quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Incineração de lixo gera energia elétrica e negócios

Um dos problemas ambientais mais sérios de qualquer cidade, no Brasil e no mundo, é a poluição por resíduos sólidos, ou lixo. Na capital paulista, por exemplo, os caminhões de coleta recolhem 10 mil toneladas de lixo diariamente, que vão aterros já saturados e distantes do centro. Distância e quantidade de lixo a recolher vem tornando a atividade um desafio logístico para as empresas. Uma solução já adotada em algumas cidades do mundo pode ser a construção de usinas de energia elétrica gerada pela queima deste lixo.

A incineração de lixo sempre foi proibida por causa do carbono que despejava no ambiente. Hoje, graças a uma moderna técnica – o plasma térmico -, este calor não virá fumaça, pelo contrário, pode ser utilizado para movimentar turbinas de usinas de energia elétrica. A cidade de Ottawa, no Canadá, está construindo um equipamento assim. A instalação será capaz de transformar 400 toneladas de lixo em 21 megawatts de energia, suficientes para suprir uma cidade de 20 mil habitantes. Em vez de fogo, usam-se tochas de plasma ultraquente que transformam o lixo num gás que impulsiona as turbinas geradoras de eletricidade, e resíduos sólidos que são utilizados na indústria de cimento ou para pavimentar vias públicas. O investimento necessário para uma usina assim está calculado em torno de 125 milhões de dólares (ou pouco menos de 300 milhões de reais).
É um procedimento, portanto, que não tem nada a ver com o aproveitamento do gás metano, gerado pelo lixo depositado nos aterros. Por este novo sistema, não haverá mais aterros e sim usinas de eletricidade. Os resíduos coletados passarão por uma triagem para separação dos materiais recicláveis. Aqueles não-recicláveis serão incinerados para gerar energia elétrica.
A adoção deste sistema no Brasil é mais do que uma alternativa. É uma necessidade. Metrópoles como São Paulo já não têm mais áreas disponíveis para aterros sanitários. A capital paulista produz 10 mil toneladas de lixo diariamente que são levados para terrenos cada vez mais distantes, encarecendo o processo. No litoral paulista, por exemplo, durante a temporada de verão, o lixo precisa subir a serra para ser depositado em um dos aterros da região metropolitana.
O Brasil domina a tecnologia do plasma térmico para outras finalidades que não a geração de energia elétrica. O principal avanço obtido nos países onde se emprega este método é obter o gás que vai impulsionar as turbinas a temperaturas inferiores a mil graus centigrados.
Incentivos fiscais e investimentos privados podem acabar com esta defasagem tecnológica.
A adoção da incineração vai exigir, no entanto, um árduo trabalho de articulação entre as partes interessadas, incluindo a área pública. Isto porque, no papel, incinerar lixo ainda é mais caro do que recolher e dispor em aterros. Hoje, a prefeitura de São Paulo, para dar um exemplo, paga 40 reais por tonelada de lixo recolhido e disposto em aterro. Para haver a incineração, seriam necessários 200 reais por tonelada. A falta de terrenos para aterro tende a tornar viável a incineração com geração de energia.
Mas, uma conversa em as distribuidoras de energia, as empresas coletoras de lixo, a sociedade e os órgãos públicos pode resolver os impasses. Uma das primeiras medidas que as empresas de engenharia e construção – que dominam a área de resíduos sólidos –demandam a criação de um regime tributário especial para a incineração. Também pretendem agilizar a tramitação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (cujo gargalo, vale ressaltar, é a questão da co-responsabilidade da cadeia produtiva na geração e destinação do resíduo).

Comentário feito por Ricardo Young no programa CBN Total de 31 de agosto de 2009. Clique aqui para ouvir.

6 comentários:

  1. Este sistema de geração de nergia não fica além das nossas condições financeiras?

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  2. gostaria de saber, quantas usinas desse tipo existe no brasil.

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  3. No japão, 62% do lixo vira energia.

    Na suiça, 59%, na frança, 37%

    No brasil? zero. Porque não existe nenhuma usina no brasil devido a falta de políticos e empresários visionários...

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  4. A incineração é um processo inviável aqui no brasil, pois o custo é alto, e haverá elevação na taxa de desemprego, pois a máquina reduzirá a necessidade de mão de obra.
    DIGA NÃO A INCINERAÇÃO

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  5. Os países que utilizam incineração, como forma de reduzir lixo nos centros urbanos, hoje precisam importar lixo para manter o investimento alto na permanencia do forno, de onde será que sai esta verba?

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  6. E o papel social?..onde fica o catador neste processo? vale pensar......

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