sexta-feira, 7 de maio de 2010

Inclusão de pessoas com deficiência: como vamos?

O Brasil tem uma população de aproximadamente 30 milhões de pessoas praticamente “invisíveis”. Mal a vemos pelas ruas, nas empresas, nos parques, nos cinemas. Mesmo com toda mobilização que fazem para a conquista de direitos básicos da cidadania, estas pessoas ainda são desconsideradas pela maioria das empresas. São as pessoas com deficiência.

A Mostra de Tecnologias Sustentáveis que começa no próximo dia 12 de maio, no Hotel Transamérica, traz um exemplo de como é possível e fundamental incluir as pessoas com deficiência nos negócios e na sociedade.

O exemplo vem do Paraná: trata-se da Universidade Livre da Eficiência Humana (Unilehu), uma ong coordenada por Enéias Pereira que existe há cinco anos e trabalha tanto a sensibilização das empresas para não apenas empregar, mas integrar a pessoa com deficiência na cultura organizacional, quanto com a capacitação destas pessoas para o mercado de trabalho.

Isto é possível a partir de uma sensibilização na qual se aprende a ver o mundo de um ponto de vista do deficiente. Com isso, é possível alargar o entendimento do mundo e a estabelecer, na empresa e na sociedade, a “cultura da diversidade”, ou a aceitação de que diferenças são riquezas.

Afinal, todos nós temos eficiências e deficiências. Somos produtivos porque aprendemos a desenvolver nossos pontos fortes e a melhorar ou adaptar nossos pontos fracos.

Por que, então, o rótulo de “pessoa com deficiência” pregado em alguns indivíduos? Serão eles menos produtivos, com menos potencialidades a desenvolver?

Quebrar estes paradigmas tem sido a missão da Unilehu. E a entidade conta com o apoio de dezenas de empresas do Paraná para cada vez mais cumprir o objetivo de mostrar que a pessoa com deficiência é uma pessoa com eficiência especial. Renault, HSBC, Volvo e até um clube de futebol, o Atlético Paranaense, bem como centenas de empresas de pequeno e médio porte, são mantenedoras da Unilehu e já contrataram profissionais que passaram pelos cursos da entidade. Em cinco anos, foram quase mil pessoas contratadas. Ainda é pouco. Depende das empresas ampliar este número. A Lei 8213/91 estabeleceu cotas para as empresas contratarem pessoas com deficiência. Nenhuma empresa a cumpre. O Perfil Social, Racial e de Gênero que o Ethos e o Ibope realizam com as 500 maiores empresas do Brasil indica que nenhuma empresa, entre as pesquisadas, cumpre a lei. O quadro funcional apresenta a maior porcentagem de contratações, com 1,9% - estas empresas deveriam ter 5% de contratados. Nos níveis hierárquicos superiores, o cenário é mais devastador: apenas 0,4 % dos cargos de supervisão, de gerência e de diretoria são ocupados por pessoas com deficiência. As empresas alegam dificuldade de encontrar profissionais capacitados para ocupar as vagas. Mas, para a Unilehu, a dificuldade a enfrentar é mesmo o preconceito.

A maioria das empresas não contrata pessoas com deficiência porque as considera improdutivas. E os próprios deficientes também sucumbem ao peso de tanto preconceito, acabando por também não acreditar no potencial que possuem, igual ao de qualquer outro ser humano. Por meio de cursos e palestras para gestores de empresas, e de capacitação para os deficientes, a Unilehu põe foco nas eficiências especiais deste público, mostrando, com isso, como eles podem fazer a diferença na empresa e na sociedade.

A Conferência Internacional do Instituto Ethos, que começa no dia 11 de maio, terça-feira, contrata pessoas com deficiência para trabalhar na recepção dos participantes.

Então, visite a Mostra de Tecnologias Sustentáveis. A entrada é gratuita, mas é preciso inscrever-se antes no site do Instituto Ethos: www.ethos.org.br

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