quarta-feira, 5 de maio de 2010

A responsabilidade social das empresas na Política Nacional de Resíduos Sólidos

No próximo dia 5 de junho, Dia mundial do Meio Ambiente, o presidente Lula deve sancionar a Política Nacional de Resíduos Sólidos que estende a responsabilidade sobre a destinação de resíduos sólidos para todos os geradores, como indústrias, empresas de construção civil, hospitais, portos e aeroportos.

Pelas novas regras, os envolvidos na cadeia de um produto (da indústria ao comércio, passando pelo consumidor, terão que dividir as atribuições para garantir a retirada dos resíduos do meio ambiente.

Até 2011, as empresas vão ter de apresentar propostas para um acordo. É uma excelente oportunidade para reunir a cadeia de fornecedores e, dentro desta, incluir as cooperativas de catadores. Elaborado em conjunto, o plano para dar conta dos resíduos pode, também, ser uma importante alavanca para a inclusão social, a geração de renda e de trabalho, bem como para o fortalecimento da chamada “logística reversa”, fundamental para que se estruturem os negócios de uma economia verde, inclusiva e responsável.

De um modo geral, o Brasil recicla apenas 12% das 170 mil toneladas de lixo que produz diariamente, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abrelpe. Com a entrada em vigência da Política Nacional de Resíduos Sólidos, governos e entidades do setor esperam elevar esta porcentagem para 25% até 2015. Será que é suficiente? Será que as empresas, principalmente aquelas mais comprometidas com a gestão socialmente responsável, não conseguem avançar mais?

As grandes capitais brasileiras já não têm mais onde pôr seu lixo. E, em menos de cinco anos, este problema também será enfrentado por outras cidades com menos população. Por outro lado, o país já tem o caso exemplar da reciclagem do alumínio, cujo reaproveitamento, de 91,5%, é superior ao dos EUA e do Japão, por exemplo. Com a participação decisiva da própria indústria de alumínio, o mercado de latinhas funciona de maneira eficiente e garante renda e trabalho para boa parte dos catadores organizados em cooperativas. O que fez a indústria? Deu regularidade à atividade de catação, por meio de canais de “distribuição reversa” que compram o alumínio coletado, fazendo-as chegar até os fabricantes de embalagens. Em menor grau, a reciclagem de PET também avança. Em 2008, 54% das embalagens de pet, correspondentes a 253 toneladas, foram recicladas, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Pet (Abipet). O papel também merece destaque, com o índice de reaproveitamento chegando a 50% , com o percentual variando de acordo com o tipo de papel. Papéis ondulados (caixas e papelão) têm reaproveitamento de 79%; papéis de escritório, 38%.

Os índices de reciclagem podem ser muito melhorados no Brasil, superando inclusive a meta estimada para 2015, se a federação, os estados, os municípios, as empresas e os cidadãos trabalharem em favor da reciclagem.

O ponto nevrálgico para os resíduos sólidos é a chamada “logística reversa”, que é não só recolher, mas remanufaturar o resíduo, decompondo-o em seus elementos básicos e, depois, reaproveitá-los na fabricação de outros produtos. Este processo já está bem mais avançado em alguns países e para alguns setores, como o de eletroeletrônicos. Por meio da logística reversa, metais preciosos e raros como o lítio, o cádmio e o ouro, que entram em processadores, celulares, TVs de plasma, etc, são recuperados e reutilizados em outros eletroeletrônicos ou comercializados (como no caso do ouro).

A novidade introduzida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos – quem gera o resíduo será responsável pela destinação final – incentiva que toda a sociedade se mobilize para resolver o problema maior, do lixo. Para dar conta deste objetivo, vamos precisar inverter muitos processos e até comportamentos. Mas não é disso que trata a sustentabilidade? Eis a chance para construirmos uma cidade melhor e uma vida melhor.

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