sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A importância das dimensões social e ética (além da ambiental) para a construção de uma sociedade sustentável e justa

Por Jorge Abrahão

Utilizamos o espaço aqui da CBN na última quarta-feira para falar de uma agenda para os próximos anos que contemple a busca por uma sociedade justa e sustentável para o nosso país. Estamos construindo uma proposta para uma economia verde, inclusiva e responsável. Na nossa última conversa, fizemos referência a dimensão verde, mas é importante também mencionar dois outros pilares, duas outras dimensões, a social e a responsável, que estão totalmente integradas com a dimensão ambiental.

Aliás, sem a integração destes 3 pilares, a construção de uma sociedade e de um país sustentável, simplesmente não seria possível de se realizar.

Na dimensão social é preciso erradicar a pobreza, garantir o acesso universal aos serviços públicos e reduzir a desigualdade social, enfim, para que sejam asseguradas uma melhor qualidade de vida para todos. E, devemos entender qualidade de vida e redução da desigualdade social como algo que vá além da melhoria da renda. Itens fundamentais na vida das pessoas e das famílias, tais como, educação, saúde, saneamento e segurança, precisam ser ampliados e melhorados, pois impactam diretamente na qualidade de vida de todos nós. Como exemplo, podemos dizer que não é suficiente uma família ter dinheiro para comprar uma televisão de última geração e ao mesmo tempo ter o esgoto correndo a céu aberto na frente de casa, colocando em risco a saúde das pessoas.

No pilar responsável é necessário o estabelecimento de compromissos com a ética, com a integridade nas relações de mercado, com o estímulo a concorrência leal, o combate à corrupção e a impunidade, além da ampliação dos mecanismos de transparência. As empresas, nesse sentido, exercem um papel fundamental, pois não só impulsionam a economia, como também são importantes definidoras nas boas, justas e corretas relações estabelecidas com clientes, fornecedores, acionistas, comunidades, governos e consumidores, entre os principais stakeholders afetados diretamente por suas ações.

A partir dessas reflexões que tomam como base os pilares verde, social e responsável, o Ethos em conjunto com empresas, movimentos e organizações da sociedade, quer ampliar a agenda com propostas que definam claramente o papel de empresas, governos e sociedade civil no caminho de uma sociedade sustentável.

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A agenda para uma economia verde, inclusiva e responsável

Por Jorge Abrahão

Em nossa ultima participação no boletim CBN Responsabilidade Social falamos em linhas gerais dos pontos fundamentais para a construção de uma visão da sustentabilidade de longo prazo . Uma agenda em que se busque atingir um grau satisfatório para uma sociedade sustentável social e ambientalmente.

O Instituto Ethos, juntamente com algumas empresas, trabalha com uma perspectiva de construir uma visão para os próximos 10 anos e que envolve a participação de todos, ou seja, governos, empresas e sociedade civil organizada.

Essa visão deverá ser capaz de construir um plano que influencie as dimensões política, econômica e cultural.

No pilar inclusivo (social) é preciso que ela seja inclusiva trabalhando pela erradicação da pobreza, pela redução das desigualdades, por garantir o acesso universal aos serviços públicos, pela igualdade de oportunidades, enfim que represente uma melhoria na qualidade de vida para todos os cidadãos brasileiros.

No pilar verde (ambiental) o plano considera necessário redefinir, rediscutir e alterar onde realmente for preciso, os processos produtivos e a infra-estrutura que atendam os parâmetros de uma economia voltada para a sustentabilidade. Será fundamental levar em conta a importância estratégica da biodiversidade e discutir com seriedade o enfrentamento e as maneiras de minimizar as questões que envolvem as mudanças climáticas.

No pilar responsável (ética e integridade) o estabelecimento de compromissos com a ética, a integridade nas relações de mercado , o estímulo a concorrência leal , o combate à corrupção e impunidade e a ampliação dos mecanismos de transparência são conjunto importante de ações.

Esses fatores interligados criam um círculo virtuoso e serão decisivos para que as mudanças que desejamos alcançar também atinjam e contaminem, no bom sentido, os cidadãos brasileiros.
A partir desse quadro, definir o papel de empresas, sociedade civil e governos nesta agenda de transição para uma sociedade sustentável.

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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Casca de eucalipto pode ser usada na produção de etanol

Considerando a indústria de papel e celulose já consolidada no país, a notícia divulgada ontem pela agência de notícias da USP abre oportunidade para o emprego de uma nova matéria-prima, abundante e de potencial até então ignorado, na fabricação de etanol: as cascas de eucalipto descartadas no processo de fabricação de papel e celulose.

