Por Thiago de Assis
Depois de transitar com muito vai-e-vem pelos âmbitos científico, acadêmico, empresarial e político, o conceito da Sustentabilidade finalmente chega à casa das milhões de famílias brasileiras. Além do resultado da rodada do futebol do dia anterior e da condição climática para o final de semana, os impactos do descarte de lixo doméstico ou do consumo residencial de água no aquecimento global passam a fazer parte da pauta de assuntos e preocupações cotidianas de boa parte dos cidadãos brasileiros.
Em outras palavras, depois que a palavra Sustentabilidade foi dita e “martelada” na consciência do cidadão uma porção de vezes durante os debates e a propaganda política das eleições para presidente e governador, o tema definitivamente entrou na agenda de prioridades da sociedade (e da mídia em geral) como relevante para seu envolvimento, contribuição e aplicação.
Este cidadão comum, que por sua vez também é um cliente de empresas e consumidor de produtos e serviços, cada vez mais se questiona em relação ao seu papel como agente de transformação e, por conseqüência, busca informações sobre como transformar seus hábitos e ações em aplicação da Sustentabilidade. Algumas das questões que se colocam são: Como devo contribuir? O que devo fazer para cumprir minha obrigação e co-responsabilidade? E quanto se fala de co-responsabilidade, cada pessoa (em seus diversos papéis: cidadão, consumidor, familiar, líder, etc) ou organização de pessoas (empresa, governo, entidade, associação, etc) tem sua “parcela de culpa e responsabilidade no cartório”.
Quando avaliamos o papel das empresas, outros pontos aparecem, tais como: Qual deve ser o conjunto de filosofias, ações e premissas que as empresas devem seguir, respeitar e incentivar para se tornarem qualificadas como praticantes da Sustentabilidade (considerando seus aspectos econômico, social e ambiental – triple bottom line)? Quão profunda ou ampla deverá ser a defesa de tais conceitos em sua adoção corporativa? E quais os resultados esperados para a empresa, para seus públicos de interesse e para o entorno?
Essas são questões complexas e existenciais, que mexem profundamente na cultura e no modelo de negócio das empresas, e que deverão ser respondidas no curto prazo por livre e espontânea pressão estratégica. Com o pequeno agravante de que a intensidade de cobrança das relações de co-responsabilidade entre os diversos envolvidos (e culpados) aumenta exponencialmente no ritmo das redes sociais digitais.
Neste contexto, não há espaço para a falta de transparência ou de diálogo contínuo com os diversos públicos de interesse, seja em relação a demandas relacionadas à postura sustentável da empresa ou não, pois o simples fato de atuar nas redes sociais representa uma oportunidade de aplicar a Sustentabilidade na prática.
Dessa forma, a aplicação digital da Sustentabilidade (ou o desenvolvimento de uma política e conduta de Sustentabilidade Digital) representa uma aplicação essencial do tema para as empresas conscientes e comprometidas com sua relação. Porém, um ponto importante a ser destacado se refere ao fato de que a Sustentabilidade Digital não é uma abordagem isolada de uma ou outra empresa, mas sim uma postura e compromisso setorial que não deve incluir apenas empresas, mas que fundamentalmente envolve o usuário e demais agentes como governo, universidades e ONGs.
Ou seja, de nada adianta a empresa ser digitalmente responsável se o usuário, consumidor ou funcionário não fizer sua parte.
Como a Web é uma rede de relações e relacionamentos, todos os agentes estão correlacionados e são, portanto, interdependentes e co-responsáveis por sua governança e utilização responsável.
Dessa forma, a definição de um Código de Conduta para a Atuação Digital Sustentável nas empresas se faz premente. Como a próprio conceito de Sustentabilidade demanda a construção conjunta e colaborativa (co-construção), colocamos a primeira pedra sugerindo as 5 primeiras políticas e diretrizes para as empresas se tornarem digitalmente sustentáveis.
SUSTENTABILIDADE DIGITAL
a) Responsabilidade no Relacionamento com Públicos de Interesse: Adoção de clareza e respeito à permissão de interação e acesso dada por cada público e adequação da mensagem, conteúdo e formato da informação (e rede de interação) ao seu interesse e perfil.
b) Transparência na Comunicação Institucional: Garantir correção, atualização e prontidão na disponibilização de dados e informações de interesse e relevância para cada público.
c) Transparência nos Processos de Transação Online: Garantir a realização de compras, vendas, aquisições, licitações, leilões e demais formas de transação com condições claras e regras bem definidas, evitando erros de compreensão ou indução ao erro.
d) Responsabilidade no Monitoramento: Monitorar o comportamento do usuário para evitar fraudes à empresa ou aos públicos de interesse definindo os devidos limites entre monitoramento e invasão de privacidade.
e) Utilização Devida da Propriedade Intelectual: Utilizar de forma responsável a propriedade intelectual através da citação de fontes e autores, no caso de conteúdo de terceiros, e da adoção de dispositivos de proteção de capital intelectual quando proprietário, bem como incentivo aos demais públicos de interesse sobre esta diretriz.
Fonte: blog Webcontexto
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