezembro do mesmo ano, começa a sair do papel agora, com empresas e municípios planejando a logística reversa para garantir o destino correto dos produtos descartados. O que isso vai mudar na vida não só das empresas, mas de nós, cidadãos? Vamos analisar aqui as mudanças e oportunidades que a logística reversa pode trazer para um avanço na direção de uma economia inclusiva, verde e responsável.

A PNRS tramitou pelo Congresso por mais de vinte anos, em razão daquilo que ela tem de mais inovador ainda hoje: estender a responsabilidade sobre a destinação de resíduos sólidos para todos os geradores – indústria, comércio, serviços, consumidores e municípios –, o denominado “princípio da corresponsabilidade pela geração de resíduos”.

Quando, finalmente, ela foi aprovada, a questão do destino dos resíduos sólidos da cidade e do campo já entrara na pauta de negociações internacionais como parte de uma discussão maior de estabelecimento de padrões de produção e consumo sustentáveis.

“Destino adequado dos resíduos sólidos” traz, embutido, outro conceito, com o qual os brasileiros vão se acostumando – o de “!ogística reversa”. O que é, afinal, logística reversa? Trata-se de uma operação que planeja, opera e controla o fluxo físico e de informações do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo. Essa definição é do Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB), entidade fundada em 2008 para melhorar e compartilhar o conhecimento e as práticas a respeito do tema no Brasil.

A PNRS tem um capítulo inteiro para tratar de logística reversa, no qual elege como prioritários para início do processo reverso os setores de embalagens de agrotóxicos e de óleos lubrificantes, pilhas, baterias e pneus, eletroeletrônicos, lâmpadas e medicamentos. Outros setores que também impactam o meio ambiente e a saúde pública serão incluídos gradativamente.

A logística reversa nas empresas
O processo que o Brasil começa a instituir – de retorno e reaproveitamento de materiais na produção – ainda não tem similar nos países emergentes. Já há experiências bem-sucedidas em alguns setores econômicos de países europeus e em ao menos uma indústria – a Interface, maior fabricante mundial de carpetes, pioneira na adoção da logística reversa.

A experiência brasileira, no entanto, está sendo observada com muita atenção porque abrangerá segmentos inteiros da economia e em todo o país, incluindo também o consumidor final.

De acordo com reportagem do jornal Brasil Econômico, o CLRB calcula que a logística reversa gera negócios de R$ 18 bilhões anuais para transportadoras, empresas de reciclagem, de tecnologia e outros. A expectativa é que essa cifra dobre nos próximos anos, quando as empresas serão obrigadas a ter a logística reversa já totalmente instituída, inclusive na cadeia produtiva. A legislação estabelece 2015 como o ano em que esse processo já esteja resolvido, com a adequada destinação de papel, plástico e demais materiais descartáveis. Por isso, é preciso que as empresas comecem desde já a mudança.

Outra medida da lei é a proibição de lixões a partir de agosto de 2014. Essa data “fatal” também impõe um desafio para as prefeituras: organizar a coleta de lixo em separado dos resíduos sólidos, construir e manter aterros sanitários e ampliar a fiscalização para evitar o abandono de materiais em rios, lagos, terrenos e vias públicas, como acontece hoje.

De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2010 foram gerados 61 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, 7% a mais do que em 2009. Apenas uma parcela inferior a 10% de todo esse montante voltou para reciclagem e reaproveitamento.

Os gargalos começam nas próprias cidades. O IBGE constatou, também em 2010, que 40% dos 2.400 municípios brasileiros não têm coleta seletiva e 11% da população brasileira não é atendida por nenhum tipo de serviço de coleta. Mesmo na cidade de São Paulo, apenas 3% dispõem de coleta seletiva.

O país tem vários desafios a superar para que o processo básico da logística reversa funcione bem – a coleta seletiva. Sem isso, não se pode garantir nem o retorno do produto à cadeira de produção nem a destinação correta dos eventuais resíduos.

