sexta-feira, 16 de julho de 2010

"A consciência da sustentabilidade está mesmo aumentando?"

Ontem, saiu no IG o resultado de uma pesquisa feita pelo banco Santander, no Brasil, com quase 1500 empresas fornecedoras da instituição. Elas integram um programa de disseminação da responsabilidade social empresarial na cadeia de valor, iniciado há três anos e com avaliações constantes a respeito da evolução da compreensão e da prática a respeito dos temas relevantes à gestão socialmente responsável.
Durante o período, a pesquisa avaliou a evolução do comportamento dos quadros executivos e dos funcionários em relação a oito temas principais: interesse em sustentabilidade, gestão e governança; visão; missão e valores; negócios e clientes; funcionários; fornecedores; meio ambiente: e ação social.


Em todos os temas, houve variação para cima no desempenho declarado pelas empresas. O levantamento verificou que os profissionais evoluíram muito no que tange à absorção da importância de se adotar boas práticas ambientais básicas, como intensificar a coleta seletiva no ambiente de trabalho, economizar energia e papel, e assim por diante. O aumento do interesse pelos temas ambientais e pela sustentabilidade atinge tanto o corpo executivo das empresas quanto o quadro de funcionários.

Entre a alta gerência, saltou de 65%, captado no início da pesquisa, para 82% no final dela, a porcentagem de quem considera a sustentabilidade importante dentro da empresa; entre a média gerência, o índice subiu de 50% para 72%; entre os funcionários que não ocupam cargos executivos, a variação foi de 35% para 58%.

A pesquisa também avaliou, nestes três anos, a evolução das respostas dadas à pergunta: “Existe treinamento de sustentabilidade para funcionários?” E os dados também são animadores. O “sim” aumentou de 18%, no início do processo, para 41% no final. Para a pergunta “A empresa monitora a redução de seus impactos ambientais com metas específicas?”, 51% das respostas foram “sim”. A adoção de critérios socioambientais, por parte destas empresas, na escolha de fornecedores variou de 19% para 44%.
Estes resultados merecem reflexão. Eles devem ser encarados com otimismo. De fato, constatam que aumenta a preocupação, entre empresários, de realmente adotar em grande escala algumas boas práticas ambientais fundamentais para o desenvolvimento sustentável, como a coleta seletiva – sem ela, não será possível organizar-se algo mais complexo como a logística reversa, com a reciclagem e o reuso de materiais e recursos naturais.

Este bom comportamento ambiental avançou muito e precisa avançar muito mais para dar conta dos desafios que o país e as empresas aqui atuantes terão pela frente. A “consciência sustentável” nos negócios e na sociedade associa as dimensões sociais e éticas às tendências ambientais.

As empresas no Brasil já começam a perceber as incontáveis oportunidades abertas por uma emergente economia que busca integrar os processos de produção aos serviços da natureza, valorizando estes últimos, preservando os ecossistemas, entendendo-os como a base material da produção, aumentando a ecoeficiência e respeitando os limites do planeta. Mas, só esta perspectiva não é suficiente para a sustentabilidade. Será preciso agregar as demandas sociais e éticas a esta nova e crescente economia para termos um desenvolvimento sustentável de verdade, que distribua melhor a riqueza, garanta oportunidades para todos e valorize as comunidades. Que também mude as relações sociais, pois onde há desigualdade, não há ética.

As empresas, um dos setores mais poderosos e organizados da sociedade, têm a condição e até mesmo o imperativo moral de liderar esta transformação. Se não for pelo idealismo de construir uma sociedade mais justa, que seja pelas imensas oportunidades que as mudanças trarão para os negócios. Afinal, ao falarmos de sustentabilidade, estamos falando, em termos práticos, do desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias, da substituição total ou parcial de praticamente todos os produtos e serviços existentes, bem como da reestruturação da quase totalidade do parque industrial em operação atualmente. Não dá para perder este trem-bala!


Para ouvir o comentário de Sérgio Mindlin na CBN, acesse
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/responsabilidade-social/RESPONSABILIDADE-SOCIAL.htm.

Divulgado na Rádio CBN no dia 16 de julho de 2010.

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