A certeza de que não alcançaremos a sustentabilidade de uma sociedade se não olharmos também para a dimensão política e social.
O desafio que se coloca para os governos, as empresas e a sociedade civil é integrar e equilibrar ações nas áreas política, social e ambiental. Será um erro se houver a prevalência de uma destas áreas sobre as demais.
Há o risco de termos um olhar mais voltado para o ambiental e chegarmos a utilizar muitas vezes sustentabilidade como sinônimo de ações ambientais.
Na verdade as políticas de mitigação das mudanças climáticas devem estar integradas com a geração de emprego, redução da pobreza e desigualdade social e ao mesmo tempo evidenciar a necessária participação política da sociedade, reforçando desta maneira os mecanismos democráticos.
No caso do Egito, de nada adiantaria ser um exemplo em ações ambientais se abriga um regime autoritário e sem liberdade de expressão e uma condição social deplorável de seus cidadãos com altas taxas de desemprego e elevado custo de vida, dificultando a sobrevivência das pessoas e a esperança por um futuro melhor para as gerações.
Por isso é importante que espaços de debate como Davos e Dakar, que tem por objetivo a construção de uma visão de futuro da sociedade, estejam cada vez mais atentos a esta abordagem integrada.
O encontro de Davos acabou no último final de semana. Lá o foco esteve dirigido às questões econômicas e ao final passou a mensagem de um certo alívio para 2011 devido a perspectiva de recuperação da economia americana e a pujança dos paises emergentes.
Se não forem incluídos neste cenário considerações de natureza social e ambiental, muitos governos e empresas podem errar em suas tomadas de decisões, por desconsiderarem seus efeitos na sociedade.
Se quisermos limitar a análise a uma ótica puramente econômica os problemas sociais e ambientais são responsáveis cada vez mais por demandar crescentes fatias do PIB dos paises.
Qual o custo gerado pelos problemas sociais que vive hoje o Egito ? O aumento do petróleo, o impacto na economia de vários paises, a redução do turismo e o intangível sofrimento das pessoas, que é o maior dos problemas.
Qual o custo dos problemas ambientais nos paises? Há estudos que apontam para o investimento de recursos da ordem de 10% do PIB.
Qual o custo da crise política gerada pela ditadura? O ambiente de guerra civil que vive hoje por exemplo o Egito.
Qual o custo da crise financeira? A crise de 2008, teve um custo que mudou a vida de muitos paises e pessoas devido as recessões que provocou.
Davos acabou no ultimo final de semana e neste teve inicio seu contraponto; o Fórum Social Mundial que ocorre em Dakar.
No FSM o desafio é propor modelos de organização da sociedade que tenham como objetivo central o atendimento das necessidades humanas.
A partir desta premissa surgem uma série de propostas para os governos, empresas e sociedade que podem contribuir para evitar problemas que temos vivenciado.
Como exemplo, poderíamos citar:
Na área financeira a proposta que surgiu há muitos anos para criação de um imposto sobre transações financeira globais denominada taxa Tobin, que além de criar um grande fundo para soluções de problemas sociais permitiria o mapeamento da movimentação financeira o que poderia ter evitado a especulação que deu origem à crise de 2008.
Na dimensão política as ditaduras são sempre objeto de protestos e propostas de ações que induzam seu fim.
Na questão da governança global, a idéia de um maior equilíbrio entre os paises sempre ocupa grande espaço da agenda.
E na questão ambiental surgem assunto instigantes como a revolução azul (no mar), a revolução verde (na terra) e as nova forma de geração de energia.
O importante é podermos extrair destes fóruns o que de melhor oferecem, estarmos abertos às suas provocações e tratar sem preconceitos as idéias que ali surgem.
Podem servir como inspiração para governos, empresas e sociedade civil a prevenir e evitar problemas como os que temos vivenciado.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
O que une o Cairo, Davos e Dakar?
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Ethos na CBN
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