De acordo com o Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), existem três grandes desafios a superar para que a logística reversa decole no Brasil:
- educar a população sobre o descarte correto de resíduos;
- desonerar a indústria da reciclagem – nas condições atuais, o produto reciclado é às vezes mais caro do que o novo; e
- ampliar o parque reciclador.

Catadores: diferencial brasileiro que chama a atenção do mundo
Hoje, mais de 1 milhão de brasileiros trabalham como catadores de material reciclável, a maioria deles organizada em cooperativas. Tais grupos participam da coleta seletiva em diversas cidades, com apoio das prefeituras e mercado garantido pelas empresas de reciclagem.

Os catadores e suas cooperativas estão organizados em um movimento nacional e foram vitais para que a PNRS incorporasse as cooperativas na legislação. Com isso, catador também virou profissão, incluída no Cadastro Brasileiro de Ocupações (CBO).

Graças às cooperativas, o Brasil tem altos índices de reciclagem de papel e de latas de alumínio, por exemplo. Com isso, o mundo passou a olhar para cá em busca desse nosso diferencial: o catador e sua luta para ser considerado “agente ambiental”, uma profissão do futuro.

Mesmo antes de sair do papel, a PNRS chama a atenção por ter mostrado como é possível a um marco regulatório atender demandas ambientais complexas – pois envolvem transformação produtiva em larga escala – com inclusão social e distribuição de renda.

É importante ressaltar o papel do catador porque há discussões, mesmo dentro dos governos, de adotar modelos de gestão de resíduos que não incluam suas cooperativas. Acontece que essas cooperativas podem representar o diferencial competitivo das empresas brasileiras, porque o modelo que elas oferecem elimina intermediários e, portanto, custos. Mais do que isso, garante dignidade para milhões de brasileiros e brasileiras que, com seu trabalho, podem ser agentes e beneficiários ativos do progresso do país.

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

“Que aprendizado tiramos dessa crise política?”

Superamos mais uma crise política. Se ela representou um tsunâmi no âmbito federal, a sociedade parece ter navegado com tranquilidade por esse período. Indiferença ou amadurecimento? Um pouco de ambos.

Desde a democratização, nossa República vem passando por crises sucessivas, inclusive e impeachment de um presidente eleito, e tais fatos não abalaram a convicção democrática da sociedade brasileira. Pelo contrário, ela até se fortalece a cada novo episódio.

Por outro lado, a impunidade dos envolvidos nos diversos casos relatados ao longo dos últimos vinte anos tem feito o cidadão desenvolver certa indiferença em relação aos fatos, como se essas “coisas” fossem “naturais”.

A democracia, de fato, sai mais fortalecida deste episódio, mas ele não é “natural”. Precisamos aprofundar ainda mais a reflexão sobre as causas e efeitos para tentar evitar que fatos como esse se repitam.

O que aprendemos com o episódio encerrado ontem?

O primeiro aspecto a ressaltar é que, mais uma vez, as instituições demonstraram força para superar obstáculos e seguir em frente. Mais uma vez, no entanto, ficou evidente que esta nova crise tem a mesma origem de todas as outras superadas pela nossa ainda jovem e já calejada democracia: a pouca definição de onde começa o interesse público, coletivo, e acaba o interesse privado, particular.

É bom deixar claro que o interesse privado não é necessariamente ilícito, imoral ou negativo para a sociedade. Mas, “república” significa “coisa pública”, ou seja, de coletividades. Assim, saber quando se deve ceder em favor de um objetivo maior é a principal característica de uma sociedade verdadeiramente republicana.

Essa dimensão – de desistir do individual em favor do coletivo – a sociedade brasileira ainda não adquiriu e, mais uma vez, isso ficou evidente nessa mais recente crise. Ela não teria ocorrido se os limites estivessem bem estabelecidos, seja em leis e regulamentações, seja na cultura dos cidadãos.

Como se dá o processo de divulgação da corrupção?