A conclusão de uma tese de doutorado desenvolvida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo em Piracicaba, apoiada por indústrias do setor, comprovou que uma tonelada de resíduo gera 200 quilos de açúcares, que por sua vez permitem produzir 100 litros de etanol. Se for aproveitado o açúcar presente na estrutura das cascas, esse volume pode dobrar.

O químico Juliano Bragatto, responsável pelo estudo, afirma que os resíduos, em geral, não são aproveitados atualmente pela indústria. “Em alguns casos, é feita a queima para produção de energia, mas a grande quantidade de cinza gerada torna o processo bastante insatisfatório”, diz Bragatto. “Para evitar a formação de um passivo ambiental, foi avaliada a composição química das cascas para saber o potencial de transformação em bioetanol”.

A casca do eucalipto possui açúcares solúveis, como glicose, frutose e sacarose, que podem ser prontamente colocados em contato com as leveduras que produzem o etanol por meio de fermentação. A casca fresca, obtida logo após o corte da madeira, possui 20% de açúcares solúveis. “Este número cai pela metade em dois ou três dias, pois ocorre a degradação dos açúcares na casca. Por isso, o ideal seria aproveitar o resíduo imediatamente após ser produzido.”

Semelhança com a cana

Bragatto explica que o rendimento do processo de produção do etanol a partir dos resíduos de eucaliptos é semelhante ao do álcool de cana-de-açúcar. “As cascas são submetidas a uma lavagem com água a 80 graus, onde se obtém uma infusão que é posta em contato com as leveduras”, explica o químico. “Também é possível moer a casca e a realizar a fermentação com o caldo obtido, da mesmo modo que a cana.”

Mas a pesquisa continua. Pesquisador e orientador se dedicarão agora a analisar outras variedades de eucalipto para conhecer, com precisão, a composição química das cascas e a quantidade de açúcar nelas alocado. “Este conhecimento é um passo importante para consolidar o conceito de florestas energéticas”, destaca Bragatto. Ele anuncia, ainda, que o açúcar obtido desse processo pode também passar a ser utilizado na produção de bioplásticos e biopolímeros.

Fonte: Época Negócios, Blog Empresa Verde

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Energias renováveis ganham novo impulso em 2011

Por Paulo Itacarambi

O novo ano começa com boas perspectivas e desafios para a chamada economia verde e a geração de energias limpas e renováveis.
Na semana passada o BNDES aprovou um financiamento de quase 600 milhões de reais para a construção de nove usinas eólicas no interior da Bahia, com potência instalada de 195,2 megawatts. Esse nada mais é do que o reconhecimento, por parte do principal banco de investimento do governo brasileiro, ao trabalho que vem sendo realizado pelas empresas, no sentido de viabilizar o incremento das alternativas de produção de energia de baixo carbono.

Atualmente, as usinas eólicas somam 930 MW espalhados por 50 parques no país. Em termos de comparação ainda representa pouco, cerca de 0,6% do total da nossa matriz energética. Mas a previsão é de um crescimento de 320% nesta década, segundo divulgou a Empresa de Pesquisa Energética, a EPE, ligada ao Ministério de Minas e Energia, o que vai elevar a participação da energia eólica para mais de 3%. Até 2019 as novas unidades e parques eólicos terão potência total de 6.041 MW, quase equivalente ao das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, que estão sendo construídas atualmente no rio Madeira, em Rondônia.

Por outro lado, segundo a EPE, os cálculos mais otimistas falam em um potencial para se instalar até 300 mil megawatts de usinas eólicas no Brasil. Para termos de comparação hoje a capacidade hidrelétrica brasileira, geradora da maior parte da nossa energia elétrica, está estimada em 110 mil megawatts de potência. Portanto, podemos afirmar que atingir 3% de energia eólica em nossa matriz energética, está muito aquém do verdadeiro potencial a ser explorado. Já que a iniciativa privada tem feito sua parte investindo e demandando ao governo que reaja a essas ações, talvez seja preciso ampliar a atuação governamental e garantir assim o aumento substancial das fontes eólicas bem acima dos previstos 3%. Bons exemplos não faltam: segundo matéria publicada no final do ano passado pelo jornal Estado de Minas, com dados fornecidos pela Universidade Federal mineira e pela Cemig, no Sul da Bahia e na Região Central de Minas Gerais, mais precisamente em Sete Lagoas, a 80 quilômetros de Belo Horizonte, os ventos que cortam serras localizadas nesses pontos abrigam um potencial instalado de geração de energia 3,5 vezes maior do que o da usina hidrelétrica de Belo Monte, a ser construída no Rio Xingu, na Amazônia. A previsão é que Belo Monte, tenha potência instalada de 11.233 megawatts.

