sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O IDS e o desenvolvimento sustentável no Brasil

O IBGE divulgou, esta semana, o relatório do Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) 2010, que pretendia dar resposta a esta pergunta. Ele reúne uma série de dados num sistema de informações que permite acompanhar a sustentabilidade do desenvolvimento econômico brasileiro. Os dados estão divididos em quatro dimensões: ambiental, social, econômica e institucional.

De modo geral, o IDS 2010 mostra evolução em todos os indicadores dos quatro temas pesquisados. O relatório registra, por exemplo, em relação ao meio ambiente: diminuição nos focos de queimadas e no desmatamento da Amazônia. Mas aponta a devastação do cerrado e a (quase) extinção da Mata Atlântica, já que restam menos de 10% da floresta original. Na dimensão social, o IDS registra a diminuição da igualdade, mas destaca que, mesmo assim, as disparidades sociais e regionais ainda são muito altas. Na macroeconomia, destaque para a estabilidade de produção e consumo, para o aumento do consumo de energia sem o incremento da eficiência; e para a reciclagem de latas de alumínio, que atinge 90%. Na dimensão institucional, os avanços se concentram no maior acesso à telefonia e internet e na ratificação, pelo país, de mais de 30 acordos internacionais. Mas as desigualdades sociais e regionais, bem como os impactos ambientais ainda persistem. Portanto, ainda temos um longo caminho pela frente pelo qual parece que caminhamos a passo de tartaruga. As mudanças necessárias para o desenvolvimento sustentável não estão sendo discutidas nesta campanha política. As ações anunciadas nos palanques não indicam que vamos acelerar a marcha. As informações do IDS, que dizem respeito a 2009, não estão se quer mencionadas nos programas dos candidatos. Mais do que saber sobre o passado, precisamos olhar para o futuro dos ecossistemas e biodiversidade, nossa maior riqueza.

Na próxima semana, em Curitiba,haverá um seminário internacional para discutir justamente isso: o valor dos ecossistemas e da biodiversidade para o desenvolvimento local e regional.

A idéia é que o Brasil e outros países do continente se engajem na iniciativa internacional em andamento, denominada Teeb - A economia dos ecossistemas e da biodiversidade.

O Teeb foi feito para atender a demanda dos ministros do Meio Ambiente dos países do chamado G8+5, que reúne EUA, Reino Unido, Canadá, Japão, Itália, Alemanha, França e Rússia, mais cinco das principais nações emergentes: África do Sul, Brasil, China, Índia e México. Na reunião do Pnuma em 2007, eles solicitaram um estudo que mostrasse o impacto econômico gerado pelas perdas da biodiversidade. Num primeiro levantamento, o estudo do Teeb revelou que o prejuízo anual da economia global com desmatamento chega a 4,5 trilhões de dólares, o equivalente ao PIB do Japão. Quanto trazem de benefícios a preservação e o uso sustentável da natureza é algo que o Teeb está calculando junto com governos e sociedade civil no mundo todo. Somos nós que vamos definir o valor que damos para as riquezas e o patrimônio natural.

Conscientes da importância dos ecossistemas e da biodiversidade para a sobrevivência dos próprios negócios, um grupo de empresas e ONGs lançou em São Paulo, o Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. O objetivo é influenciar o governos brasileiro a levar uma posição avançada à Conferência de Nagoia, em outubro, e a aprovar uma legislação específica para o tema, a exemplo do que fez com as mudanças do clima.

Estes dois eventos demonstram que a sociedade brasileira está preocupada, mexe-se e quer um desenvolvimento com sustentabilidade. Falta exigir que as instituições públicas caminhem no mesmo passo.

Na verdade, em que pesem os avanços, ainda somos uma sociedade de desperdício e de desigualdade e não vamos superar este padrão se não construirmos um outro modo de produzir e consumir.

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