terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Casca de eucalipto pode ser usada na produção de etanol

Considerando a indústria de papel e celulose já consolidada no país, a notícia divulgada ontem pela agência de notícias da USP abre oportunidade para o emprego de uma nova matéria-prima, abundante e de potencial até então ignorado, na fabricação de etanol: as cascas de eucalipto descartadas no processo de fabricação de papel e celulose.

A conclusão de uma tese de doutorado desenvolvida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo em Piracicaba, apoiada por indústrias do setor, comprovou que uma tonelada de resíduo gera 200 quilos de açúcares, que por sua vez permitem produzir 100 litros de etanol. Se for aproveitado o açúcar presente na estrutura das cascas, esse volume pode dobrar.

O químico Juliano Bragatto, responsável pelo estudo, afirma que os resíduos, em geral, não são aproveitados atualmente pela indústria. “Em alguns casos, é feita a queima para produção de energia, mas a grande quantidade de cinza gerada torna o processo bastante insatisfatório”, diz Bragatto. “Para evitar a formação de um passivo ambiental, foi avaliada a composição química das cascas para saber o potencial de transformação em bioetanol”.

A casca do eucalipto possui açúcares solúveis, como glicose, frutose e sacarose, que podem ser prontamente colocados em contato com as leveduras que produzem o etanol por meio de fermentação. A casca fresca, obtida logo após o corte da madeira, possui 20% de açúcares solúveis. “Este número cai pela metade em dois ou três dias, pois ocorre a degradação dos açúcares na casca. Por isso, o ideal seria aproveitar o resíduo imediatamente após ser produzido.”

Semelhança com a cana

Bragatto explica que o rendimento do processo de produção do etanol a partir dos resíduos de eucaliptos é semelhante ao do álcool de cana-de-açúcar. “As cascas são submetidas a uma lavagem com água a 80 graus, onde se obtém uma infusão que é posta em contato com as leveduras”, explica o químico. “Também é possível moer a casca e a realizar a fermentação com o caldo obtido, da mesmo modo que a cana.”

Mas a pesquisa continua. Pesquisador e orientador se dedicarão agora a analisar outras variedades de eucalipto para conhecer, com precisão, a composição química das cascas e a quantidade de açúcar nelas alocado. “Este conhecimento é um passo importante para consolidar o conceito de florestas energéticas”, destaca Bragatto. Ele anuncia, ainda, que o açúcar obtido desse processo pode também passar a ser utilizado na produção de bioplásticos e biopolímeros.

Fonte: Época Negócios, Blog Empresa Verde

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