Desde a democratização, a imprensa tem sido o grande instrumento da sociedade para combater a corrupção em governos. Absolutamente todos os casos chegaram ao grande público por denúncia da imprensa. Este é um dado relevante que diz muito e de forma positiva a respeito da qualidade da democracia em nosso país. Mas, fora da imprensa, não há nenhum órgão ou instrumento que promova e garanta o controle social efetivo sobre a coisa pública. E só a imprensa não é suficiente.

É preciso pensar em mudanças estruturantes para que os cidadãos não dependam apenas de denúncias isoladas para controlar orçamentos e ter informações a respeito dos governantes e parlamentares que elege.

O que se pode fazer?

O recente caso foi analisado pela Procuradoria-Geral da República como “tráfico de influência”, que consiste em usar posição ou cargo ocupado na administração pública para obter benefício de qualquer natureza, para si ou para terceiros. O artigo 332 do Código Penal Brasileiro prevê reclusão de três a cinco anos para o funcionário (ou ex) que for condenado por este crime.

Mas, como na corrupção, o tráfico de influência tem duas pontas: quem oferece e quem aceita. Se quem oferece é condenado, não há nenhuma pena prevista para quem aceita (e usufrui) do benefício obtido. Este é um dos problemas que necessitam de marco regulatório específico, pois o tráfico de influência fere a confiança que precisa existir entre os agentes públicos, o mercado e a sociedade.

Ainda no âmbito jurídico, há três leis paradas no Congresso que podem contribuir muito para o aumento da transparência e da integridade nas relações público-privadas:
‐ a Lei de Responsabilização Civil de Pessoa Jurídica, que prevê penas para as empresas que participarem de atos de corrupção (por enquanto, apenas as pessoas dessas empresas é que podem ser condenadas);
‐ a Lei de Acesso à Informação Pública (PLC 41/10), estacionada no Senado, que prevê a obrigação de os órgãos públicos e entidades ligadas ao governo tornarem disponíveis em formato eletrônico todas as suas informações, de forma acessível para leigos. Os dados não divulgados poderão ser requeridos por qualquer cidadão e fornecidos no prazo máximo de 20 dias. Ao contrário do que acontece hoje, o sigilo passará a ser exceção e não regra.
‐ a Lei do Lobby, que regula a defesa dos interesses particulares (de indivíduos ou de grupos) afetados por decisões de governos. Definirá, portanto, as regras sobre a relação entre os agentes econômicos e sociais e os agentes políticos e servidores públicos no Executivo e no Legislativo, nos três níveis de governo, incluindo as exigências para registro, credenciamento e capacitação dos profissionais do lobby.

De modo geral, é preciso urgentemente retomar a discussão da reforma política. Ela aparece em toda eleição, quando ficam evidentes que o sistema atual de escolha de parlamentares e de governantes não atende mais as expectativas da sociedade brasileira. Precisamos urgentemente mudar o modelo de financiamento de campanha, que absorve bilhões de reais a cada novo pleito e está na base de quase toda a corrupção no Brasil.

E o desenvolvimento sustentável?

Integridade, transparência e maior controle social sobre a administração pública são alguns dos pilares que integram a economia inclusiva, verde e responsável sobre a qual será possível construir o desenvolvimento sustentável que queremos. O Brasil carece de cultura e legislação que enfrentem as causas de tantos episódios de corrupção. E corrupção é sinal claro de que a economia não é “responsável”.

Se a sociedade não contar com marcos regulatórios adequados e instituições fortes de controle social, estará sempre lidando com os efeitos nocivos de crises.

O desenvolvimento de valores éticos, cultura de transparência e mecanismos de combate à corrupção é indispensável para se atingir padrões elevados na relação público-privada. Por isso, desenvolvimento sustentável também significa combate à corrupção e à impunidade, valorização da integridade e da transparência, respeito às leis e regras de negócio e sobreposição do interesse público ao interesse privado.

