sexta-feira, 27 de maio de 2011

Conferência Interamericana de RSE em Assunção, no Paraguai

O Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin) do Banco Interamericano de Investimentos realizou, em Assunção, no Paraguai, a 8ª. Conferência Interamericana de Responsabilidade Social Empresarial, entre os dias 24 e 26 de maio, que reuniu aproximadamente mil participantes, entre especialistas, líderes de empresas e de governos, bem como representantes da sociedade civil e das universidades.

Ao longo desses oito anos, o CSRAméricas tornou-se o principal evento difusor de temas relacionados a práticas empresariais responsáveis na América Latina e no Caribe. Seu principal objetivo é colaborar para um desenvolvimento equitativo e sustentável da região, por meio da atuação de um setor privado social e ambientalmente responsável.

Em 2011
A programação dessa conferência 2011 foi organizada em torno de três eixos estratégicos:

Soluções empresariais para desafios sociais;
Soluções responsáveis para desafios empresariais; e
Iniciativas empresariais para enfrentar as mudanças climáticas

Dentro desses eixos, os participantes tiveram oportunidade de discutir:

- estratégias inovadoras para fortalecer a competitividade das empresas de forma responsável;

- a inclusão econômica e social por meio das cadeias de valor das empresas; e

- novas iniciativas relacionadas à questão do clima.

Tais temas fazem parte da agenda do Fumin e do BID para promover o setor privado como ator-chave no desenvolvimento da América Latina e do Caribe.

Programação
Houve três sessões plenárias, com os seguintes temas: “Marcas para o Desenvolvimento”; “Sustentabilidade: um Novo Modelo para os Bancos” e “Uma Abordagem de Mercado para a Mudança Climática”.

Houve também vários painéis simultâneos ao longo da conferência, nos quais discutidos, entre outros assuntos:

a inclusão econômica e social por meio da reciclagem;

as estratégias de redução de carbono;

a inserção de jovens no mercado de trabalho; e

a inclusão de pequenos produtores e empreendedores individuais na cadeia de valor de empresas maiores

As três plenárias discutiram grandes temas que, depois, foram abordados de maneira mais específica nas sessões paralelas.

Eis um resumo do que foi discutido nelas:

Como grandes marcas podem colaborar com a inclusão social
A sessão plenária “Marcas para o Desenvolvimento” foi um destaques do evento. Moderada por Julie Katzman, vice-presidente executiva do BID, a plenária analisou como as empresas podem aproveitar o poder de suas marcas para auxiliar pequenos produtores usualmente excluídos dos grandes mercados a melhorar sua renda e sua qualidade de vida. Entre os exemplos apresentados, destacaram-se aqueles que buscam contribuir para a reconstrução do Haiti. A grife Diesel Canadá, por exemplo, desenvolveu uma empresa para montar roupas de qualidade no Haiti, com peças e componentes da matriz, reinvestindo 60% dos ganhos na comunidade e no país. A Coca-Cola da Costa Rica e o Fumin têm um projeto chamado Haiti Hope que visa lançar um suco de manga em vários países, criando oportunidade para cerca de 25 mil produtores da fruta no Haiti. Outro exemplo apresentado foi o do Brandaid Project, empresa de marketing do Canadá que combina marketing com design de produtos e desenvolvimento de marcas para ajudar negócios artesanais ao redor do planeta a prosperar e incrementar seu faturamento.

Os exemplos trazidos à conferência buscaram mostrar que é possível estabelecer um compromisso empresarial que interrompa o ciclo de pobreza ao investir no futuro dos empregados e dos fornecedores.

Mudanças Climáticas
Esta plenária trouxe exemplos de como empresas de grande ou pequeno porte estão considerando os riscos relacionados às mudanças climáticas em suas estratégias de negócio. Companhias de diferentes setores informaram como têm desenvolvido e implementado estratégias de redução de carbono para melhorar sua produtividade e baixar custos.

No mesmo bloco, o Carbon Disclosure Project coordenou um painel em que empresas de várias partes do continente apresentaram suas experiências sobre levantamento, auditoria e relatório de emissões de gases do efeito estufa, destacando a importância de programas de mitigação desses gases para negócios responsáveis.

Entre os casos apresentados nessa plenária, estavam o da PepsiCo, que vai lançar uma garrafa pet 100% degradável em 2012; o do Walmart México e América Central, para reduzir 20% de suas emissões de carbono. Uma das ações para atingir esse objetivo é encontrar fornecedores de alimentos que utilizem práticas da agricultura orgânica, tais como menor consumo de pesticidas e uso racional da água.

