Alcoa, CPFL, Natura, Philips, Vale e Walmart lançaram ontem, na Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, o Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, com a presença da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Este grupo de empresas, liderado pelo Instituto Ethos, e com apoio da Aberje, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), União para o o Biocomércio Ético
(da sigla em inglês UEBT), da Conservação Internacional (CI), do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (GVCes) , do Imazon e do Ipê visa abrir espaço para a construção conjunta de uma agenda positiva sobre a conservação e o uso sustentável da biodiversidade brasileira.
O tema é fundamental para os negócios, para a economia e para a sociedade, mas ele ainda não entrou na agenda dos executivos e dos governos. Está ganhando alguma repercussão porque, em outubro próximo, na cidade de Nagoia, no Japão, a Onu vai realizar a 10º. Conferência das Partes sobre Biodiversidade, em que assuntos como patrimônio genético, preservação das espécies e ocupação de áreas com florestas serão discutidos.
Da biodiversidade depende a qualidade dos serviços ambientais que sustentam a vida humana neste planeta. Conservá-la e estabelecer regras para seu uso sustentável são tarefas imprescindíveis para a própria continuidade dos negócios. O que acontece se a água escassear-se ainda mais? E o acesso aos recursos naturais?
O mundo tornou-se mais consciente a respeito do tema quando, a partir do fim do ano passado, o economista Pavan Sukhdev começou a publicar os resultados de um grande estudo que mediu o valor econômico da biodiversidade e dos ecossistemas. O estudo, chamado A economia dos ecossistemas e da biodiversidade revelou alguns dados alarmantes:
• Atualmente, mais de 60% de todos os ecossistemas do planeta estão ameaçados;
• Desse total, 35% são mangues e 40% florestas;
• A demanda por recursos naturais excede em 35% a capacidade do planeta Terra;
• Caso o ritmo atual dessa demanda for mantido, em 2030 serão necessárias duas Terras para atendê-la;
• Em 2000 e 2005, a devastação das florestas na América do Sul foi de 4,3 milhões de hectares;
• Do total de hectares devastados, 3,5 milhões foram registrados no Brasil;
• O prejuízo anual com o desmatamento é de US$ 2,5 a 4,5 trilhões de dólares à economia global - o equivalente a jogar no lixo todo o PIB do Japão, o segundo maior do mundo.
25% da diversidade biológica do mundo estão aqui. Por isso, somos o primeiro país do mundo em biodiversidade. Por isso também, a ONU definiu, em janeiro deste ano, o Brasil como o país-chave para a COP 10, a Conferência das Partes sobre Biodiversidade que vai se realizar em Nagoia, no Japão.
É imperativo, portanto, que o governo brasileiro faça a “lição de casa” e, do mesmo modo que fez com a COP 16, leve uma posição negociada com a sociedade a respeito do uso sustentável da biodiversidade. Como as empresas tiveram influência decisiva, no ano passado, na adoção, por parte do governo federal, de metas de redução de carbono, que se transformaram na Lei de Mudanças do Clima, queremos repetir o feito com a biodiversidade. Queremos contribuir para que o governo brasileiro novamente tome a dianteira no tema, com uma posição clara e avançada.
Durante o evento de ontem, a que compareceu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi lançado rascunho de uma Carta Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, trazendo alguns esboços de propostas, tais como:
- Compromissos voluntários que as empresas assumem, de incorporar nas estratégias de negócio os princípios da Convenção da Diversidade Biológica (CDB); assegurar que as cadeias produtivas façam o mesmo; contribuir para a preservação das comunidades indígenas e tradicionais.
Por outro lado, pretendem propor ao governo brasileiro:
- estabelecer metas claras e objetivas sobre biodiversidade para serem atingidas até 2020
- articular com outros países cooperação global para a valoração dos serviços dos ecossistemas, com o propósito de promover mecanismos econômicos para a conservação e restauração da biodiversidade;
O Movimento promoverá painéis de discussão entre líderes empresariais, formadores de opinião e membros da sociedade civil para a redação definitiva da Cart. Ela será entregue em setembro ao governo brasileiro e a todos os candidatos à presidência nas eleições deste ano.
COMPROMISSO EXPRESSO NA CARTA: "Assegurar que nossas cadeias de abastecimento não colaborem para o declínio dos ecossistemas ou a perda de biodiversidade". Enviem uma cópia dessa carta ao grupo EBX / OSX, ao Sr. Eike Batista, ao Ministério do Meio Ambiente, ao IBAMA e à FATMA/SC para definitivamente abandonem qualquer intenção de aprovar a instalação de um estaleiro em Biguaçu/Grande Florianópolis, porquanto no EIA/RIMA há explícita confissão de que o empreendimento causará danos irreparáveis ao ambiente marinho. Mauro Z. L. Pinto - Biguaçu/SC
ResponderExcluir