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quarta-feira, 8 de junho de 2011

O mundo de 2100

Até o final do século, a humanidade pode chegar a dez bilhões de pessoas, que vão precisar de três refeições por dia. A questão é quem vai produzir essa comida toda…

A mídia e os governos tentam fazer de conta que a crise global de 2008, que ainda lança sua sombra sobre a Europa e os Estados Unidos, foi apenas financeira. O fato, no entanto, é que seus efeitos foram muito mais amplos e os preços globais dos alimentos estão subindo, e cerca de um bilhão de pessoas ao redor do mundo não conseguem se alimentar dentro dos padrões considerados adequados pela Organização Mundial de Saúde. Um relatório recente Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que, entre fevereiro e março deste ano, o valor médio dos alimentos da cesta básica no mundo está cerca de 35% mais alto do que no mesmo período do ano passado, e fontes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), informaram este mês que não existe perspectiva de queda em curto prazo.


Além disso, as projeções de impactos das mudanças climáticas sobre a agricultura ainda estão pouco estudadas, mas podem ser de grande monta, caso a temperatura média do planeta, no final deste século, esteja mesmo quatro graus centígrados mais alta. “Até agora nenhum plano para oferecer alimentos a uma população em crescimento levou em conta as mudanças no clima”, diz Antonio Hill, que atua na Oxfam, uma organização internacional com trabalhos na área de combate à pobreza. Para ele, é importante que se reconheça os limites do atual sistema de produção de alimentos. Um relatório da Oxfam mostra que o preço dos alimentos é diretamente impactado pela alta no preço do petróleo, nos custos de transportes e de fertilizantes. Os mesmos fertilizantes que são frequentemente acusados pela contaminação da água e exaustão do solo. “E, mesmo com aplicações maciças de fertilizantes, a produtividade não está crescendo”, diz Hill.

Em um cenário de disputas entre o grande agronegócio global, onde as terras são utilizadas para extensões sem fim de monoculturas como a soja, o milho ou a cana, o que realmente tem potencial para oferecer comida para toda essa gente é a agricultura familiar, segundo o relatório da Oxfam. E com um detalhe: as famílias instaladas em pequenas propriedades têm mais cuidado com a diversidade de animais e plantas, utilizando agroquímicos com maior parcimônia. “Existem cerca de seis mil plantas comestíveis no mundo, no entanto, nos limitamos a 50 espécies que são produzidas em escala comercial”, diz Antonio Hill.

Para tentar influir em políticas públicas que apontem para o aumento da produção de alimentos, a Oxfam está lançando uma campanha global para pressionar os líderes mundiais a não deixarem as questões relativas à segurança alimentar apenas nas mãos do mercado, uma vez que o sistema de preços não consegue oferecer comida a preços compatíveis com a renda de uma camada imensa da população pobre. As primeiras reuniões intergovernamentais em que o grupo deve marcar presença serão a do Comitê de Segurança Alimentar Mundial do G20, que se reúne no último trimestre deste ano, e a COP 17, sobre Mudanças Climática, em dezembro, na cidade sul-africana de Durban.

Hill explica que a agricultura familiar já responde pela alimentação de um terço da humanidade, com um impacto ambiental consideravelmente inferior ao do agronegócio. No entanto, esse percentual pode ser multiplicado se houver apoio, assistência técnica, financiamentos e vontade política. “Já há operações agroecológicas tão eficientes quanto a do agronegócio”, arremata.

Fonte: Envolverde

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Brasil sem Miséria e as empresas

Ethos na CBN de 03/06/2011

O programa Brasil sem Miséria foi lançado oficialmente nesta quinta-feira (2/6), em Brasília. Trata-se de um projeto que visa retirar da extrema pobreza pouco mais de 16 milhões de brasileiros e, para isso, articula a estrutura dos governos federal, estaduais e municipais em ações integradas de combate à pobreza. Tais ações serão diferentes na cidade e no campo, para jovens e para mulheres com filhos menores de 15 anos. O objetivo é fazer com que esses 16 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza – com renda inferior a R$ 70 mensais – tenham acesso não só à renda, como a bens e serviços públicos, ao emprego, à produção e aos mercados.

