As crises financeiras – e sociais – nos EUA e na Europa desenrolam-se como capítulos de uma novela, cujo fim não é previsível. Governos, empresários e investidores estão a imaginar cenários para tentar controlar os efeitos mais negativos. Um desses exercícios foi feito durante a reunião preparatória para o Fórum Econômico Mundial, ocorrida no início do mês em Genebra, e comentada aqui na CBN. Os organizadores propuseram uma reflexão aos participantes: listar os dilemas e os riscos globais para 2012. O cenário não chega a ser animador, fazendo eco àqueles que afirmam que essa crise vai ser longa.
Vamos verificar as conclusões.
Contexto
A reunião preparatória ao Fórum Econômico Mundial ocorre sempre no início de setembro em Genebra, que é onde fica a sede do Fórum. Para o encontro de janeiro de 2012 em Davos, vieram mais de 200 representantes de empresas, governos e ONGs de todas as partes do mundo. Os debates ocorrem em várias sessões e depois há uma plenária para “fechar” as propostas de temas com que a organização depois define a grade de programação. Isto quer dizer que a preparatória define a essência do Fórum. A equipe de organização então faz os convites às autoridades, palestrantes, chefes de estado, sociedade civil e trabalhadores. Algumas entidades também solicitam espaço e tempo para eventos paralelos, como cafés da manhã ou almoços com as pessoas ou grupos de interesse delas.
Uma das discussões mais profundas para definir a programação é aquela que envolve os dilemas e os riscos globais para o ano vindouro (no caso, 2012). As visões de mundo dos diversos representantes da sociedade são debatidas intensamente até se chegar a alguns temas essenciais. Em seguida, embaixo de cada dilema, são descritos os potenciais riscos globais. Por fim, os participantes escolhem aqueles dois ou três riscos de cada tema que, da visão deles, têm maior probabilidade de interferir e mudar o cenário.
Este exercício de reflexão – e de certa futurologia, é verdade – tem se provado bastante útil para orientar investidores e governos a respeito dos cenários gerais e das grandes tendências do mundo no ano. Os dilemas e riscos apontados geralmente dominam o debate e as decisões no período indicado.
O que foi previsto para 2012?
De modo geral, é possível afirmar que, para os participantes dessa preparatória do Fórum Econômico, o mundo ainda será um lugar instável, sujeito à volatilidades do mercados e dos preços, possibilidade de colapsos de Estados, aumento da poluição...enfim, um cenário de pesadelos.
A partir dessas premissas, serão organizados os debates de janeiro de 2012, nos quais os participantes, a maioria chefe de Estado, tentarão encontrar saídas.
Os maiores riscos apontados pelos participantes da reunião foram:
Economia: crises fiscais crônicas, extrema volatilidade dos preços dos alimentos; aumento da desigualdade; desemprego crônico
Geopolítica: corrupção, fracasso do sistema internacional de governança; e escalada de guerras por acesso a recursos naturais em Estados soberanos.
Meio ambiente: Aumento exponencial da poluição, em níveis que podem ameaçar a estabilidade social, as melhorias na saúde e o crescimento econômico;
Perdas irreversíveis de biodiversidade, com conseqüências tanto para os ecossistemas quanto para a indústria;
Eventos meteorológicos extremos mais freqüentes e destrutivos
Sociedade: Desemprego ou subemprego juvenil, levando a um profundo declínio da mobilidade, crescente instabilidade política e da criminalidade.
Tecnologia: Falhas críticas em sistemas levando, num efeito cascata, a falhas na infraestrutura de informação e nas redes.
Avanços na genética e na biotecnologia produzirão conseqüências imprevistas e inesperadas.
Desinformação digital massiva provocada deliberadamente ou não poderá ser disseminada rapidamente, ocasionando reações perigosas.
E o que nós temos com isso?
O cenário que emerge desses riscos deixa claro que ele foi feito por uma maioria que está vivendo as incertezas e as reviravoltas das crises dos países europeus.
Com a economia brasileira andando, podemos pensar: e nós com isso?
Temos tudo a ver com isso. Primeiro porque, como bem disse a presidente Dilma Rousseff, a capacidade brasileira de suportar a crise não é ilimitada. Segundo, porque, realmente, o mundo só vai conseguir superar os dilemas em conjunto. Não há soluções individuais para o que estamos passando.
Os remédios até agora adotados não parecem funcionar, como já ocorre na Grécia. As pessoas já estão no limite do desemprego, da carestia e da desesperança.
Se os países não negociarem uma solução global, as piores tendências do capitalismo selvagem podem se manifestar de forma ainda mais perversa.
Um fato está cada vez mais evidente: as soluções tradicionais, de arrocho fiscal e corte nos investimentos sociais, não vão trazer de volta a prosperidade. E a crise não se arrefecerá com os programas de crescimento econômico propostos pelos manuais.
Estamos diante de uma crise sistêmica, cujos tentáculos invadiram todas as áreas da vida e da sociedade humanas. Só é possível superá-la com soluções novas e com uma nova concepção de modelo de desenvolvimento e de civilização.
Está mais do que na hora de se avançar em propostas em favor da adoção de uma governança global em favor da sustentabilidade, com metas e diretrizes para os países. È isso que se propõe fazer a Rio + 20. Mas ela só vai se realizar em maio do ano que vem. Será que agüentamos até lá?
Sociedade: Desemprego ou subemprego juvenil, levando a um profundo declínio da mobilidade, crescente instabilidade política e da criminalidade.
Tecnologia: Falhas críticas em sistemas levando, num efeito cascata, a falhas na infraestrutura de informação e nas redes.
Avanços na genética e na biotecnologia produzirão conseqüências imprevistas e inesperadas.
Desinformação digital massiva provocada deliberadamente ou não poderá ser disseminada rapidamente, ocasionando reações perigosas.
E o que nós temos com isso?
O cenário que emerge desses riscos deixa claro que ele foi feito por uma maioria que está vivendo as incertezas e as reviravoltas das crises dos países europeus.
Com a economia brasileira andando, podemos pensar: e nós com isso?
Temos tudo a ver com isso. Primeiro porque, como bem disse a presidente Dilma Rousseff, a capacidade brasileira de suportar a crise não é ilimitada. Segundo, porque, realmente, o mundo só vai conseguir superar os dilemas em conjunto. Não há soluções individuais para o que estamos passando.
Os remédios até agora adotados não parecem funcionar, como já ocorre na Grécia. As pessoas já estão no limite do desemprego, da carestia e da desesperança.
Se os países não negociarem uma solução global, as piores tendências do capitalismo selvagem podem se manifestar de forma ainda mais perversa.
Um fato está cada vez mais evidente: as soluções tradicionais, de arrocho fiscal e corte nos investimentos sociais, não vão trazer de volta a prosperidade. E a crise não se arrefecerá com os programas de crescimento econômico propostos pelos manuais.
Estamos diante de uma crise sistêmica, cujos tentáculos invadiram todas as áreas da vida e da sociedade humanas. Só é possível superá-la com soluções novas e com uma nova concepção de modelo de desenvolvimento e de civilização.
Está mais do que na hora de se avançar em propostas em favor da adoção de uma governança global em favor da sustentabilidade, com metas e diretrizes para os países. È isso que se propõe fazer a Rio + 20. Mas ela só vai se realizar em maio do ano que vem. Será que agüentamos até lá?
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