sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Um telefone na mão, uma ideia na cabeça

À mesa com o Valor: O empresário Oded Grajew é mestre na arte de persuadir vários setores da sociedade a unir forças e alinhavar projetos para o desenvolvimento socialmente mais justo. "É, eu tenho iniciativa. Acho que tenho cara de pau."

Por Célia Rosemblum
                                                                 
                                                                Lula
Com antecedência de 15 minutos, surpreendente para um dia chuvoso na congestionada São Paulo, o empresário Oded Grajew chega ao pequeno bistrô La Marie, encravado em uma esquina no bairro de Pinheiros, com o celular em punho. Sua preocupação é combinar com a assessora um esquema para dar entrevista à rádio CBN diretamente do restaurante que escolheu para o "À Mesa com o Valor". Quer passar o número de telefone do local para ter uma comunicação sem ruídos, que ajude a explicar uma de suas últimas iniciativas sociais - a plataforma de cidades sustentáveis, compilação de referências para ações públicas e privadas, feita com a participação do Movimento Nossa São Paulo, que ele lidera em paralelo à presidência do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.

Desde muito antes de a telefonia celular multiplicar as conexões e as funcionalidades dos aparelhos, para Oded o telefone é o que se definiria no jargão corporativo como ferramenta estratégica. Na década de 70, quando leu em um jornal que Chico Buarque de Holanda estava desenvolvendo um jogo de tabuleiro, não teve dúvidas: ligou para dizer ao compositor que estava interessado em produzir na Grow, fábrica de "brinquedos inteligentes" de que era sócio, o Ludopédio. Deu certo.
                                                    
                                                Marcelo Soubhia/Folhapress
Apoio contínuo: almoço com Lula organizado
pelos emprresários da Cives (Associação
Brasileira de Empresários pela Cidadania), em 1995.

Em 1985, curioso para conhecer o líder sindical e fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Inácio Lula da Silva, não teve dúvidas: telefonou e pediu um encontro. Quatro anos depois, estava engajado na primeira campanha de Lula à Presidência. O que não o impediu de, dias após a derrota de seu candidato para Fernando Collor de Mello, ligar para Zélia Cardoso de Mello, apontada como ministra da Economia, para defender que fosse estabelecido no país, assombrado por índices de inflação em torno de 80% ao mês, um pacto social nos moldes do feito em Israel, na década de 80, para conter uma espiral de preços que avançavam 30% ao mês.

Pacto é uma ideia sedutora para Oded. Em 1988, convenceu os então presidentes de centrais sindicais concorrentes Jair Meneguelli, da CUT, e Luiz Antônio de Medeiros, da Força Sindical, a integrar uma caravana de empresários e sindicalistas para Israel com o objetivo de conferir o acordo social. Quando Lula assumiu o primeiro mandato, em 2003, Oded, que trabalhou como assessor especial do governo por 11 meses, voltou à carga com a proposta.

A ideia de conjugar forças, arregimentar os diferentes setores da sociedade, elaborar respostas às situações de crise e alinhavar projetos para o desenvolvimento socialmente mais justo, no fundo, é o coração de muitos dos programas e iniciativas sociais que Oded desenvolveu ou apoiou nas últimas décadas. Em um apanhado resumido, ele ajudou, em 1989, a estruturar o Pensamento Nacional das Bases Empresariais, o PNBE, grupo de oposição à conservadora Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp); criou a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente em 1990; idealizou o Fórum Social Mundial, que teve sua primeira edição em 2001, em Porto Alegre; estruturou o Ethos; deu vida ao Movimento Nossa São Paulo.
                                               Arquivo pessoal
Participação no primeiro mandato, em 2003,
como assessor especial

No percurso, ganhou amigos e apoiadores importantes. No PNBE, Oded conheceu Guilherme Leal, atual candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva (PV); Sérgio Mindlin, então diretor da Metal Leve; Helio Mattar, que está à frente do Akatu, instituto que defende o consumo consciente; Eduardo Capobianco; Ricardo Young, candidato ao Senado pelo PV-SP; e Jorge Luiz Abrahão, que integra o conselho do Ethos. São hoje os amigos mais próximos.

