Uma das conseqüências mais imediatas do fenômeno eleitoral Marina Silva é fazer com que as empresas “acordem” para o fato de que o desenvolvimento sustentável é questão de competitividade. No entanto, existe a possibilidade de que ele seja abordado apenas pelo lado ambiental. Ou seja, basta reduzir as emissões de carbono, usar tecnologias de baixo impacto, plantar florestas e cuidar da biodiversidade para termos um desenvolvimento sustentável.
Isso tudo é importante, mas não terá efeito benéfico sobre o planeta se não vier integrado com uma forte ação pela inclusão dos bilhões de miseráveis que ainda existem. Achim Steiner, diretor do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Pnuma) sempre diz: se não resolvermos a questão da miséria, não teremos equilíbrio ambiental.
Os governos e órgãos públicos têm a maior parcela de responsabilidade pela inclusão social. Mas, as empresas, por serem o segmento mais forte e organizado da sociedade, podem ser decisivas para que as sociedades atinjam o objetivo de acabar com a miséria, distribuir renda e trabalho e garantir uma vida digna para todos.
Afinal, o que as empresas podem fazer para combater a pobreza? Não existe uma só resposta, mas várias. Um grupo de trabalho integrado por uma série de entidades da sociedade civil, inclusive o Ethos, está desenvolvendo uma destas respostas. O GT “Responsabilidade Social e Combate à Pobreza é constituído pelo Ethos, pela Fundação Avina, pela ICCO, ong intereclesiástica com sede na Holanda, pela Fundação Banco do Brasil, pela Unitrabalho e pela Universidade Solidária – Unisol. Este grupo desenvolve projetos que buscam engajar as empresas em negócios que promovam a inclusão e, com isso, o combate à pobreza.
O GT identificou algumas oportunidades que as empresas podem adotar para contribuir com a inclusão social e a diminuição da miséria, tais como:
- Agregar à cadeia produtiva das grandes e médias empresas os negócios de base social. Por exemplo: comprar produtos e serviços de cooperativas de artesãos, pequenos produtores rurais, costureiras, serviços urbanos (encanadores, eletricistas), etc.
- Outra estratégia muito interessante, trabalhada fortemente pela Avina, e que tem sido foco do planejamento de ações do grupo para 2011 são os Negócios Inclusivos. São iniciativas economicamente rentáveis e ambiental/socialmente responsáveis, que utilizam mecanismos de mercado para melhorar a qualidade de vida de pessoas de baixa renda, ao permitir: sua participação nas cadeias de valor como fornecedores de matéria-prima, agentes que agregam valor a bens e serviços, ou vendedores / distribuidores de bens ou serviços; e/ou seu acesso a serviços básicos essenciais de melhor qualidade ou a menor preço; e/ou seu acesso a produtos ou serviços que lhes permitam entrar em um círculo virtuoso de oportunidades de fazer negócios ou melhorar sua situação sócio-econômica.
- Alinhar (planejamento) do desenvolvimento do das empresas ao desenvolvimento sustentável dos territórios onde operam, assumindo agendas de compromissos voluntários e desenvolvendo planos de ação que estimulem e promovam a coordenação de ações entre empresas e de empresas com governos e/ou com organizações locais para gerar impacto na dinamização das economias sustentáveis locais. Um bom exemplo desta última estratégia é o Fórum Empresarial de Apoio à Cidade.
Este Fórum tem a responsabilidade de sensibilizar e mobilizar as empresas para ações e parcerias com outras empresas, organizações sociais, instituições de ensino e pesquisa e o poder público, visando o desenvolvimento justo e sustentável de São Paulo.
Está claro que os brasileiros e brasileiras já não consideram o desenvolvimento sustentável uma questão marginal aos problemas centrais de nossa sociedade. Os eleitores demonstraram estar à frente até mesmo das empresas mais avançadas. É hora, portanto, de os negócios deixarem a “zona de conforto” onde se encontram e se anteciparem às novas demandas e interesses que, certamente, estão vindo por aí.
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