quarta-feira, 29 de setembro de 2010

“Auditorias e gestão sustentável”

As preocupações com as mudanças climáticas já figuram como fator-chave na tomada de decisões das empresas, por várias razões, entre as quais podemos citar a geração de novas receitas, a redução de custos e o aumento da competitividade de longo prazo. Esses dados foram obtidos numa pesquisa global feita pela Ernst & Young com 300 empresas com faturamento anual superior a US$ 1 bilhão.

Entre as oportunidades que as empresas pretendem privilegiar no próximo ano, para garantir melhor desempenho em relação aos desafios das mudanças climáticas, estão iniciativas de eficiência energética, desenvolvimento de novos produtos e serviços, transparência nos reportes da empresa e a adoção de programas de engajamento de funcionários.

Elas vão buscar, no âmbito governamental, regulamentação para leis que se traduzam em incentivos fiscais ou de crédito para estas e outras atividades.

Os executivos já enxergam hoje que o futuro será das empresas cujos negócios atendam ao tripé da sustentabilidade, de equilíbrio entre as demandas da sociedade, do meio ambiente e do crescimento econômico.

Tal mudança do mercado em direção à sustentabilidade está exigindo alterações profundas na maneira de fazer negócio. A empresa precisa estabelecer um plano de ação baseado não apenas nas expectativas de lucro dos acionistas, mas nas demandas dos seus vários públicos de interesse – consumidores, fornecedores, comunidade, governos e funcionários. Entender as demandas e saber transformá-las em objetivos de gestão é possível por meio da aplicação dos princípios e valores da responsabilidade social empresarial.

Proceder a essa mudança e demonstrá-la para o mercado e para a sociedade exigem também um novo tipo de auditoria, a chamada “auditoria verde”, que vai avaliar os riscos do negócio ante os efeitos das mudanças do clima e também a influência nas operações da empresa de inovação, produtos e serviços, perspectivas de novas leis, políticas públicas, e acordos internacionais.

Essa investigação verifica desde a conformidade da empresa às leis e os passivos que podem impactar no valor do negócio (terrenos contaminados e conflitos com comunidades, por exemplo), até o estágio da gestão em relação aos indicadores de responsabilidade social.

A chamada auditoria verde já se tornou o principal negócio de grandes escritórios de advocacia e caminha para ter o mesmo papel nas tradicionais consultorias do ramo, como PricewaterhouseCoopers e Ernst & Young.

No Brasil, as empresas que causam maiores impactos ambientais, como mineradoras, siderúrgicas e indústrias químicas, são as maiores clientes desses auditores. As empresas listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) também já adotam essa auditoria, pois precisam apresentar relatórios socioambientais e financeiros anualmente para garantir sua continuidade no índice.

É importante ressaltar que as auditorias demonstram que práticas socialmente responsáveis, que levem a uma sociedade sustentável, têm se mostrado economicamente viáveis em nosso país. Enquanto o índice geral da BM&F Bovespa (Ibovespa) teve rentabilidade de 29,39% no ano encerrado em 15 de maio de 2010, o ISE apresentou valorização de 36,63%, ou seja, 7,24 pontos percentuais a mais. Além disso, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) informa que os fundos de ações de empresas sustentáveis contavam com uma carteira de R$ 2,6 bilhões em maio deste ano.

Novas leis e maior pressão da sociedade devem tornar regra de mercado essa modalidade de auditoria. Com isso, a contabilidade das empresas também vai mudar, pois precisará refletir a internalização de fatores não financeiros nos custos do negócio. Aliás, espera-se que em dez anos, no máximo, surja um novo relatório anual de desempenho, integrando os dados financeiros e as informações socioambientais.

Um comentário:

  1. 'Gestão' e 'Responsabilidade Social' estão imbricadas no desenvolvimento socioeconomico nacional e mundial. Atuar em conjunto com essas praxes significa uma boa relação entre empresa-sociedade e/ou comunidades, gerando lucros, evitando gastos, contribuindo com os tópicos que serão norteadores nos próximos anos (se já não o são!): meio ambiente e sustentabilidade.

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