Vinte minutos depois de chegar ao La Marie, onde costuma almoçar pelo menos uma vez por semana, Oded mostra certa apreensão com o atraso da assessora, certamente atrapalhada com o tráfego. Mais do que preocupado com a entrevista para a rádio, ele parece estar com fome. Tinha ensaiado pedir algo logo que se sentou à mesa. Assim que Cristina Spera, que cuida de sua relação com a imprensa, chega, pede o cardápio e escolhe suflê de espinafre e salada de folhas com molho de framboesa, do cardápio executivo. Para beber, guaraná diet.
Não toca no couvert. Assiste paciente à montagem da iluminação que a fotógrafa Anna Carolina Negri faz. Não aprecia ser alvo de flashes. Timidez? "Não parece, mas sou introvertido." Diz que aprendeu, acostumou-se à exposição. Mas continua com parte da sensação de dificuldade que o acompanhava quando, no fim da adolescência, vendia livros e enciclopédias em bairros populares para reforçar o orçamento da casa.

"Meu pai morreu cedo. Eu tinha 15 anos." Por certo tempo, a família contou com a ajuda de um tio. A mãe usou as reservas para abrir uma loja de roupas no Brooklin, mas o dinheiro não era suficiente. Oded foi buscar alternativas que permitissem conciliar os estudos com a necessidade de ajudar a mãe e o irmão seis anos mais novo.

A flexibilidade de horários pesou na escolha da área de vendas. Já no fim do curso de engenharia elétrica que fez na Politécnica, da Universidade de São Paulo, começou a vender títulos do clube Tortuga, no Guarujá. "Eu era um bom vendedor. Ganhei um dinheiro que dava para me manter, ajudar minha mãe, meu irmão e continuar estudando.

Foi um período difícil na vida de Oded, que nasceu em Israel e mudou aos 11 anos com a família para Paris por causa do trabalho do pai, que era importador de relógios, motivo que os trouxe ao Brasil um ano depois. Vendendo livros, conheceu a periferia. Nos plantões no Guarujá, começou a conviver e dividir alojamento com pessoas que tinham uma vida ainda mais dura. "Isso me motivou a ganhar dinheiro e ter a liberdade que eu tenho."

A formatura marcou o início de uma fase em que as coisas andaram muito bem. E rapidamente. Logo que saiu da faculdade, Oded fez estágio na GE como projetista de máquinas. Decidiu, então, tentar uma vaga de engenheiro na Cesp, onde ficou um ano. Foi o suficiente para concluir que precisava ir além. Fez pós-graduação na FGV e pulou para o setor financeiro em um momento em que os bancos começavam a desenvolver múltiplas atividades. Começou no Real, passou para o Safra. Ganhou, segundo conta, um bom dinheiro. "Mas continuava querendo ser dono da minha vida."

Nesse momento Oded se anima com a aproximação do garçom, que carrega seu frugal prato de folhas. Mas dura pouco. Em vez de ser colocado à sua frente, o prato aterrissa na mesa ao lado, para ser fotografado. O que sente quando acontece uma coisa assim? "Quero sumir." Mas sabe que é apenas um dos pequenos preços da liberdade que sempre quis ter.

Quando trabalhava em bancos, Oded achava que ser empresário resolveria seu problema. Com pouco dinheiro, precisava de um projeto original. Na época, dividia com amigos da Poli o gosto por jogos de tabuleiro trazidos do exterior. "No Brasil, jogos e brinquedos eram coisa de criança." Resolveram apostar nesse nicho e juntaram a inicial de seus nomes - Geraldo, Roberto, Oded e Waldir - para batizar sua fábrica de brinquedos inteligentes, a Grow.

O negócio deu certo. Em 1988, Oded se afastou das funções administrativas para ter mais tempo livre. Em 1993, vendeu sua parte na empresa e vive dessa renda. "Não preciso de muito dinheiro. Tenho poucas ambições consumistas e elas são muito baratas. Cinema, teatro, jantar com a minha mulher, amigos, viagens. Viagem talvez seja mais caro, vai. Mas, mesmo assim, eu gosto de viajar pelo Brasil."

Mora no Pacaembu, bairro residencial arborizado de classe média alta, em uma casa onde está desde 2003. "Tem um verde perto, um jardim, terra, sol." Quando não está viajando ou no Guarujá, onde tem um apartamento "em cima do mar", aproveita o silêncio do local. No litoral, aprecia o mar. Lembra os tempos em Tel Aviv e no Rio.

