quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Um presente para o futuro da cidade de São Paulo

Na semana dos 457 anos, um bom presente para a cidade de São Paulo e para nós que aqui moramos, é a perspectiva de transformar a nossa capital em uma cidade sustentável.

Isto significa pensar e implantar melhorias em vários aspectos da vida da metrópole, incluindo-se aí, mudanças de comportamento. Claro que tais mudanças teriam que contar, necessariamente, com o empenho dos governos, das empresas e da sociedade civil organizada. Um bom começo seria observar com atenção a Plataforma Cidades Sustentáveis, uma publicação que apresenta um compilado de múltiplas práticas de sustentabilidade urbana existentes em diversas cidades do mundo. Muitos desses exemplos podem ser muito bem replicados em São Paulo, basta para isso vontade política.

Vejamos alguns desses exemplos que tornariam possível transformar essa visão em realidade:

TRANSPORTE
Quando se pensa na mobilidade, no transporte em São Paulo considerado caótico por 10 entre 10 paulistanos, que perdem mais de 2 horas e 40 minutos no trânsito em média por dia, é preciso, antes de mais nada, reconhecer a interdependência existente entre transportes, saúde e ambiente promovendo dessa maneira as opções de mobilidade com caráter sustentável. Entre elas:

Aumentar e incentivar o uso do transporte coletivo, andar de bicicleta e a pé tornando os mais amigáveis; reduzir a necessidade de utilização do transporte individual motorizado e promover modos de transporte alternativos, viáveis e acessíveis a todos; encorajar a transição para veículos menos poluentes, iria contribuir para reduzir o impacto das emissões e contribuiria para a melhoria do ambiente e da saúde pública. Em Copenhague, capital da Dinamarca, todos os dias, 55% dos seus moradores vão para o trabalho de bicicleta. São cerca de 340 quilômetros de ciclovias à disposição da população. Isso representa, entre muitas vantagens, menos poluição e maior qualidade de vida. São Paulo está muito longe disso, segundo a Nossa São Paulo, a cidade possui 47.5 quilômetros de ciclovias. Aqui, as bicicletas ainda são vistas como meio de lazer e não de transporte.

EDUCAÇÃO
Na educação devemos levar em conta que São Paulo tem um enorme conhecimento em várias áreas, no entanto ele está restrito a poucos, seja pelo nível da educação seja pelo nível do acesso e disponibilização. São Paulo tem esse potencial para se tornar uma cidade do conhecimento, mas para isso, será preciso trilhar o caminho, em primeiro lugar, da redução das desigualdades. Hoje, a maioria esmagadora dos distritos da capital não possui, sequer um cinema, teatro ou biblioteca. Antes de mais nada será preciso prover a todos, especialmente crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam desempenhar papel protagonista no desenvolvimento sustentável. Além disso, é preciso integrar na educação formal, valores para uma condição de vida sustentável, baseados na ética, na relação saudável e de respeito com o meio ambiente como descrito no documento Carta da Terra.

Um bom exemplo é o do projeto Iniciativa australiana por escolas sustentáveis que tem como objetivo, o desenvolvimento de uma nova cultura escolar comprometida com os princípios da sustentabilidade e sua integração com os currículos escolares como prática cotidiana; e deve fazer parte do planejamento nas escolas, o uso sustentável de recursos naturais tanto na escola, quanto na comunidade. O projeto também destaca a importância do envolvimento dos jovens para que se busque atingir resultados sociais, ambientais e educacionais efetivos.

ENERGIA E ÁGUA
Outra preocupação crescente em todo o mundo e São Paulo não é exceção, é o constante crescimento no consumo de energia. Realizar campanhas que promovam a redução do consumo, aumentar a eficiência energética e incentivar a adoção do uso de energias limpas e renováveis trás muitas contribuições, que também impactam na qualidade de vida e na saúde das pessoas. Exemplo a ser seguido: a implantação de energia solar em residências e edifícios como as existentes em larga escala em diversas cidades. Em Barcelona, na Espanha uma lei tornou obrigatória a utilização de energia solar para abastecer 60% da água quente em todas as novas construções e edifícios reformados. Entre 2000 e 2005, Barcelona aumentou em quase 20 vezes a superfície de painéis solares para aquecimento de água na cidade.

Reduzir e fazer uso racional e consciente da água é outro princípio que devemos perseguir. Para abastecer a população da região metropolitana de São Paulo cada vez é necessário buscar água de localidades mais distantes. A água é essencial para a vida de todos, portanto, é urgente a adoção de medidas e campanhas que busquem valorizar a água. Como na questão da energia solar em edifícios, as residências, prédios e casas, poderiam construir reservatórios para armazenar a água da chuva, por exemplo.
Enfim, integrar essas e outras sugestões da Plataforma Cidades Sustentáveis com a criação de programas que promovam a inclusão social, aumentem a eficiência dos serviços públicos e melhorem as condições de vida para todos, será essencial para que São Paulo seja uma cidade com maior qualidade de vida para seus habitantes.

GESTÃO PÚBLICA
Entre muitos desses e outros exemplos, está embutida a necessidade de uma gestão eficiente que conte com a participação de todos os setores. Integrar propostas, construir uma discussão ampla, transparente e democrática; determinar metas e prazos para cumprimento e colocar o interesse público acima dos partidários e de que pequenos grupos.

FÓRUM EMPRESARIAL
E para que as empresas sejam integrantes efetivos desse processo foi que o Ethos e a Rede Nossa São Paulo lançaram no ano passado, o Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo. O objetivo do fórum é o de sensibilizar, mobilizar e assessorar as empresas para que atuem visando ao desenvolvimento justo e sustentável de São Paulo.

O fórum se propõe a criar um banco de projetos e demandas da cidade para orientar e estudar os investimentos das empresas. A ideia central é disponibilizar às empresas, um mapa de demandas da cidade para que elas possam investir nas suas reais prioridades.

De forma organizada, sistêmica e eficiente, o fórum contribui para que as empresas empreendam ações e parcerias com outras empresas, organizações sociais, instituições de ensino e pesquisa e o poder público. E a partir dessas parcerias, elaborem um roteiro de ações e investimentos empresariais que seriam exemplares e prioritários para o desenvolvimento justo e sustentável da cidade de São Paulo.

Também estará a cargo das empresas participantes do Fórum, promover avaliações periódicas sobre os impactos das ações empresariais no desenvolvimento justo e sustentável da cidade de São Paulo, acompanhando a evolução dos principais indicadores da cidade e de suas regiões e incentivar a criação de fóruns semelhantes em outras cidades brasileiras e promover o intercâmbio entre eles.

Uma São Paulo mais sustentável terá ainda mais razões para comemorar os próximos aniversários. Parabéns São Paulo!

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