quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Pesquisa de saúde da Phillips pode apontar caminhos de políticas públicas

No comentário de segunda-feira (23/08), ressaltamos como as demandas da sociedade começam a integrar o planejamento estratégico das empresas, num movimento que o autor do artigo comentado, o professor Ricardo Abramovay, chamou de “governança não estatal dirigida pelo mercado”. Trata-se de um movimento que está criando um conjunto de normas e valores aos quais as empresas aderem crescentemente, de maneira voluntária. Com isso, contribuem para que a própria sociedade se conscientize mais a respeito das políticas que devem cobrar dos órgãos públicos e dos governos. Vamos comentar hoje uma iniciativa da Phillips que mostra como as preocupações da sociedade civil podem interferir no próprio planejamento desta multinacional.

O Phillips Center para Saúde e Bem Estar e o Instituto Ipsos estão realizando um projeto de pesquisa global em 23 países para entender melhor o que seus consumidores no mundo pensam sobre saúde e bem estar. Trata-se do Phillips Index 2010, que está sendo realizado nos EUA, Reino Unido, China, França, Espanha, Holanda, Bélgica e Brasil, entre outros países.

A Phillips promove esta pesquisa porque tem interesse em fomentar o debate sobre estes temas; entende que a sociedade precisa se envolver nessa discussão para apontar caminhos tanto para as políticas oficiais de saúde e bem estar, quanto para o mercado. Por meio desta pesquisa, a Phillips também quer reposicionar-se no mercado, buscando reconhecimento como empresa de saúde e bem-estar, fornecedora de soluções para cuidados com a saúde, eficiência energética e estilo de vida.

Vamos a alguns resultados:

De maneira geral, comparando Brasil, EUA, China, Espanha, França, Holanda e Bélgica, os americanos são os que se sentem melhor em relação a sua saúde e bem-estar. 74% disseram ter um sentimento bom em relação a estes fatores. Os brasileiros vêm a seguir, com 71%, tendo na sequência espanhóis e belgas (70%), franceses (68%) e holandeses (67%). Apenas 34% dos chineses disseram ter uma sensação boa sobre sua saúde e bem estar.

Estas porcentagens, no entanto, entram em contradição com as respostas dadas a respeito de qualidade do sono, estresse e sobrepeso. Os americanos são os que se consideram mais estressados (79%), seguidos pelos chineses (69%) e belgas (61%). Os brasileiros estão entre os povos que se consideram menos estressados (36%), ficando atrás dos espanhóis (35%).

Os franceses lideram o grupo dos que consideram dormir mal (45%), seguido pelos belgas (40%), americanos (37%), brasileiros (36%). Holandeses (33%), chineses (30%) e espanhóis (20%).

Os brasileiros são os mais satisfeitos com sua saúde física, mas são os que menos se sentem responsáveis pela própria saúde e os que menos fazem exames gerais preventivos com médicos.

Os brasileiros (57% dos entrevistados) só procuram médico por causa de alguma condição pontual, uma ou duas vezes por ano. Agem assim porque pensam que a falta de serviços públicos básicos e de infraestrutura seja mais importante para as condições gerais de saúde do que a visita periódica ao médico. Entre os serviços que faltam, são citados coleta de lixo, segurança, qualidade das rodovias, acesso a serviços de saúde, bem como hospitais e escolas nas comunidades. Todos estes itens apareceram em mais de 80% das respostas.

Este estudo patrocinado pelo Phillips Center é, até o momento, único no país e na América Latina. O próximo (ou próxima) presidente terá importantes indicadores para orientar as políticas de saúde e de infraestrutura. E os dados não vêm de nenhum órgão oficial, mas de um centro de pesquisa empresarial que quer melhorar seus produtos, melhorando junto a vida das pessoas. Isto é o cerne da responsabilidade social empresarial e o caminho para o desenvolvimento sustentável.

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