Dados levantados pelo Censo do IBGE e pelo Ipea mostram que os cidadãos com renda abaixo dessa linha de R$ 70 por mês são jovens até 19 anos (quase 50% dos 16 milhões têm essa idade), negros (70%) e nordestinos (60%). São pessoas consideradas “resistentes” a incentivos como o Bolsa Família e exigem outra atitude do Estado – um “Estado ativo” na busca e no resgate da cidadania desses milhões de brasileiros. Trata-se de uma novidade na história do país um Estado que “procura” os pobres para integrá-los à vida produtiva.

Por isso, programa Brasil sem Miséria não se propõe apenas a distribuir renda, mas a fazer com que os serviços públicos cheguem até essa população. Não por acaso, o programa tem sido definido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) como de construção do “bem-estar social” – não deixar de fora do progresso que o país agora vive milhões de brasileiros que sempre estiveram à margem da cidadania. O governo pretende realizar ações integradas e usar a expertise de todos os ministérios para alavancar o Brasil sem Miséria.

O orçamento do Brasil sem Miséria será de R$ 20 bilhões por ano, mas R$ 16 bilhões desse total referem-se aos pagamentos do Bolsa Família. O programa com foco específico na pobreza extrema representará um gasto extra de R$ 4 bilhões anuais.

Para combater a pobreza extrema, a presidenta Dilma Rousseff ampliou de três para cinco filhos o limite de dependentes atendidos pelo Bolsa Família. Além disso, criou uma linha de crédito de R$ 2.400 para pequenos agricultores familiares.

Entre outras iniciativas do programa Brasil sem Miséria estão: a criação da Bolsa Verde, com o pagamento de R$ 300 reais a cada trimestre às famílias carentes que auxiliarem na preservação do meio ambiente; a construção de cisternas para 750 mil famílias do Programa Água para Todos; e a ampliação de 66 mil para 250 mil o número de agricultores familiares que integram o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Todos esses benefícios serão pagos às mulheres, por que o governo federal reconhece nas mães a disposição e o compromisso de zelar pela educação dos filhos e pela manutenção da estrutura familiar.

Parcerias com empresas
Um dos pontos nevrálgicos para o sucesso desse programa é a parceria com o setor produtivo, as empresas do país. Em entrevista concedida ao jornal Valor Econômico, em 16 de maio, a ministra Tereza Campello, do MDS, afirmou que sua pasta vai procurar as empresas para que deem emprego aos beneficiários do programa e comercializem alimentos produzidos pelos agricultores familiares.

Antes do lançamento do programa, o MDS já havia firmado convênio com a Embrapa para fornecimento de sementes de melhor qualidade e capacitação técnica de agricultores familiares. Nesta quinta-feira, a ministra anunciou parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) para que alimentos produzidos pela população-alvo do programa Brasil sem Miséria sejam comercializados nos supermercados. A parceria também prevê que os supermercados cederão espaços para qualificação dos desempregados incluídos no cadastro único do programa.

As empresas têm, de fato, uma enorme oportunidade de exercer a gestão responsável no âmbito desse programa de combate à miséria no país. E não precisam esperar o governo para agir.

Sempre que fazemos um comentário sobre o papel das empresas na melhoria da qualidade de vida da população, ressaltamos três ações que podem ser implementadas sem praticamente exigir custos:

Cumprimento da Lei do Aprendiz. Pesquisas que antecederam o lançamento do Brasil sem Miséria constataram que quase a metade das pessoas na faixa da extrema pobreza tem até 19 anos. As empresas de qualquer ramo de atividade têm uma cota de aprendizes a contratar e não o fazem. Se cumprirem a lei, darão mais de 2 milhões de empregos imediatos a esses jovens. Mais do que isso, garantirão a formação profissional e a qualidade da mão de obra no futuro, algo de que o Brasil vai precisar e muito.