Sustentabilidade: um novo modelo para os bancos
Os bancos desempenham papel fundamental na disseminação de boas práticas de sustentabilidade e de governabilidade para a América Latina. São agentes de mudança e constroem canais eficientes de acesso ao capital. Os bancos operam em todos os segmentos econômicos, inclusive naqueles de alto impacto social e ambiental, podendo estimular ou retrair o desenvolvimento deles com políticas de crédito e de investimento. Sendo assim, qual deve ser o modelo de banco para uma sociedade sustentável?

Esta plenária teve a participação do Ethos que comentou o Protocolo Verde, tanto dos bancos públicos quanto dos privados, um exemplo de como é possível aliar sustentabilidade e ganhos financeiros.

Conclusão
Para o Fumin e o BID, essa 8ª. Conferência atingiu seus objetivos, porque, nos três dias de atividades, as discussões permitiram que os participantes pudessem ampliar e aprofundar seus conhecimentos sobre a contribuição que podem dar em favor do meio ambiente e da sociedade, gerando riqueza, bem-estar, emprego de qualidade e um entorno mais estável e propício para os negócios.

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Poluição em São Paulo: uma abordagem sobre saúde e sustentabilidade

O programa Cidades e Soluções, da Globo News, realizou uma série de dois programas para refletir a poluição em ambientes urbanos. Será que questões como saúde e poluição são levadas em conta nos projetos urbanísticos e de transporte público da cidade de São Paulo?

O programa Cidades e Soluções, apresentando por André Trigueiro na Globo News, é muito interessante para as pessoas interessadas em compreender melhor as questões que envolvem sustentabilidade no seu sentido mais geral. Aqui, quero dizer como paradigma para entender as atividades humanas como inseridas em ambientes que possuem certas dinâmicas econômicas e sociais que devem ser compreendidas, refletidas e alteradas com o objetivo final de propor diagnósticos mais interessantes e saudáveis de qualidade de vida.

Os últimos programas falaram da poluição em ambientes urbanos (especificamente em São Paulo) e dos efeitos adversos na saúde, como problemas respiratórios, arritmia cardíaca, principalmente causados por materiais particulados em suspensão e da emissão de poluentes importantes, como o monóxido de carbono. Veja os dois episódios da série aqui.

O programa teve sucesso em introduzir melhor a questão da saúde como fundamental para discutir sustentabilidade nas cidades brasileiras. Isto porque, de forma contundente, ilustra os efeitos adversos da poluição e da falta de planejamento. Problema de poluição, principalmente nas cidades do Brasil, não é causado pela urbanização excessiva e sim pela falta de planejamento. Urbanização também inclui áreas verdes que, além das funções principais de oferecer um espaço de encontro para a população e para atividades culturais, também serve como campo de drenagem de água de chuva. Urbanização também inclui a utilização inteligente do espaço, para que as pessoas desloquem-se com inteligência pela malha urbana e evitem o ir-e-vir desnecessário. E, claro, transporte inteligente, público e barato!

São Paulo sofreu um inchaço durante o século XX cujas pendências ainda são evidentes nos dias de hoje. Um cidade como essa com poucas linhas de metrô e transporte público rodoviário e ineficiente, causa poluição, acumula poluição e mata as pessoas sim. Os efeitos são causados em médio e longo prazo, mas causam doenças de natureza respiratória, como foi abordado pelo grupo de pesquisadores do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, liderado pelo Professor Paulo Saldiva, que utilizou o apresentador André Trigueiro como cobaia para as medições.

Os estudos destes pesquisadores e publicações como do Instituto Saúde e Sustentabilidade evidenciam as necessidades e contextualizam os problemas nas situações presentes e ainda convencem com seus prognósticos terríveis, caso a cidade insista no caminho errado de agora. Meu modo de pensar é que autoridades governamentais e empresários, no Brasil, devem internalizar com mais seriedade quesitos de saúde e bem estar nos projetos urbanísticos e de desenvolvimento. Uma solução eficiente, no transporte público, é aquela que beneficia os usuários (acesso a centros culturais, às regiões centrais e periféricas, etc.) reduz a poluição no ambiente e tenha manutenção eficiente. É isso que o cidadão espera. Muitas são as dificuldades, é evidente. Mas a necessidade de infra-estrutura deveria passar por cima de lobbys de empresas automobilísticas e de interesses particulares (os "diferenciados" de Higienópolis), com sanções governamentais sérias e comprometidas com o bem público. Saúde também é um bem público.