Os primeiros anos de vida passados em Israel tiveram forte impacto na vida de Oded. "A proposta inicial, política, de Israel, hoje mudou muito, era uma proposta muito socialista. Era uma sociedade mais solidária, tinha os 'kibutzim' [fazendas de propriedade coletiva], as pessoas tinham poucos recursos, mas viviam bem em comunidade, as crianças eram muito bem tratadas."

A lembrança de uma sociedade mais justa é uma espécie de cenário de onde nascem suas ideias. Novas propostas, porém, requerem condições como tempo. "É preciso dar oportunidade para as coisas acontecerem". Em 1997, tirou um ano sabático com a mulher. Passou metade do período na Europa e a outra metade nos Estados Unidos. Conheceu organizações empresariais, fundações e o conceito de responsabilidade social. No fim daquele ano, veio a ideia do Ethos, lançado em 1998.

A Fundação Abrinq é resultado de um fim de ano que Oded e Mara, sua mulher, passaram no sítio do irmão dele, Jakow, em Itapecerica da Serra. Estava lendo o jornal e ficou impressionado com os "números absurdos" de um relatório da Unicef sobre a situação da infância no mundo. Pensou em fazer algo, como mobilizar o setor em que atuava, de brinquedos, pelos direitos da criança.

O projeto de um fórum social em oposição ao Fórum Econômico Mundial surgiu em uma viagem a Paris. Oded assistia à TV enquanto esperava Mara ficar pronta para um jantar. Davos, uma instância em que a responsabilidade social e o meio ambiente eram completamente estrangeiros, era foco do noticiário. Um ano depois, a oposição que Oded vislumbrou naquela hora se manifestava em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial.

Um telefone na mão e uma ideia na cabeça seriam pouco eficientes sem o domínio que Oded tem da arte da persuasão. Fala baixo, com um sotaque de difícil identificação e poucas oscilações no tom da voz. Costuma fazer muitas pausas, em que parece examinar e descartar mentalmente palavras que não se encaixam na lógica do discurso. Mas compensa o ritmo mais lento com perseverança, uma certa insistência e um modelo de abordagem desenvolvido nos anos de vendas. "É, eu tenho iniciativa. Acho que tenho cara de pau."

Nenhuma ideia, porém, progride sem o aval de Mara. "Se ela fala que não é boa, eu não vou em frente; se ela fala que é boa, eu vou." Eles estão juntos há 24 anos. Casados, há 17. Conheceram-se em Cuba, em um congresso de psicologia. Mara foi porque é psicóloga. Oded aderiu porque, na época, uma das poucas alternativas para conhecer a ilha era participar de programas oficiais, em geral eventos nas diferentes áreas de conhecimento. "O congresso era quase um pretexto para conhecer Cuba, tinha festa, tinha passeio", lembra. "Eu gostei dela."

É hora da sobremesa. Oded passa incólume pela sugestão do dia - creme brûlée ou musse de chocolate. Quer uma fruta, mas o abacaxi está verde, explica o garçom. Ele evita doces por um motivo prosaico. "Não quero engordar." Gosta de esportes, diz que a atividade o faz sentir-se bem. Joga tênis, ou caminha, ou faz Pilates, ou academia, seis dias por semana.

Abrir espaço na agenda tanto para a academia quanto para a programação cultural é indispensável para Oded. "Só consigo fazer as coisas se tiver saúde física e mental; se estiver estressado tentando fazer tudo, não vou conseguir ser criativo". O segredo é eleger prioridades. "Eu abro mão de uma série de coisas."

O convívio com a mulher e os amigos não está nessa categoria. Foi para mantê-los que Oded desistiu de ser assessor especial de Lula no primeiro mandato. Diz que aceitou o convite para participar do governo, ao lado do amigo Frei Betto, porque o momento era delicado, com muitas oscilações no mercado. Quando avaliou que as coisas estavam estabilizadas, quis voltar para casa.

Saiu decepcionado? "A decepção é não pelas coisas que foram feitas, é pelas coisas que poderiam ter sido feitas. Na questão da política, da reforma do Estado. Tem três áreas: a reforma política, a reforma do Estado e no combate à corrupção."

Em um jantar recente com os amigos, comemorou o fato de milhões de brasileiros terem saído da situação de pobreza nos últimos oito anos. "Eu me sinto gratificado porque acho que alguma coisa tenho a ver com isso. Porque sem apoio empresarial ele nunca teria sido eleito e eu que abri as portas do mundo empresarial para o Lula, para o PT."