No mesmo sentido, vale refletir sobre as propostas apresentadas pelo Greenpeace aos então candidatos à presidência Serra e Dilma no segundo turno. A organização ambientalista propôs uma série de implementações arrojadas e inovadoras para a inserção definitiva do país na economia de baixo carbono do século XXI. Do desmatamento zero até 2.015, da redução no uso de energias fósseis, ou seja carvão e petróleo, e o conseqüente aumento no uso das energias renováveis, entre algumas das principais demandas. Se a trajetória de investimentos for mantida, em 2050, 72% da energia brasileira virão de fontes renováveis e 21,8% ainda virão dos combustíveis fósseis. No cenário proposto pelo Greenpeace, o percentual de fontes renováveis chegará a 92,6% da matriz, não haverá geração nuclear e o único fóssil utilizado na geração de energia será o gás natural - considerado um combustível de transição - com 7,3% de participação.
A opção pelas fontes renováveis pode resultar em uma redução drástica das emissões de dióxido de carbono (CO2) equivalente (medida que considera todos os gases de efeito estufa) do setor energético previstas para 2050, de 147 milhões de toneladas para 23 milhões de toneladas.

Além do benefício ambiental, uma matriz mais limpa poderia reduzir custos de produção de energia no Brasil. Até 2050, a economia pode chegar a R$ 1 trilhão, com o aumento da eficiência energética e a instalação de projetos em áreas distantes do sistema interligado de distribuição.
Dessa maneira, o país atenderia os compromissos assumidos de redução em 39% na emissão de gases de efeito estufa e daria um passo importante para reivindicar o posto de liderança ambiental no mundo.

Felizmente o Brasil é um país que já se utiliza principalmente de fontes renováveis para gerar energia elétrica o que representa uma vantagem competitiva fantástica diante de outros países. De acordo com dados de 2009, divulgados pela Oferta Interna de Energia, da EPE, fontes renováveis representam 47,3% da oferta total de energia, enquanto a média mundial é de 14% e nos países chamados desenvolvidos de apenas 6%. Uma vantagem que precisa ser mantida e mesmo ampliada.

É preciso lembrar como citou Sergio Abranches no seu comentário de hoje aqui na CBN, que a política energética do governo é incompatível com a redução do desmatamento no Brasil. A crescente demanda por mais energia pressiona a instalação de novas usinas hidrelétricas. A despeito de ser uma matriz limpa, a hidroeletricidade exige a execução de obras com desmatamentos e alagamentos, invariavelmente, com grande impacto ambiental. Se lembrarmos que o maior potencial dessa energia encontra-se na Amazônia, aí o problema ganha outras proporções. Os planos do governo federal implicam na construção de 61 hidrelétricas e desmatamento de, pelo menos, 5.300 quilômetros quadrados. Abranches afirma que além das graves conseqüências ambientais de se construir hidrelétricas na Amazônia, elas também não são baratas. Será que nesse caso os custos, em todos os aspectos apontados aqui, não vão superar os seus benefícios?
Nesse sentido, a energia eólica é a mais nova fonte que vem lutando e tentando conquistar seu espaço no setor elétrico brasileiro, mas é certo que seu potencial ainda não está sendo aproveitado como deveria, apesar de o setor apresentar tendência de de crescimento, o que representa uma grande oportunidade de investimento na chamada economia verde, para as empresas e trabalhadores brasileiros.

Apenas para os projetos de novas usinas aprovados pelo BNDES serão criados 2.970 empregos diretos e indiretos na fase de construção, em três municípios do semiárido baiano. Além desses empregos, a fabricação e montagem dos equipamentos aerogeradores tem levado empresas a estabelecer pólos produtores como os de Suape em Pernambuco e Sorocaba em São Paulo. No começo esses equipamentos eram exportados e agora com o aumento da demanda passam também a abastecer o mercado interno.

Estes são apenas alguns exemplos, exemplos concretos de geração de trabalho e riqueza baseados nas premissas de um desenvolvimento mais limpo, mais sustentável, enfim um desenvolvimento com visão de futuro. Além de repensar a questão energética, o governo deveria dar um passo ousado no caminho da inovação. Esse caminho que interessa a todos teria, com certeza, o apoio e o investimento conjunto dos setores público e privado rumo ao desenvolvimento sustentável.

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