Quando é que São Paulo inovará sua gestão urbana e integrará seus diversos gabinetes e sub-prefeituras para criar um projeto urbano, de transporte e qualidade de vida? Precisamos aprender a integrar esforços e respeitar o espaço público.

Fonte: Revista Sustentabilidade

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Prática contradiz discurso e limita liderança do Brasil na futura economia verde

O mais recente relatório do IPCC novamente destaca o papel de liderança do Brasil num cenário de economia verde. A aprovação do Código Florestal, no entanto, aponta na direção contrária.

Hoje temos boas e más notícias para comentar.

As boas notícias vêm do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), apresentado durante a plenária do organismo realizada entre 11 e 13 de maio de 2011, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Ele foi elaborado com a colaboração de 120 cientistas de todo o mundo, inclusive quatro brasileiros: Marcos Freitas, Roberto Schaeffer, Segen Estefen e Suzana Kahn Ribeiro, todos do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O foco foi o papel das energias renováveis para a emergência da economia verde. O IPCC estudou vários cenários e concluiu que:
- Em 2050, a participação de fontes renováveis na matriz mundial precisa ser superior a 50% para conter o aquecimento global, estabilizando as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 450 ppm (partes por milhão), para as temperaturas não subirem acima de 2 graus centígrados;
- Hoje, as fontes renováveis são responsáveis por 13% da oferta de energia primária no mundo. Precisamos de, pelo menos, mais 35% vindos de fontes renováveis, o que é bastante possível de se atingir;
- Ao custo de investimento de 1% do PIB mundial, as fontes renováveis podem suprir 77% do consumo mundial de energia até 2050;
- Dos 300 GW acrescentados ao parque gerador de eletricidade entre 2008 e 2009, nada menos de 140 GW vieram de fontes renováveis;
- A energia elétrica tenderá a ocupar espaço protagonista na matriz energética e os combustíveis líquidos tenderão a ser cada vez mais biocombustíveis. O futuro também será de crescente participação de energias eólica e solar, as quais terão as maiores taxas de crescimento nas próximas décadas.

Dentro desse cenário otimista, o Brasil desponta como liderança na futura economia verde, pois:
- Ainda tem enorme potencial hidrelétrico;
- Pode avançar ainda mais em tecnologias para aproveitamento de biomassa; e
- Também pode se destacar em aproveitamento dos oceanos, sem falar nas energias eólica e solar.

Ou seja, em todas as fontes renováveis listadas pelo IPCC, o Brasil aparece com papel proeminente no futuro.

No entanto, parece que o país não quer essa liderança. Ou melhor, não consegue transformar em prática o discurso que o faz projetar-se como nação privilegiada num cenário que valoriza cada vez mais o capital natural como o maior patrimônio financeiro do futuro. Esta é a notícia ruim.

O que tem jogado contra essa projetada liderança brasileira é o processo interno de decisão política. Ele funciona numa lógica que não leva em consideração esse futuro mais sustentável e justonem está a serviço dos interesses da população. Sua visão é imediatista, brindando interesses particulares, e não os do conjunto da sociedade.

Um exemplo desse processo é a discussão e a aprovação do Código Florestal. O que contou mesmo para a definição do voto parlamentar foi o que podemos chamar de “jogo de poder” no Legislativo. Pouco se considerou a floresta, essa sim o bem mais valioso que o Brasil possui atualmente, comprovado mais uma vez pelo recente relatório do IPCC.

A floresta é imprescindível porque:
- Garante a preservação das fontes de água. Sem água, perdemos parte do potencial energético e agrícola. A preservação das fontes de água também é imprescindível para o modo de vida urbano – e o Brasil tem mais de 80% da população vivendo em cidades;
- Garante a biodiversidade, que se transforma em conhecimento e em fonte de renda não só para as populações locais, mas como base para grandes negócios, como a indústria cosmética e farmacêutica;
- Garante a própria atividade econômica, pois mais de 50% dela dependem de recursos das florestas;
- Cria condições para a riqueza do solo, mantendo a composição química adequada para as atividades agrícolas e impedindo a erosão e a desertificação.