Nesta eleição, o voto vai para Marina Silva, do PV, e para os amigos Leal e Young, claro. Oded acredita que eles estão cumprindo o papel de promover o desenvolvimento sustentável. "Os sinais hoje estão dados. Existem enormes riscos para a humanidade se não mudar o modelo de desenvolvimento. Isso está me mobilizando. Ficar atento aos sinais, essa é uma herança que eu carrego." O pai de Oded, Mejer, e a mãe, Sora, deixaram a Polônia rumo à Palestina um mês antes do início da Segunda Guerra. "Foram porque acharam que coisa boa não vinha com Hitler. Ficaram atentos aos sinais, que eram muito fortes." Tentaram, sem sucesso, convencer as famílias a ir junto. "Pais, tios, primos sobraram pouquíssimos, porque não acreditaram nos sinais."

Publicado originalmente no jornal Valor Econômico, em 20/08/2010

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Walmart Brasil adere ao Programa Na Mão Certa

A Walmart é a primeira rede varejista do país a aderir ao Programa Na Mão Certa, uma iniciativa do Instituto WCF, que visa mobilizar empresas, governos e a própria sociedade no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras. O programa foi lançado em 2006 e a estratégia de ação foi desenhada a partir de um levantamento feito pela Secretaria Especial de Direitos Humanos que o problema da exploração sexual de crianças e adolescentes ocorria com mais freqüência nas estradas que passam por 937 municípios, a maioria localizada nas regiões nordeste e sudeste do país. As redes que se beneficiam da exploração sexual de crianças e adolescentes, ligadas ao turismo, à pornografia, e à prostituição, organizam-se normalmente no interior do país. A Polícia Federal, num outro estudo, identificou 1819 pontos de maior incidência do problema.

Com base no fato de que os caminhoneiros circulam em todos os elos da cadeia produtiva, o Programa Na Mão Certa estabeleceu como primeiro objetivo transformar esses profissionais em agentes de proteção de crianças e adolescentes em situação de risco social. A maneira de atingir este objetivo tem sido comprometer as empresas, principalmente as de transporte, com o tema, demonstrando que faz parte da responsabilidade social dos negócios proteger as crianças e adolescentes da pornografia e da exploração sexual.

Para tornar público este compromisso e também promover a integração das iniciativas, o Instituto WCF e o Instituto Ethos lançaram o Pacto Empresarial contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Brasileiras, que já tem 747 empresas signatárias das mais diversas atividades, porte e localização geográfica. Entre as signatárias, estão: Dow Brasil, Drogasil, Dudalina, Gerdau, Lew Lara Propaganda, Quattor Petroquímica, Suzano Papel e Celulose, Volvo do Brasil, Votorantim Cimentos Brenco, Firestone; e transportadoras como Transportadora Americana, Autoviação Catarinense, Raupp Transportes, Rápido Roraima e Voal Transportes.

Os signatários assumem alguns compromissos voluntários para a erradicação do problema, tais como: melhorar as condições de trabalho do caminhoneiro, inserir o tema nos treinamentos destinados a este profissional e disseminar boas práticas; participar continuamente de campanhas para solucionar o problema; estabelecer relações comerciais com fornecedores da cadeia de serviços de transporte que estejam compromissados com os princípios do pacto; informar e incentivar seus funcionários e colaboradores a participar de ações para erradicação do problema nas rodovias brasileiras; apoiar, com recursos próprios e/ou do Fundo da Infância e da Adolescência, em parceria com governos e/ou organizações sem fins lucrativos, projetos de reintegração social de crianças e adolescentes vítimas da exploração sexual ou vulneráveis a ela; monitorar os resultados de suas ações e divulgá-los para a sociedade; no caso de federações e entidades empresariais, recomendar que seus associados observem as práticas do pacto e sejam signatários dele.

Entre as iniciativas governamentais, destacam-se a criação do Ligue 100, uma central de denúncia nacional sobre casos de exploração sexual, e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), para reintegração social das crianças e adolescentes, bem como de apoio às respectivas famílias.

A Walmart Brasil decidiu aderir ao Pacto porque considera a iniciativa uma complementação das políticas de monitoramento que já adota para garantir critérios de sustentabilidade em seus produtos. Destaque-se os programas que existem em relação ao trabalho análogo à escravidão e ao trabalho infantil.

