Texto enviado por Ricardo Young
Presidente do Instituto Ethos
Copenhague, 25 de maio de 2009
Pelo menos 700 CEOs de todo mundo estão reunidos em Copenhague, capital da Dinamarca, na Cúpula Empresarial de Mudanças Climáticas, para debaterem o papel das empresas na redução das emissões de carbono. O encontro é uma tentativa de unir a agenda da crise financeira com a da crise climática para levar à mesma Copenhague, no final do ano, uma agenda do mundo corporativo para a reunião COP 15 (Conferência Mundial sobre Clima das Nações Unidas).
O objetivo é que ela possa contribuir para aproximar governos em divergências ainda importantes para que a COP 15 em Copenhagen surja como a Conferência que fundamentará as bases de um novo ciclo de desenvolvimento pautado pela baixa emissão de carbono. Foi neste encontro e com este espírito que Al Gore iniciou a sua fala, logo após a abertura do Secretário Geral da ONU, Ban-Ki Moon.
Gore pontuou a tripla crise - a climática, a econômica e a de segurança energética - como resultantes de uma mesma causa: a profunda dependência que a humanidade tem de energia fóssil ( não disse, mas deveria, daquela parte da humanidade que tem acesso a ela...). Disse que o grande imperativo é sair da dependência de energias fósseis para as infinitas fontes de energia limpa e renovável do Sol, dos ventos e da energia geotérmica. Falou dos muitos exemplos nesta mesma direção como a da Dinamarca que já tem 25% de sua energia em base éolica ou mesmo das recentes medidas do Presidente Obama que estabeleceu metas de redução de emissões para a indústria automobilística e o cancelamento literal da construção de plantas termoelétricas movidas a carvão. Disse ainda que é indispensável que se crie valor para a mitigação de CO2, pois um gás invisível e inodoro dificilmente será reduzido sem compensação econômica. Gore também pontuou a crescente coragem e determinação do governo Obama de transformar os Estados Unidos independente de energia fóssil até 2020. Comparou a recente fala de Obama quando das metas de redução das emissões a de Kennedy no início da década de 60 sobre colocar o homem na Lua até o final da década. Reiterou a necessidade de ousar e sonhar para que o desafio da energia sustentável toque o imaginário das pessoas, sem o qual, não haverá o esforço necessário.
A fala de Gore foi enfática e determinada. Também aproveitou para reiterar um dos principais temas defendidos pelos EUA para Dezembro, ou seja, mecanismos de mercado como parte da nova regulação de serviços ambientais. Mas o mercado que ele se refere, seria um novo mercado, eivado de valores éticos e humanos. Como? Finalizou dizendo que esta geração será julgada pelas próximas e se elas nos acusarem de não termos tomado as ações que nosso tempo nos convoca, teremos falhado lamentavelmente.
Neste aspecto tanto Ban Ki-moon como Al Gore deram o tom: Copenhagen terá que ser o marco zero de uma nova economia e visão de desenvolvimento. Estabelecerá as bases para as regras de mercado e de regulação governamental e multilateral para os próximos 20 anos e isso tem que ser feito este ano sob pena da coesão política conseguida até aqui fragilizar-se e tornar tudo muito mais complicado. De fato, as mudanças climáticas não tem esperado em sua perigosa escalada.
Apesar do bom início, as lideranças empresariais presentes não pareciam estar a altura do debate. Limitaram-se a expressar concordância com o imperativo da economia verde mas não conseguiam dizer qual era a agenda do mundo dos negócios. Qualidade sofrível o debate dos CEOs. Considerando-os parte da poderosa elite mundial que será determinante para a mudança, é preocupante.
Por: Ricardo Young
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Direto de Copenhague, Ricardo Young comenta a Cúpula Empresarial de Mudanças Climáticas
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