Antes mesmo da aprovação do Código Florestal, o desmate na Amazônia já havia aumentado, pela expectativa de impunidade e de liberação de áreas antes consideradas intocáveis.

O mundo espera que o Brasil assuma papel protagonista na transição para uma nova economia e a Rio+20 poderá ser o palco para a consolidação dessa liderança. Mas o discurso que pôs o Brasil nessa vanguarda precisa vir acompanhado de práticas que comprovem a intenção de agir no sentido da sustentabilidade. Não é o que temos visto nem o que ficou demonstrado pela aprovação desse Código Florestal na Câmara Federal.

Tomara que o Senado e a própria Presidência da República possam consertar o estrago, recolocando o país nos trilhos de um desenvolvimento mais justo e ambientalmente equilibrado.

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terça-feira, 24 de maio de 2011

O consumo e as boas causas

(Tema de "Ethos na CBN" no dia 18/05/2011)

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou o fim do uso de sacolas plásticas pelo comércio no município. Outras cidades, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Jundiaí, já fizeram o mesmo. Trata-se de medida que se espalha pelas cidades brasileiras e demonstra fato já observado na pesquisa Sustentabilidade Aqui e Agora, realizada pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Walmart no ano passado. Naquele levantamento, 69% dos entrevistados afirmaram que carregariam suas compras em sacos ou sacolas de outro material, se as plásticas deixassem de existir. Fariam isso em favor da preservação do meio ambiente.

A tendência de adotar novas atitudes em prol de uma causa também foi detectada por um estudo da Edelman, uma das maiores agências de relações públicas do mundo. No final do ano passado, ela divulgou uma pesquisa mundial sobre tendências de consumo chamada Good Purposes (Bons Propósitos), em que fica demonstrado que o consumidor global compraria produtos de marcas aliadas a causas.

O estudo entrevistou 7.259 pessoas, em 13 países, e apresenta alguns resultados interessantes. Os países pesquisados foram Alemanha, Brasil, Canadá, China, Emirados Árabes, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Itália, Japão, México e Reino Unido.

Alguns dos resultados:
- 86% dos entrevistados em todos os países acreditam que as empresas devem dedicar igual peso e relevância aos interesses da sociedade e a seus próprios interesses de negócio;
- 8 em cada 10 consumidores no Brasil e no México comprariam produtos de empresas que apóiam boas causas, em comparação com pouco mais de metade (54%) dos consumidores das maiores economias ocidentais;
- Quase dois terços dos respondentes globais (64%) acreditam que já não é possível que as empresas se limitem a fazer doações. É necessário que elas integrem boas causas no dia a dia do seu negócio;
- 62% dos entrevistados nos 13 países estão dispostos a trocar de marca em razão da boa causa que esta apóie.
- Na análise comparativa desde 2007, ano em que essa pesquisa foi feita pela primeira vez, inverteu-se o nível de confiança dos consumidores em relação a atitudes concretas das companhias sobre causas de interesse coletivo. Enquanto a crença em que as marcas realizam algo neste sentido saltou de 46% para 64% entre 2007 e 2010, a visão de que a maioria nada pratica caiu de 51% para 32% no mesmo período.

No recorte sobre os resultados brasileiros, chama a atenção o ganho de autoconfiança do consumidor em relação à sua capacidade de ser agente de transformação. Subiu de 1%, em 2009, para 11%, em 2010, a crença na capacidade de influenciar a empresa e a sociedade por meio da defesa de uma causa. Mas, ainda assim, a porcentagem é baixa. De qualquer modo, para os especialistas da Edelman, o Brasil “puxa” a tendência mundial na qual o consumidor é, hoje, um consumidor-cidadão, para quem, antes de adquirir o produto, é preciso refletir sobre o que a marca entrega à sociedade.

Nesse sentido:
- 80% recomendariam a compra de uma marca vinculada a alguma causa relevante;
- 81% declaram confiar mais em marcas que são ética e socialmente responsáveis; e
- 84% acreditam que consumidor e marca, juntos, podem fazer mais por uma causa do que se atuassem de modo separado.

No que tange ao meio ambiente, 79% dos brasileiros acreditam que ajudam a preservá-lo. A média global é de 71%. China e México têm porcentagens mais altas que as brasileiras.