A Walmart pretende desenvolver ações com as transportadoras que prestam serviços a empresa e com os fornecedores que também se utilizam do transporte para entregar as encomendas. Entende que este compromisso assumido pela erradicação da exploração sexual das crianças e adolescentes uma rara oportunidade de aprofundar a disseminação a gestão socialmente responsável em mais elos da rede de fornecedores.

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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Biodiversidade sem fronteiras

Por Fábio de Castro, Agência Fapesp

Instituições de pesquisa de diversos países latino-americanos possuem bases de dados sobre biodiversidade, fundamentais para o avanço do conhecimento e para a orientação de políticas públicas de conservação.

Mas esses sistemas de informação, em geral, ainda não dialogam entre si – o que seria importante, tendo em vista que a biodiversidade não se atém às fronteiras nacionais. A comunidade científica do continente, no entanto, acaba de dar um primeiro passo para que suas bases de dados possam operar de forma integrada no futuro.

Representantes de institutos de pesquisa e programas de biodiversidade se reuniram entre os dias 16 e 18 de agosto, em Buenos Aires (Argentina), para um workshop cujo objetivo era facilitar o diálogo entre as bases de dados de biodiversidade nacionais, regionais e internacionais.

O evento foi uma iniciativa conjunta do Programa Biota-FAPESP, do Escritório Regional para América Latina e Caribe do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU-LAC) e do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Conicet, na sigla em espanhol), da Argentina.

Além do Biota-FAPESP, a reunião teve participação de representantes da Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade (Conabio), do México, do Instituto Humboldt , da Colômbia, do Sistema de Informação em Biodiversidade (SIB), da Argentina, do Instituto de Ecologia e Biodiversidade (IEB), do Chile, do Centro Nacional de Biodiversidade (CeNBio), de Cuba, além de iniciativas regionais já existentes, como a Rede Interamericana de Informação em Biodiversidade (Iabin, na sigla em inglês), responsável pela implantação de redes temáticas no continente.

De acordo com a Diretora do Escritório Regional do ICSU-LAC, Alice Abreu, as posições definidas no workshop serão consolidadas em uma conferência internacional que será organizada no Brasil, em dezembro, em iniciativa conjunta do Biota-FAPESP, da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

“O workshop em Buenos Aires foi de altíssimo nível. Apesar da origem e vinculação distintas das diversas iniciativas na América Latina e Caribe, todas as instituições envolvidas no desenvolvimento de sistemas de informação e bancos de dados em biodiversidade têm um altíssimo interesse em compartilhar experiências e promover um maior intercâmbio”, disse Alice à Agência FAPESP.

Segundo Alice, os participantes saíram da reunião com uma agenda de tarefas e consultas internas que será levada a cada uma das instituições. Os resultados desse trabalho serão discutidos em dois eventos na conferência de dezembro: o simpósio National and International Interoperability among Biodiversity Information Systems e a mesa-redonda Action plan to promote and increase interoperability among Biodiversity Information Systems, organizados conjuntamente pelo ICSU-LAC e pelo Biota-FAPESP.

“Com isso vamos poder definir um plano de trabalho e um conjunto de ações concretas para promover efetivamente uma maior integração entre as instituições e entre os sistemas de informação e bancos de dados em biodiversidade", afirmou Alice.

Retomada do diálogo

O coordenador do Biota-FAPESP, Carlos Alfredo Joly, também destacou a importância de estabelecer, em Buenos Aires, uma agenda de trabalho para definir iniciativas conjuntas que serão implementadas na conferência. “A reunião teve um saldo extremamente positivo”, disse Joly à Agência FAPESP.

De acordo com Joly, desde a década de 1980 países latino-americanos vêm desenvolvendo sistemas de informação em biodiversidade. “Consequentemente, temos diversas experiências e bons sistemas foram implantados nos últimos 25 anos.”

Entre os vários sistemas implantados, segundo o pesquisador, destaca-se o do México – o atual Conabio –, por ter sido o primeiro e por sua atual abrangência. “Apesar dessa longa experiência, há pouquíssimo intercâmbio entre as diversas iniciativas da América Latina e do Caribe”, disse Joly.

Um dos idealizadores do Biota-FAPESP, Joly disse que em 1997, quando o programa estava sendo planejado, as lideranças do Conabio, do México, e do Instituto Nacional de Biodiversidade (InBio), da Costa Rica, foram convidadas para apresentar, em um workshop em Serra Negra (SP), os erros e acertos de seus programas, a fim de auxiliar a estruturação do Sistema de Informação Ambiental (SinBiota) e do Atlas do Biota-FAPESP.

