quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sustentabilidade como motor do desenvolvimento industrial?

Pedro Passos, copresidente do Conselho de Administração da Natura Cosméticos, é o novo presidente do IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Estaria a entidade, até agora mais preocupada com juros e câmbio, mudando de paradigma e aderindo ao desenvolvimento sustentável?


Pedro Passos é um dos empresários brasileiros mais inovadores e bem-sucedidos da geração que iniciou os negócios nos anos 1970. Junto com Guilherme Leal e Luiz Seabra, consolidou a Natura Cosméticos como empresa de classe internacional e sustentável.
Passos foi escolhido para comandar o Iedi com o objetivo de pôr a sustentabilidade na pauta do desenvolvimento industrial brasileiro. Trata-se de uma importante mudança de paradigma numa entidade que tem entre seus membros representantes de setores tradicionais da indústria, normalmente refratários às teses do desenvolvimento sustentável.
O Iedi foi criado em 1989 por um grupo de empresários como resposta ao cenário dos anos 1980, de baixo investimento industrial e desemprego crescente. Estes industriais brasileiros resolveram criar um instituto privado porque entendiam que pensar o desenvolvimento de seu país é uma importante e indelegável tarefa para cumprir com a Nação. Estudou e formulou recomendações de aperfeiçoamentos e reformas em muitas áreas, como abertura e integração comercial com o resto do mundo, competitividade, educação, estrutura tributária, financiamento do desenvolvimento econômico, políticas de desenvolvimento regional e de apoio à micro e pequena empresa, política tecnológica, dentre outros. Apresentou ao governo e à sociedade propostas de política de desenvolvimento industrial para o Brasil. Ultimamente, vem se debruçando sobre a questão externa, publicando vários trabalhos sobre juros e câmbio.
A escolha de Pedro Passos para comandar a entidade no próximo biênio reforça a posição dos setores industriais que pregam a troca dos temas nos debates sobre desenvolvimento industrial. Em vez de discutir se os juros podem cair mais, refletir qual a agenda da indústria para o século 21, num cenário de dilemas mais profundos do que aqueles que levaram à própria fundação da entidade. O que está em jogo é qual indústria que queremos e precisamos para dar conta de superar nossas desigualdades sociais e garantir o equilíbrio ambiental com crescimento econômico. Por já ter encontrado soluções criativas em seu próprio negócio, Pedro Passos parece ser a pessoa indicada para dirigir uma entidade que tem tido grande influência na definição dos caminhos da industrialização recente do país.
No âmbito institucional, Passos acredita que a questão ambiental precisa ser equacionada e, com isso, impulsionar o desenvolvimento da indústria no Brasil. No plano internacional, ele prega uma posição mais ativa e menos conservadora do país, buscando posicionar-se com destaque nas discussões a respeito das mudanças climáticas.
Para Copenhague, Passos não acredita que o Iedi possa ser muito decisivo, uma vez que dezembro está bem próximo. Mas, para 2010, ele acredita que a entidade possa novamente influenciar o debate sobre sustentabilidade em todas as candidaturas.
Um dado importante: Pedro Passos não vê dicotomia entre sustentabilidade e custo. Para ele, desenvolvimento sustentável é exercício de cidadania, não de cálculo de custo. Trata-se de definir o país que queremos para o século 21, os custos vêm depois.

Comentário feito por Sérgio Mindlin em 21 de setembro de 2009, no boletim Responsabilidade Social, transmitido pelo programa CBN Total da rádio CBN FM, ás segundas, quartas e sextas-feiras, às 15 horas. Clique aqui para ouvir.

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