quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Prêmio Ethos-Valor destaca trabalhos sobre corrupção e finanças sustentáveis

Concurso para estudantes e professores universitários promovido pelo Instituto Ethos e pelo jornal Valor Econômico anuncia os vencedores de sua décima e última edição.

Os temas da responsabilidade social e da sustentabilidade são hoje objeto de estudo em diferentes áreas da universidade. Trabalhos abrangendo a análise da corrupção entre motoristas de transportadoras e o risco socioambiental no sistema financeiro, passando por sistemas para construção civil sustentável e até mesmo o funcionamento de restaurantes de acordo com as boas práticas da gestão responsável estiveram no conjunto de 283 projetos que concorreram este ano à décima e última edição do Prêmio Ethos-Valor, concurso sobre responsabilidade social e sustentabilidade destinado a universitários e promovido pelo Instituto Ethos e pelo jornal Valor Econômico. Os cinco trabalhos escolhidos entre professores, estudantes e grupos mistos receberam os prêmios na quarta-feira passada (6/10), em evento no Sesc Vila Mariana, em São Paulo.

Na categoria Mista e Temática, que reúne professores e alunos e que, este ano, tinha como tema a corrupção, venceu o trabalho "A Origem do Comportamento Fraudulento entre Motoristas de Transporte Rodoviário de Carga". (da Universidade Metodista – Unimep – de Piracicaba. O estudante Marcelo Chieus Zocca e os professores Ana Paula Dário Zocca, Valéria Rueda Elias Spers e Dalila Alves Corrêa abordam a ocorrência de práticas fraudulentas contra empresas de transporte rodoviário. Pelo levantamento feito, os autores concluíram que conflitos no trabalho aliados a família desestruturada e com valores ambíguos levam o profissional a práticas anti-éticas.

Entre os finalistas da categoria Estudantes-Pós-Graduação, Maria Gisella Gerotto e Renata Guimarães Cintra, da Fundação Instituto de Administração (FIA), da Universidade de São Paulo, com orientação de Graziella Maria Comini, levaram o prêmio com o estudo sobre os riscos socioambientais em crédito no setor bancário. "Conquistas e Desafios no Debate da Sustentabilidade” é o nome do trabalho premiado; ele traz comparações entre os processos utilizados em diferentes bancos e a forma como eles interpretam os Princípios do Equador. "Fizemos uma relação entre concessão de crédito bancário, segundo critérios socioambientais, e o desenvolvimento sustentável", explica Renata Cintra. "Buscamos também conceituar o termo ‘finanças sustentáveis’ em produtos e processos", completa Gisela Gerotto. "O conceito de sustentabilidade ainda não é muito nítido."

Na categoria Professores-Artigo de Pesquisa, o vencedor foi "Formação Superior: uma Prioridade da Educação para a Sustentabilidade no Brasil", de autoria de Ahmad Saeed Khan e Patrícia Verônica Pinheiro, da Universidade Federal do Ceará (UFC). O artigo aborda a construção do conhecimento que leva ao desenvolvimento sustentável num país como o Brasil, com uma qualidade de ensino deficitária. O desenvolvimento sustentável deverá partir de um projeto de reforma no ensino superior que leve a melhor capacitação dos professores das disciplinas do currículo do ensino médio. Para Patrícia Pinheiro, "a médio prazo, a prioridade é a preparação de professores que vão lidar com o ensino médio".

Cynara Bremer, José Eustáquio Machado de Paiva e Maria Luíza de Castro, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), levaram o Prêmio Ethos-Valor na categoria Professores-Plano de Ensino, com o trabalho "Tecnologia do Ambiente Construído e Sustentabilidade". O projeto discorre sobre a sustentabilidade na construção civil como tendência crescente de mercado. E responsabiliza o arquiteto, a partir de suas escolhas como projetista, formador de opinião e educador. "É preciso melhorar a escolha de materiais de construção e as soluções tecnológicas", afirma José Eustáquio Paiva.

Igor Souza da Rocha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), venceu na categoria Estudantes-Graduação, com "Os Novos Rumos da Responsabilidade Social: o Conceito da RSE 2.0 e os Debates sobre a ISO 26000". O trabalho discute as características da futura norma de responsabilidade social, a ser adotada em 155 países, abrangendo direitos humanos e proteção ao ambiente. "Como não será obrigatória, a nova prática vai ser utilizada como marketing ou as empresas aproveitarão para introduzir uma nova sustentabilidade empresarial?", pergunta ele.

O concurso se encerra nesta 10ª edição com a certeza do dever cumprido. Antes do Prêmio Ethos-Valor (PEV), não havia referências de pesquisa ou estudos sobre os temas da responsabilidade social. Em dez anos, o PEV incentivou a discussão na academia, impulsionou a mudança da grade curricular dos cursos existentes e o aparecimento de cursos específicos sobre o tema. Formou também um acervo de pesquisas que vem se multiplicando na área acadêmica.

Inspiradas no Prêmio Ethos-Valor, muitas empresas têm hoje seus próprios prêmios, que estimulam trabalhos acadêmicos específicos. Esse papel de mobilização foi assumido por instituições que orientam as pesquisas para o próprio negócio. Exemplos disso são o Desafio de Sustentabilidade Santander, o Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio, o Prêmio Dow de Sustentabilidade, o Prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis e o Prêmio 3M para Estudantes Universitários.

Durante estes dez anos foram inscritos 3.226 trabalhos acadêmicos, com cerca de 4.000 participantes, entre alunos e professores. A cada ano houve uma média de 205 instituições de ensino participantes, com um volume recorde de 243 em 2007. Em dez anos, alunos de 134 cursos diferentes se inscreveram para uma média de 216 professores-orientadores a cada ano.

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