segunda-feira, 5 de abril de 2010

O que fazer com resíduos sólidos? A Fiat tem uma solução criativa e rentável.

Como afirma uma propaganda atualmente em cartaz, o que move o mundo são as perguntas. E, ao fazer esta pergunta à equipe de funcionários, ainda em 1998 – o que fazer com nossos resíduos sólidos? – a Fiat brasileira encontrou uma solução que, ao longo da década seguinte, provou ser um exemplo de prática de gestão sustentável que vem sendo adotada em outras unidades da própria empresa. Ela deveria ser copiada por outras indústrias. Como toda idéia genial, ela é bem simples.

Trata-se da Ilha Ecológica. Na verdade, um lugar definido na planta de Betim, Minas Gerais, para centralizar o encaminhamento de todos os resíduos gerados pelo processo produtivo. E não é pouca coisa. Por mês, são perto de 20 mil toneladas de madeira, papel e papelão, chapas de aço, cavaco de ferro fundido, plástico, isopor, lâmpadas fluorescentes e outros materiais que sobram da montagem dos carros. Na Ilha Ecológica, trinta funcionários separam estes resíduos recicláveis por categoria. Alguns itens são vendidos diretamente pela fábrica para a indústria recicladora. Outros, como papel e papelão, são entregues para cooperativas de catadores. A venda dos materiais rende para a Fiat cerca de 200 mil reais todo mês. Não é muito comparado ao total de vendas dos carros. Mas é um dado importante para mostrar que uma solução socioambiental também traz dinheiro.

Desde sua implantação, em 1998, a Ilha Ecológica já possibilitou a reciclagem de 16 mil toneladas de papel e papelão, evitando a derrubada de uma floresta com 320 mil árvores. Foram recolhidas e encaminhadas para reciclagem 5.480 toneladas de plásticos diversos e 1.625 toneladas de isopor, quantidades equivalentes à utilização de 71 toneladas de petróleo como matéria-prima. A Ilha ainda recolhe e encaminha para reciclagem 2,5 mil lâmpadas fluorescentes por mês.

Antes de introduzir este conceito na área de produção, a fábrica de Betim não sabia mais onde armazenar tantos resíduos. Assim, da necessidade nasceu a pergunta e a resposta. Hoje, a Ilha é tão importante para o planejamento estratégico que está recebendo melhorias, dentro do plano de expansão da planta de Betim, com ganhos no fluxo de materiais para reciclagem e maior capacidade de armazenagem.

A iniciativa da Ilha Ecológica é inovadora por também encontrar uma solução para o isopor. O que fazer com este material imprescindível para embalar os motores que vêm da Argentina? Se fosse armazenado, o isopor somaria, todo mês, dois e meio milhões de metros quadrados, quase a área total da fábrica de Betim. Ele não é um produto que interessa para a reciclagem, a menos que...seja desfeito em seus elementos. Aí, cada um deles, separado, encontra um nicho de mercado. Foi, então, o que a Fiat fez. Desenvolveu e instalou um equipamento que condensa o poliestireno, tornando-o 50 vezes menor do que o tamanho original. Com isso, ele se torna de novo matéria-prima para a indústria e a Fiat, então, pode comercializá-lo. O material entra na composição de caixas de CDs, saltos de sapatos, canaletas para fiação, réguas, canetas, juntas de dilatação para pisos, chaveiros e uma porção de outros itens.

A Ilha Ecológica é uma parte importante de um sistema maior, o Sistema de Gestão Ambiental da Fiat (SGA) que busca não apenas preservar o meio ambiente, mas diminuir as emissões do processo produtivo.

Com a instalação de estações de tratamento, há cinco anos, a Fiat também logrou reutilizar 92% dos efluentes do processo produtivo, economizando, no período, sete e meio bilhões de litros de água, suficientes para abastecer uma cidade de 100 mil habitantes. A montadora também é pioneira, no Brasil, em eliminar as emissões de solventes dos fornos de pintura, por meio de um processo de queima dos gases com solventes orgânicos que os transforma em gases inertes ao meio ambiente.

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