De acordo com Joly, o diálogo foi importante para que o Biota-FAPESP pudesse reproduzir as experiências de sucesso e evitar repetir os erros cometidos nas experiências do Conabio e do InBio. “Mas, desde então, o contato tem sido pequeno, geralmente em reuniões no exterior, onde nos encontramos casualmente”, afirmou.

O professor titular do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) conta que, em 2007, quando o ICSU decidiu criar um escritório regional para América Latina e Caribe, a área de Biodiversidade foi indicada como um dos campos prioritários de pesquisa para a região.

“Essa decisão levou o ICSU-LAC a criar um grupo de especialistas em biodiversidade para diagnosticar o nível atual de conhecimento, as principais ameaças e as áreas prioritárias para pesquisa em biodiversidade na região que abriga cerca de 35% das espécies do planeta”, disse Joly.

O grupo formado em 2007, segundo Joly, preparou um relatório detalhado, intitulado Biodiversity Knowledge, Research Scope and Priority Areas: An Assessment for Latin America and the Caribbean , que destacou a alta prioridade, para a região, da integração dos sistemas de informação e bancos de dados em biodiversidade.

“A partir daí, o ICSU-LAC e o Programa Biota-FAPESP decidiram organizar em conjunto uma reunião para que lideranças dos diferentes países pudessem discutir em detalhes a possibilidade e viabilidade de integração entre as diferentes iniciativas”, disse.

Joly destacou que, 12 anos após a criação do SinBiota, o Biota-FAPESP está desenvolvendo uma nova versão de seu sistema de informações.

“Estamos corrigindo falhas da primeira versão e implementando novos módulos que permitam uma melhor conexão, tanto na escala macro – gerando dados que considerem, por exemplo, a matriz de atividades agrícolas onde um determinado fragmento de vegetação nativa está inserido – como na escala micro, estabelecendo conexões, por exemplo, com o GeneBank e com dados de código de barras de DNA barcoding”, disse Joly.

“Por isso avaliamos que seria fundamental discutirmos novamente nossos planos com lideranças de outras experiências latino-americanas bem- sucedidas”, afirmou.

(Envolverde/Agência Fapesp)

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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Política Nacional de Resíduos Sólidos começa a influenciar negócios

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em março pelo Congresso Nacional e sancionada em agosto pela Presidência da República, já está mexendo com os negócios. A lei sancionada prevê a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos sólidos e proíbe a manutenção de lixões em todo o país. A estimativa do governo é que, com a nova legislação, o potencial de geração de renda do setor de reciclagem salte de R$2 bilhões para R$ 8 bilhões anuais, segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse número já está causando impactos no setor de gestão de resíduos e tratamento de água.

A Estre Ambiental e a Haztec Soluções Integradas anunciaram sua fusão no último dia 16/8, fato que cria a maior empresa de engenharia ambiental do país, com faturamento superior a R$ 1 bilhão por ano.

A empresa resultante da fusão, que contará com a participação de fundos de investimento como o BBI Multimercado, do Bradesco, o AG Angra e o InfraBrasil, já nasce como candidata a ser listada em bolsa. O negócio da nova empresa: destinação de resíduos sólidos, tratamento de água para processos industriais e geração de energia a partir dos gases produzidos nos aterros.

A união da Estre com a Haztec, ainda em fase de concretização, vai permitir a complementaridade dos negócios de ambas as empresas e o planejamento da expansão dentro dos critérios da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga as empresas a recolher os produtos descartáveis e encaminhá-los à reciclagem para que retornem à produção como insumos. É a chamada “logística reversa”.

As duas empresas contam hoje com 17 aterros sanitários que recebem 40 mil toneladas de lixo por dia. A nova empresa vai investir num projeto de valorização desses resíduos. Em outubro, entra em operação uma máquina que não só separa metal, plástico, papel e vidr, como isola esses materiais do lixo orgânico, pelo peso. Essa máquina também é capaz de triturar qualquer material em quadrados pequenos. Assim, os resíduos já podem ser vendidos pré-processados para as empresas recicladoras e também para as cimenteiras, como substituto do coque.

Com a separação adequada entre matéria orgânica e resíduo reciclável, 55% do lixo recolhido serão reciclados e apenas 45% irão para o aterro. Outro ganho dessa tecnologia é a ampliação da vida útil dos aterros, já que menos lixo será depositado.

