Dois dos desafios mais importantes que precisamos superar para construir o desenvolvimento sustentável é mudar a maneira de pensar e, com isso, elaborar novos conhecimentos. Não se trata de um esforço restrito apenas a cientistas; é preciso o engajamento de todos os cidadãos para que esta transformação ocorra. O Estado tem um papel decisivo nesta “virada”, com a definição de políticas educacionais, de pesquisa e de inovação voltadas para a sustentabilidade. Mas as empresas também têm e podem desempenhar um papel fundamental na transformação.
Ok, todo mundo sabe disso. Mas, concretamente, o que uma empresa pode fazer para ajudar a mudar corações e mentes? O Grupo HSBC adotou um programa internacional chamado “HSBC Climate Partnership” ou Parceria do Clima HSBC. Com a ajuda de três organizações de pesquisa ambiental e climática internacionais, o banco criou cinco centros climáticos no mundo, que são bases de pesquisas científicas. Eles ficam localizados em florestas da China, Brasil, Índia, Reino Unido e Estados Unidos. Todos os meses, para cada um destes locais, são encaminhados grupos de 12 funcionários que passam 15 dias em um trabalho científico de coleta de informações das florestas. Este material será, depois, analisado por cientistas e darão origem à maior experiência de campo do setor privado sobre o impacto das mudanças do clima em florestas temperadas e tropicais.
O centro brasileiro desta iniciativa do HSBC fica na reserva do rio Cachoeira, na cidade de Antonina, no Paraná, que abriga floresta de Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade e dos mais ameaçados pela ação humana. Este centro é base da experiência para a América Latina, já tendo recebido 308 funcionários do HSBC, 92 dos quais brasileiros. Durante estes quinze dias, os funcionários convivem sem hierarquias diferenciadas, dividindo o mesmo alojamento, dividindo as tarefas domésticas e aprendendo juntos. Medem árvores, recolhem frutos e folhas, levam amostras ao laboratório e os catalogam. A turma seguinte continua o trabalho do ponto em que a anterior deixou. O monitoramento vai seguir até 2012. Ao final do trabalho de campo, o grupo tem aulas noturnas de sustentabilidade, nas quais são discutidos casos reais e hipotéticos de riscos.
A partir da experiência na floresta, o funcionário muda a “visão de mundo” e, por extensão, da maneira de trabalhar. Com isso, dá outra qualidade às decisões sobre gerenciamento de riscos e sobre identificação de novas oportunidades de negócio, de práticas sustentáveis e de engajamento de clientes e fornecedores, entre outros assuntos. A iniciativa, que merece todo o apoio, desperta, no entanto, algumas questões:
- esta experiência impacta a análise da carteira de clientes?
- os clientes do banco promovem que tipo de impacto ambiental negativo nos biomas brasileiros?
- o banco está adotando (ou estudando adotar) políticas de incentivo à inovação entre seus clientes e no mercado?
- como o banco está ligando este programa com os Princípios do Equador, iniciativa da qual é signatário? Os princípios do Equador estabelecem compromissos socioambientais voluntários que as instituições signatárias comprometem-se a adotar em seus negócios.
- o HSBC também participa de diversos índices de sustentabilidade internacionais. Qual o efeito do programa no desempenho da companhia nestes índices?
O programa mundial tem investimento garantido de 100 milhões de dólares e duração de cinco anos. Quer engajar os 312 mil funcionários do grupo em todo o mundo.
Um dado interessante é que, numa pesquisa interna do banco, os funcionários revelaram que têm mais interesse em participar desta vivência no centro brasileiro. E que o potencial de engajamento dos funcionários com a sustentabilidade é mais alto na América Latina. O poder transformador da experiência foi mais alto no Brasil. Os funcionários brasileiros se sentem mais satisfeitos com os projetos que desenvolveram depois que voltaram da vivência. Também percebem que suas ações estão fazendo a diferença.
O levantamento interno apontou que 92% dos funcionários brasileiros disseram que passaram a considerar mais as questões ambientais na tomada de decisões cotidiana. 76% mudaram a maneira de pensar sobre a vida.
O Grupo Positivo, a Alcoa, a Shell e a Souza Cruz estão planejando programas vivenciais semelhantes no país. A vivência na floresta trouxe a convicção de que é possível mudar e que a mudança pode, de fato, começar agora, em nós e nas pequenas coisas.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
É preciso mudar as cabeças para mudar a maneira de fazer negócios
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Ethos na CBN
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