2010 foi eleito pela ONU como o Ano Internacional da Biodiversidade, que será o tema principal da COP 10, a décima edição da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), no mês de outubro, em Nagóia, no Japão.
A COP 10 vai discutir assuntos como a ocupação desordenada de áreas naturais, a caça e comércio ilegal de espécies e a poluição dos rios e mares, entre outros problemas que estão ameaçando a existência de milhares de espécies animais e vegetais em todo o mundo.
Além disso, a Conferência tem a intenção de avaliar os resultados de um acordo de conservação ambiental assinado em 2002, durante a COP6, na Holanda, em que países de todo o mundo se comprometeram a preservar sua biodiversidade. A intenção é mapear o que já foi feito desde a assinatura do documento e definir metas para um novo acordo, mais ambicioso.
O setor empresarial, por sua força e organização, deve ser um importante agente de mudanças nos negócios e na sociedade. E o empresariado brasileiro, que já assumiu posição de vanguarda na questão do clima, mobiliza-se, mais uma vez de forma pioneira, em favor da preservação e uso sustentável da biodiversidade.
Em 5 de agosto, algumas das mais importantes empresas brasileiras, com o apoio da sociedade civil organizada, lançaram o Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade (MEB), o primeiro a incentivar a participação ativa do Brasil como líder no assunto na COP 10 e a propor o estabelecimento de um novo plano estratégico do país em relação à biodiversidade, a ser alcançada até 2020, com metas acompanhadas por toda a sociedade.
Amanhã, em São Paulo, o MEB lança a Carta Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. Por meio deste documento, as empresas participantes do movimento irão declarar voluntariamente uma série de compromissos em favor da biodiversidade brasileira e levar ao governo propostas com esse mesmo objetivo.
Entre os compromissos voluntários que as empresas vão assumir, estão:
- Incorporar nas estratégias de negócios ações voltadas para a Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade;
- Criar mecanismos para que a cadeia produtiva também incorpore estes princípios e atue com o mesmo objetivo de conservação e uso sustentável;
- Assegurar que as atividades empresariais contribuam para manutenção e recuperação dos biomas brasileiros;
- Repartir de maneira justa e equitativa, com comunidades indígenas e tradicionais, os resultados provenientes do desenvolvimento e comercialização dos produtos da floresta;
- Monitorar os compromissos assumidos e divulgar os resultados periodicamente.
Quanto ao governo, os empresários sugerem ações internacionais, voltadas principalmente para a participação brasileira na COP 10 no Japão, e também medidas de âmbito nacional.
Para a COP 10, as sugestões pedem que a delegação brasileira defenda propostas como:
- definição de metas internacionais de preservação e uso sustentável da biodiversidade, até 2020;
- cooperação global para a valoração dos serviços dos ecossistemas, com o propósito de promover mecanismos econômicos para a conservação da biodiversidade e restauração de ecossistemas;
- convergência entre as agendas da Convenção sobre Mudanças Climáticas e da Convenção sobre Diversidade Biológica, com o objetivo de maximizar o resultado das ações em escala global
Em nível nacional, a Carta sugere:
- Estabelecer mecanismos para a valoração econômica da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos e sua inclusão na legislação contábil brasileira;
- Integrar a Política Nacional de Mudanças Climáticas com metas nacionais do Plano Estratégico (2011-2020) para a CDB, reconhecendo a interdependência entre os temas biodiversidade e mudanças climáticas;
- Promover um amplo debate na sociedade para aperfeiçoamento do marco legal e regulatório para conservação e uso sustentável da biodiversidade;
- Criar mecanismos de incentivo e responsabilização para os setores público e privado, visando a conservação e uso sustentável da biodiversidade;
- Ampliar a incidência do tema da biodiversidade sobre as políticas públicas ligadas ao desenvolvimento nacional, promovendo a transversalidade nas ações de governo.
O desafio, portanto, será promover mudanças em processos produtivos, bem como propor soluções inovadoras para a conservação e valoração da biodiversidade em todos os âmbitos de governos, com a participação ativa da sociedade.
Este movimento é composto pelas empresas Alcoa, Natura, Vale e Walmart e pelas instituições Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces),Conservação Internacional, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, União para o Biocomércio Ético (UEBT, na sigla em inglês) e WWF-Brasil.
Mais do que o esforço pioneiro, em nível mundial, de empresas em favor da biodiversidade, o MEB também representa o primeiro movimento empresarial pela valoração da biodiversidade nos moldes do que propõe o Teeb, o estudo do Pnuma sobre a economia dos ecossistemas e da biodiversidade, que mostrou o valor deste tema para a sociedade e para os negócios.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Os empresários e a biodiversidade
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Ethos na CBN
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