quinta-feira, 17 de março de 2011

Fórum Clima discute agenda sobre mudanças climáticas

Seminário reuniu nesta terça-feira (15/3), em Brasília, empresas e governos para discutir o papel de cada um na redução dos gases de efeito estufa.

O Fórum Clima – Ação Empresarial sobre Mudanças Climáticas realizou nesta terça-feira (15/3), em Brasília, um seminário em que se discutiram as ações dos governos estaduais e federal para integrar as políticas locais com a Política Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC), bem como sobre o andamento dos planos setoriais, em que a contribuição das empresas é fundamental.

O encontro contou com a presença, entre outros, de Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, de Carlos Nobre, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e de representantes dos governos dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, de ONGs e de empresas participantes do Fórum Clima.

Seminários como este vêm sendo organizados periodicamente pelo Fórum Clima como maneira de verificar as ações já adotadas para atingir a meta de redução dos gases de efeito estufa, tanto na área governamental quanto nas empresas, e aprofundar as discussões sobre temas-chaves para o sucesso das políticas sobre mudanças do clima.

No final de 2009, durante um evento semelhante, as empresas do Fórum Clima lançaram a Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas, em que sugeriam medidas para regulamentar a PNMC. A principal delas, que é integrar essa política com os diversos planos estaduais, foi discutida mais detalhadamente no seminário de ontem.

Tanto as empresas quanto os representantes dos governos estaduais e de órgãos federais concordam que é preciso haver consenso e integração de metas, de indicadores e de marcos regulatórios adotados por cidades, pelos Estados e pela União. Explicando: a lei federal se compromete com a redução de até 38% das emissões projetadas até 2020. As leis estaduais assumem redução sobre emissões passadas – no caso, de 2005. É preciso harmonizar o conceito sobre o qual se construirá a proposta definitiva de redução de carbono. As mudanças do clima têm uma característica: elas não se limitam a fronteiras. Por isso, mais do que nunca, os esforços precisam ser conjuntos e combinados.

Outro ponto ressaltado pelos presentes foi a necessidade de se desenvolverem tecnologias para ajudar não só na redução de carbono como também na transição para uma nova economia, que seja inclusiva, verde e responsável. O representante do MCT, Carlos Nobre, observou que, hoje, os temas de sustentabilidade e inovação estão inseridos na pauta do governo federal. E que o ministério, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vai apoiar as inovações que reduzam emissões e também contribuam para a transição da economia. Nobre vai mais longe: ele quer que o Brasil se transforme numa verdadeira “indústria de conhecimento” sobre sustentabilidade, calcada na riquíssima biodiversidade que possuímos.

A ministra Izabella Teixeira ressaltou, por sua vez, que o esforço de todos os engajados no movimento em prol da sustentabilidade é o de colocar o tema no centro do planejamento do país. Para isso, os governos e também as empresas precisam quebrar o paradigma de que respeito ao meio ambiente, inclusão social e crescimento econômico não andam juntos.

O seminário reforçou a confiança dos presentes de que o Brasil pode ter liderança internacional na construção de uma agenda pelo desenvolvimento sustentável. O setor privado brasileiro, todavia, precisa engajar-se mais, conscientizando-se de que só tem a ganhar se o Brasil realmente consolidar-se como líder global no tema.

Se ainda há uma “maioria silenciosa” que assiste a tudo e não age, é também verdade que um grupo considerável de empresas vem alavancando o processo no governo e na sociedade, o que demonstra ampla visão de longo prazo.

O Fórum Clima é um exemplo de como a iniciativa privada já contribuiu para o avanço do tema em nosso país. Constitui o grupo de trabalho criado para acompanhar os compromissos da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas. É composto por empresas e organizações que acreditam que o setor empresarial pode dar uma contribuição decisiva para que o mundo realize a necessária transição para uma economia de baixo carbono, aproveitando novas oportunidades de negócios e reduzindo significativamente os impactos negativos das mudanças climáticas sobre o planeta. O grupo conta com a participação de 17 empresas e duas organizações apoiadoras. O Instituto Ethos é responsável pela secretaria executiva do projeto.

A Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas foi lançada em agosto de 2009 por lideranças empresariais que, por meio do documento, assumiam o compromisso voluntário de reduzir suas emissões de carbono até 2020 e incentivavam o governo federal a fazer o mesmo. Com isso, o Brasil foi um dos poucos países a assumir publicamente, na Conferência do Clima de Copenhague, a meta nacional de redução de carbono de 38%, até 2020.

Por Cristina Spera (Instituto Ethos)

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