É interessante cruzar esses dados sobre o Brasil com os da pesquisa Responsabilidade Social das Empresas: Percepção do Consumidor Brasileiro, resultado de uma parceria entre o Instituto Ethos, o Instituto Akatu e o Ibope. Entre as práticas de RSE das empresas, 80% dos consumidores valorizam as práticas relativas às relações do trabalho, principalmente aquelas que promovam a diversidade e a equidade de gênero e raça, bem como a igualdade de oportunidades e de salários.

Isso faz sentido. Dados do IBGE relativos ao Censo 2010 mostram que pouco mais de 50% da população são constituídos por mulheres; e também pouco mais de 50% dos brasileiros e das brasileiras se consideram negros.

No entanto, a pesquisa Ethos-Akatu revela que a promoção da diversidade e a equidade de gênero e raça e a igualdade de oportunidades e de salários são prioritárias para apenas 44% das empresas ouvidas no levantamento.

A edição de 2010 da pesquisa Ethos-Ibope Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil mostra que o funcionário “médio” dessas corporações ainda é homem e branco. Negros, mulheres e deficientes têm pouca participação nos quadros funcionais, notadamente naqueles de mais alta hierarquia.

Se a porcentagem dos consumidores que se vêem como agentes de transformação subir para mais de 11% e tomar a atitude de punir as empresas que não promovam equidade de gênero e raça em seus quadros, teremos uma revolução no mercado de trabalho, não?

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Será que vamos ter de pintar nossos telhados de branco? E em 180 dias?

Pintar de branco os telhados das edificações dos centros urbanos está sendo apontado como forma de diminuir a temperatura nas ilhas de calor.

A solução carece de mais embasamento científico e ainda não foi adotada em nenhum país ou cidade de forma generalizada. No entanto, tramita na Câmara Municipal de São Paulo um projeto de lei que, se aprovado, não só vai obrigar todo paulistano a pintar seu telhado de branco como a fazer isso em 180 dias a contar da data de publicação da lei.

Trata-se do Projeto de Lei 01-0615/2009, que propõe integrar ao conteúdo do Código de Obras e Edificações (Lei n.º 11.228/1992) as seguintes determinações:
- Todos os telhados e coberturas das edificações deverão ser da cor branca;
- As edificações terão 180 dias para se adaptar (ou seja, pintar o telhado de branco), a contar da data de publicação da lei;
- As despesas com a adaptação correrão por conta dos proprietários, sem incentivo do poder público.

Esta solução vale o custo e o aborrecimento que vai causar aos cidadãos desta cidade? O telhado branco de fato resolve o problema das ilhas de calor? Para o Conselho Brasileiro da Construção Sustentável (CBCS), não.

Solução inócua
Em seu documento Posicionamento sobre Tetos Frios, o CBCS não recomenda nenhuma política pública que torne obrigatória a solução proposta pelo PL 01-0615/2009, de pintar de branco todos os telhados da cidade de São Paulo, seja nas edificações novas, seja nas já existentes. O conselho acredita que não se deve privilegiar uma cor ou uma alternativa técnica em detrimento de outras.

A entidade recomenda o uso de toda e qualquer solução que possa reduzir a carga térmica e combater as ilhas de calor, tais como: telhados frios, tetos verdes, isolamento térmico de telhado, arborização urbana, pavimentos frios etc. E que o uso de qualquer técnica seja promovido no mercado brasileiro por seus reais benefícios.

O CBCS avalia também que a adoção de qualquer alternativa precisa ser feita a partir de pesquisas sistemáticas capazes de gerar normalização que proteja a sociedade de soluções inadequadas, seja pelo baixo desempenho, pela curta durabilidade ou pelo elevado impacto ambiental, entre outros aspectos.

Organização criada em 2007 para articular lideranças empresariais, pesquisadores, consultores, profissionais atuantes e formadores de opinião e induzir o setor da construção a utilizar práticas mais sustentáveis, o CBCS se debruçou sobre o referido PL, estudou o assunto e pesquisou alternativas para chegar a essa conclusão.

Vale ressaltar que é louvável a preocupação com a questão climática na capital paulista, notadamente com o fenômeno das “ilhas de calor”, locais que apresentam temperaturas mais altas na cidade, em razão da grande concentração de asfalto e concreto. A diferença de temperatura entre o centro da capital e as áreas periféricas chega a ser de 10 graus Celsius, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que realizou mapeamento térmico da cidade com apoio do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

Esse fenômeno aumenta o desconforto térmico das pessoas, pois, mesmo à noite, a temperatura não baixa. Com isso, sobem também os custos de climatização de residências e edifícios comerciais, aumentando ainda mais o consumo de energia.

