quinta-feira, 2 de junho de 2011

C40 São Paulo Summit: grandes cidades discutem mudanças climáticas em São Paulo

Evento reúne em São Paulo 16 prefeitos e 47 representantes de metrópoles do mundo inteiro para encontrar soluções criativas contra as mudanças climáticas

O que é
Começou, dia 31 de maio, em São Paulo, o C40 São Paulo Summit, a quarta reunião mundial de prefeitos das 40 maiores cidades do mundo para discutir sustentabilidade. A Rede C40 de Grandes Cidades (C-40 Large Cities Climate Leadership Group) é uma organização que reúne, a cada dois anos, as maiores cidades do mundo para a discussão do papel dos governos locais no combate às mudanças climáticas. Atualmente são 40 cidades participantes e 19 afiliadas, distribuídas nos seis continentes e conta, desde 2006, com o apoio da Fundação Bill Clinton, dirigida pelo ex-presidente norte-americano. A parceria garante, entre outras coisas, o desenvolvimento e a efetivação de projetos para o consumo de energia sustentável nas metrópoles.

Por que São Paulo
Segundo a Secretaria de Relações Internacionais de São Paulo, que está organizando o evento, o município foi eleito para ser sede desta edição do evento por conta das ações que está realizando com foco no combate às mudanças climáticas. Dentre essas ações, estão
 a Política Municipal de Mudanças Climáticas, a implantação da inspeção veicular e a criação do programa de substituição de combustíveis fósseis por renováveis na frota de ônibus municipais.

As reuniões anteriores foram realizadas em Londres, Nova York e Seul, respectivamente.

Para a conferência de São Paulo, também estão presentes, entre outras, as seguintes metrópoles: Filadélfia, Nova Orleans, Portland, São Francisco Seattle, Rio de Janeiro, Curitiba, Amsterdã, Atenas, Barcelona, Basiléia, Berlim, Copenhague, Heidelberg, Londres, Madri, Moscou, Roterdã , Varsóvia, Seul. Hong Kong, Jacarta, Buenos Aires e Bogotá.

O evento
Quem abriu os debates ontem foi Michael Bloomberg, prefeito de Nova York e titular do comitê principal do C40 que é integrado pelos prefeitos de São Paulo, Nova Delhi, Berlim, Johanesburgo, Londres, Los Angeles, Toronto e Tóquio, bem como Nova York.

A programação do encontro prevê ainda mais 4 plenárias e 16 sessões sobre temas como construção sustentável, transporte público com baixa emissão de gases causadores do efeito estufa, taxação de impostos verdes, pedágios urbanos, drenagem urbana e adaptação.

Bloomberg e o prefeito Gilberto Kassab plantaram árvores no parque do Ibirapuera, ontem pela manhã, antes de se dirigirem ao Sheraton Hotel, na zona sul, onde se realiza o evento. Esse plantio de árvores ocorreu na mesma semana em que se divulgou que, nos quatro primeiros meses de 2011, São Paulo perdeu doze mil árvores, que deram lugar a prédios, conjuntos habitacionais e obras de infraestrutura. Mas essas edificações poderiam ser construídas preservando-se e até ampliando o verde, se houvesse vontade política das construtoras e do próprio poder público. Os números, aliás, fazem parte de um relatório elaborado pela Comissão do Verde e do Meio Ambiente da Câmara Municipal.

Experiências sustentáveis no C40
Serão apresentados mais de cem projetos já adotados pelas cidades presentes ao C40 Sâo Paulo Summit, durante as sessões temáticas. Entre eles, vale destacar:

A cicloruta, de Bogotá, na Colômbia, uma rede de mais de 300 km de ciclovias, um dos sistemas para uso de bicicleta como transporte mais abrangentes do mundo. A rede conecta o centro de Bogotá com as áreas residenciais mais populosas; eixos secundários circundam as principais avenidas e vias de maior trânsito, ligando as áreas residenciais aos parques e atrações turísticas da cidade; uma terceira malha complementar acompanha as margens dos rios e vai até o centro da cidade. Assim, Bogotá pode ser percorrida de bicicleta em todas as direções.

A cicloruta ajudou a diminuir as emissões de carbono dos carros em 36 mil toneladas / ano. Trouxe também outros benefícios para a cidade, como a redução das mortes por acidente de trânsito, e o aumento gradativo do número de ciclistas em asa pessoas de maior poder aquisitivo. Isto porque a bicicleta, na cicloruta, anda a 17 km/h. Um carro, nas congestionadas ruas de Bogotá, não passa de 13 km/h.

O sistema de fornecimento de energia térmica em Copenhague, que captura o calor residual das usinas de incineração de lixo e das usinas combinadas de produção de energia e calor (CHP), normalmente liberado no mar, e canaliza-o de volta para as tubulações residenciais. Com isso, 97% do aquecimento doméstico é feito dessa maneira.

O Fundo Atmosférico de Toronto (TAF), no Canadá, que financia iniciativas na cidade que visem combater as mudanças climáticas, melhorarando a qualidade do ar e reduzindo as emissões de carbono. O Fundo existe para financiar projetos difíceis de receberem investimento em três áreas: energias renováveis, eficiência e conservação de energia e redução do teor de combustíveis fósseis nas fontes de energia. A dotação original do fundo, de pouco mais de 23 milhões de dólares, veio de uma taxa cobrada no financiamento para modernização da iluminação das ruas de Toronto. O TAF também aceita parceiros do sistema financeiro.

Conclusão
Enfim, ainda são os primeiros dias de debates e muitos projetos ainda serão apresentados. Mesmo assim, é possível dizer que este é um dos eventos mais importantes sobre sustentabilidade que já ocorreram. Não obteve o destaque merecido, nem por isso, deixa de ser fundamental para o avanço de soluções que nos ajudem a combater as mudanças climáticas.

Bill Clinton, que também esteve na abertura, destacou um ponto essencial em seu discurso: o papel das cidades para o desenvolvimento sustentável. O ex-presidente norte-americano lembrou que os governos federais falam, mas os governos municipais fazem e não precisam esperar pelos acordos internacionais para agir. O que os governantes federais não conseguem superar no âmbito das negociações nos organismos multilaterais, os prefeitos o fazem no âmbito da colaboração internacional. Por isso, adotam soluções inovadoras e fazem avançar o desenvolvimento sustentável antes mesmo dos tratados globais.

Por isso, este C40 precisa ser acompanhado com atenção e carinho; o futuro pode estar nas soluções e propostas ali apresentadas. Tanto isso é verdade que o Banco Mundial celebrou um convênio com o C40 de financiamento de projetos sustentáveis para cidades. São oportunidades de negócios e de empregos que se abrem. Precisamos saber aproveitar.

2 comentários:

  1. São Paulo poderá vir a ser um exemplo para o Mundo!!!

    ResponderExcluir
  2. tal reunião vez para tentar se resolver a sustentabilidades, mas não se pode apenas ficar com meras reunioes. Atitudes tem de ser tomadas, falar é mais facil que agir.

    ResponderExcluir

Este é um blog para todos! Deixe o seu comentário aqui e ele se tornará um post após a categorização do moderador.
Obrigada.