Adoção de políticas de diversidade na contratação de funcionários. As mesmas pesquisas revelaram que 70% das pessoas mais pobres são negras. Ter como objetivo contribuir na capacitação e contratação de pessoas levando em conta seu gênero e raça contribui para a erradicação da miséria.

Apoio ao desenvolvimento local. Implica a contratação de mão de obra e de fornecedores locais e também o apoio às prefeituras na promoção de ações que alavanquem o empreendedorismo no município e na região. Isso vale tanto para capitais como para as pequenas cidades do interior.

Estas são apenas algumas sugestões. O repertório de ações que as empresas podem adotar para ajudar a acabar com a miséria e, com isso, ampliar seus próprios negócios é muito grande.

O Brasil caminha para ser a quinta economia global. Não pode permanecer como uma das sociedades mais desiguais do mundo. Resgatar esses milhões de brasileiros da extrema pobreza é um passo decisivo para o desenvolvimento econômico andar junto com o progresso social.

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terça-feira, 7 de junho de 2011

Barômetro da Biodiversidade: Brasil tem população consciente sobre o tema, mas é preciso aprofundar o conhecimento

Pesquisa realizada em sete países pela União pelo Biocomércio Ético (UEBT, na sigla em inglês) e mostra que conhecimento sobre o tema é superficial em todos os países pesquisados. Sensibilização no Brasil sobre o assunto é maior que a média dos outros países.

Contexto
A União pelo Biocomércio Ético, UEBT, na sigla em inglês, é uma associação internacional, sem fins lucrativos que promove o “abastecimento com respeito” de ingredientes e insumos que provenham da biodiversidade. As empresas e entidades associadas a UEBT assumem o compromisso de crescentemente adotar práticas de abastecimento que promovam a conservação da biodiversidade, respeitem o conheci­mento tradicional e garantam a repartição equitativa de benefícios ao longo de toda a cadeia produtiva.

Anualmente, a UEBT realiza uma pesquisa internacional para avaliar o entendimento sobre biodiversidade e noções relacionadas ao tema, com apoio de várias empresas e entidades, como a Natura.

A pesquisa se chama “Barômetro da Biodiversidade” e, este ano, teve o depoimento de sete mil entrevistados em sete países: Alemanha, Brasil, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido. Foram ouvidos consumidores e empresas.

Ela foi lançada, no Brasil, no último dia 2 de junho, no Espaço Natura, em Cajamar, com a presença de representantes da UEBT, da Natura e da Fiocruz.

Resultados
De maneira geral, consumidores e empresas dos países pesquisados estão cada vez mais sensíveis ao tema da biodiversidade.

ConsumidoresA pesquisa revela que as pessoas estão cada vez mais interessadas e conscientes a respeito da biodiversidade. Em média, 70% dos entrevistados nos sete países afirmaram já ter ouvido falar sobre a questão. Em 2009, eram 56%.

Os países com a maior porcentagem de sensibilização são França (98%), Brasil (93%) e Coréia do Sul (78%).

No entanto, nem todas as pessoas que já ouviram falar sobre biodiversidade sabem o que ela significa. De modo geral, apenas uma em cada três pessoas define o termo corretamente.

À pergunta O que significa biodiversidade?
Os sul-coreanos responderam mais corretamente:
Resposta: Refere-se à diversidade que podemos encontrar em um ecossistema.

Os brasileiros mostraram-se conscientes de como a biodiversidade é o próprio país. A resposta mais dada por nós à pergunta anterior foi: “O Brasil é conhecido por ser o país com maior biodiversidade do planeta, especialmente na Floresta Amazônica”.

Na Alemanha, as respostas confundiam biodiversidade com produtos orgânicos. Nos Estados Unidos, biodiversidade foi frequentemente confundida com diversidade social. No Reino Unido, ela é confundida com biotecnologia.

Como se informaram sobre o tema
55% ouviram falar sobre biodiversidade em programas de tv e documentários. 38% em artigos de jornais e revistas; 19% em propaganda na televisão; 16% em declarações de políticos e de governos; 14% em sites e blogs; 8% em comunicação da marca.