É preciso enfrentar essa situação, mas obrigar a adotar uma única alternativa – no caso, pintar o telhado de branco – não resolve e o CBCS enumera as seguintes razões:
- Descaracterização de conjuntos históricos;
- Ofuscamento e desconforto visual para ocupantes de edifícios vizinhos, aviões e helicópteros;
- Rápida perda da capacidade reflexiva da superfície pintada com tintas convencionais, pelas características do clima brasileiro. No verão, há muito calor e muita chuva; a tinta acaba sendo levada pelas águas e a pintura precisa ser refeita constantemente, causando impactos ambientais que reduzem os benefícios, bem como a colonização por fungos e outros microorganismos com pigmentos escuros.
- Falta de referenciais, no Brasil, a respeito do desempenho e da durabilidade dos produtos nas várias condições climáticas do país. As certificadoras internacionais exigem três anos de envelhecimento natural no clima da região em que o produto será utilizado.
- Alto risco nas operações de limpeza e manutenção dos telhados, que precisam ser periódicas. Ao contrário de outros países, no Brasil a quase totalidade dos telhados é inclinada, sem acesso adequado e com telhas de cerâmica ou fibrocimento, que podem quebrar sob o peso de uma pessoa caminhando.

Diante disso, o CBCS propõe as seguintes alternativas:
- O uso de materiais “frios”, capazes de refletir parte significativa da radiação sobre os telhados, fachadas e pavimentos em climas quentes, é uma alternativa para melhorar o conforto térmico nas edificações e diminuir o consumo de energia. Telhas de alumínio ou galvanizadas, películas com barreiras de radiação, isolantes térmicos e dispositivos de sombreamento reduzem o calor nas edificações, embora não tragam benefícios urbanos.
- O “telhado verde”, ou seja, o uso de vegetação em telhados, fachadas e ruas, reduz o calor e traz ganhos para a cidade. Produz sombra e evaporação, tornando o ar mais úmido, retém água da chuva, contribuindo para diminuir as enchentes, e aumenta a biodiversidade.
- O estabelecimento de políticas públicas que promovam a arborização urbana trariam enormes benefícios no curto e no longo prazo.

Enfrentar as conseqüências do aquecimento global exige proatividade. Mas esta de maneira alguma deve ser confundida com precipitação ou pressa. Qualquer nova tecnologia ou solução precisa estar calcada em estudos e pesquisas exaustivos. Caso contrário, em vez de resolver, trará mais prejuízos ambientais, sociais e econômicos.

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Última semana da consulta pública sobre a versão intermediária dos Indicadores Ethos - 3ª. Geração

As empresas e demais interessados terão até o dia 30 de maio de 2011 para participar da construção da nova versão da ferramenta, por meio da pesquisa virtual, que se iniciou em 28 de abril de 2011.

A necessidade de um novo processo de revisão, a partir da versão 2007 dos Indicadores Ethos, deu-se com a evolução das discussões em torno da gestão da responsabilidade social empresarial e o sólido aumento do comprometimento das empresas com o tema. A proposta é alinhar a ferramenta com a Plataforma por uma Economia Inclusiva, Verde e Responsável, iniciativa do Instituto Ethos, em parceria com a Alcoa, a CPFL, a Natura, a Suzano, a Vale, o Walmart e a Roland Berger, cujo propósito é estimular as empresas e o Brasil a promover a transição para essa nova economia.

O processo de revisão para a terceira geração dos Indicadores Ethos contempla duas etapas. A Versão Intermediária, que será lançada em agosto de 2011, tem como objetivo apresentar uma proposta de convergência entre os Indicadores Ethos, as Diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI) e a ISO 26000 – Norma Internacional de Responsabilidade Social. O lançamento da Versão Final está previsto para outubro de 2012, com envolvimento de diversas partes interessadas na construção da terceira geração.

Para acessar o PDF da Versão Intermediária dos Indicadores Ethos – 3ª. Geração, clique aqui.

Para saber mais sobre o processo de revisão, clique aqui.

Para participar da consulta pública (virtual), clique aqui.

O processo de revisão dos Indicadores Ethos – 3ª Geração conta com o patrocínio da Shell e o apoio da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).

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