O que motiva a querer proteger a biodiversidade?
30% responderam: dados alarmantes sobre espécies ameaçadas; e
23% - entender a importância da biodiversidade para a vida diária.

Especificamente no Brasil, mensagens para agir agora são consideradas particularmente motivadoras para ações de conservação.

Empresas
O Barômetro analisou os balanços das 100 maiores empresas de cosméticos do mundo e verificou que, em 2011, 27% delas mencionaram a biodiversidade, contra os 13% verificados em 2009.

19% reportam práticas éticas de abastecimento de insumos naturais; e
5% citam temas relacionados à biodiversidade, como conhecimento tradicional e direitos de propriedade intelectual
No entanto, isto está aquém das expectativas dos consumidores:

apenas 40% dos consumidores acreditam que as companhias de cosméticos comprem insumos naturais de maneira ética. 84% deixariam de comprar os produtos se soubessem que a marca não respeita o meio ambiente ou práticas comerciais éticas;
80% pensam que as empresas seriam mais confiáveis se as ações de abastecimento fossem verificadas por uma terceira parte;

Como a biodiversidade é retratada na mídia
Análise de matérias e artigos publicados em 2010, na mídia desses sete países, concentrando-se em reportagens que focam indústria de cosméticos e cuidados pessoais, mostrou o seguinte:

- aumento de 35% no número de artigos sobre biodiversidade, bastante influenciado pelo Ano Internacional da Biodioversidade e pela Conferência das Partes de Nagoya (Cop 10).
- 66% desses artigos foram sobre o Protocolo de Nagoya e suas implicações para indústria de cosméticos e cuidados pessoais.

O Protocolo de Nagoya é o compromisso que os países participantes da COP 10 assinaram, garantindo a proteção internacional do patrimônio biológico de qualquer país - que só poderá ser explorado por estrangeiros com autorização e pagamento de royalties.

- 70% dos artigos foram críticos ao setor
A cobertura resultante de comunicação proativa entre as marcas e a imprensa, sobre práticas sustentáveis de abastecimento da biodiversidade produziu matérias positivas, sugerindo que marcas têm muito a ganhar quando abordam este tema.

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Campanha "Você no Parlamento" estimula a participação cidadã em São Paulo

Convocar a população da maior cidade do Brasil para elencar prioridades em diversas áreas, como educação, mobilidade urbana e saúde, por exemplo, de parte dos vereadores, é o principal objetivo da campanha Você no Parlamento, que será lançada na quinta-feira, 9 de junho, pela Rede Nossa São Paulo e a Câmara Municipal de São Paulo. O termo de cooperação entre as duas instituições será assinado nesta segunda-feira (6).

O questionário (impresso e on-line) foi elaborado por um Conselho Técnico composto por representantes de diversas instituições, além da Rede e da Câmara, como Universidade de São Paulo (USP), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Escola de Governo e Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).

O resultado desta consulta pública, que será realizada entre 15 de junho e 15 de agosto, vai abordar três dimensões de atribuições da Câmara:

• Prioridades eleitas que podem e devem transformar-se em Projetos de Lei;
• Prioridades eleitas que podem e devem transformar-se em Emendas ao Orçamento para 2012;
• Prioridades eleitas que podem e devem transformar-se em Ações Legislativas de Fiscalização do Poder Executivo.

O objetivo é, essencialmente, fazer com que gestores públicos direcionem seus trabalhos a partir das reais necessidades da sociedade que os elegeram. E, com isso, oferecer à população a oportunidade de acompanhar, fiscalizar e cobrar.

"A iniciativa é um avanço na concretização do Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município) como orientador de políticas públicas, e um precedente importante para avançarmos nas práticas de democracia participativa", destaca o site da Rede Nossa São Paulo.

Mais informações podem ser obtidas através do e-mail: faleconosco@isps.org.br

Fonte: EcoDesenvolvimento

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