No entanto, a demanda da sociedade, que também está expressa na nova lei, vai além disso. A coleta seletiva e a reciclagem precisam apontar para a inclusão das cooperativas de catadores na cadeia produtiva das empresas e órgãos responsáveis pela limpeza pública.

Um dos problemas que impedem a ampliação da coleta seletiva no país tem sido a falta de tecnologias que tornem o trabalho do catador menos penoso e mais eficiente. Faz parte da responsabilidade social das empresas e órgãos responsáveis pela limpeza pública integrar no planejamento estratégico as cooperativas de catadores, gerando oportunidade de renda e trabalho, bem como de cidadania.

Se integrar a inovação tecnológica com a ampliação da parceria com cooperativas, essa nova empresa vai realmente fazer a diferença e talvez até iniciar uma nova era na gestão de resíduos e lixo no país.

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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Brasil é convidado especial na cúpula sobre metas do milênio

O Brasil será o convidado especial na Cúpula de Avaliação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que será promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) entre 20 e 22 de setembro, em Nova York. A informação é do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, que participou nesta terça-feira, 17 de agosto, do sétimo Seminário Nacional Nós Podemos, promovido pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Os oito ODM, que precisam ser cumpridos até 2015, são:
• Erradicação da pobreza;
• Ensino básico universal;
• Igualdade entre os gêneros;
• Redução da mortalidade infantil;
• Melhoria da saúde materna;
• Combate ao HIV/Aids, malária e outras doenças;
• Garantia da sustentabilidade ambiental; e
• Parceria mundial pelo desenvolvimento.

Segundo o ministro, apesar de o país ainda não ter cumprido integralmente as metas, a ação do Brasil já é considerada um exemplo mundial. "O Brasil é um exemplo de país em que o Estado tem feito esforços relevantes para atingir as metas e que procura atuar em parceria com a sociedade, empresários e entidades civis para superar seus problemas."

Dulci destacou a importância dos ODMs como impulsionadores das políticas sociais e a relevância das empresas públicas investirem em responsabilidade social e ambiental. "As metas da ONU nos estimularam a fazer uma reestruturação no Brasil. Sem perder a lucratividade econômica, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil multiplicaram por 10, 15, 20 vezes a sua inserção social na vida brasileira", afirmou o ministro.

Para a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, o avanço do Brasil no cumprimento das metas deve-se à articulação que tem sido feita pelas diversas instituições nos últimos anos. "Uma parceria entre a Caixa e o Ministério da Educação permitiu a contratação de cerca de 2 mil estagiários egressos do Programa Universidade para Todos (ProUni). Estamos investindo também na saúde infantil, por meio de obras de saneamento.

Dos R$ 43 milhões previstos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, R$ 40 milhões já foram contratados, informou Maria Fernanda.

A presidente da Caixa Econômica observou ainda que, recentemente, a instituição lançou um edital público, em parceria com o Banco do Brasil, a Agência Brasileira de Cooperação e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para geração de renda e inclusão social direcionado a todas as regiões do país. Para a iniciativa serão disponibilizados R$ 2 milhões. A ação tem como um dos focos principais os catadores de lixo. O resultado será divulgado nos próximos dias.

Visita
Em julho deste ano, a administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Helen Clark, destacou, em visita ao Brasil, que o país contribui para o desenvolvimento destas metas em âmbito internacional, não só pela capacidade de diálogo, mas também por meio de estratégias bem-sucedidas.

Dos 27 estados brasileiros, sete conseguiram reduzir pelo menos à metade a proporção da população com renda familiar inferior a R$ 255 (meio salário mínimo) entre 1991 e 2008, meta de número 1 estabelecida pelos ODM, revelou o coordenador do Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis), Alby Rocha. A nota ruim diz respeito à região Nordeste, uma vez que nenhuma de suas nove unidades federativas conseguiram atingir este objetivo até o momento.

Fonte: EcoDesenvolvimento

Comentário

O Instituto Ethos, seus associados e parceiros se regozijam com o reconhecimento da ONU aos esforços do Brasil para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Nossa organização sempre participou ativamente da campanha pelos ODM e, entre outras iniciativas, produziu uma série de publicações relacionadas ao tema, pelas quais procuramos resgatar, valorizar e multiplicar as ações em andamento.

Essas publicações são as seguintes: O Compromisso das Empresas com as Metas do Milênio (junho de 2004); O Compromisso das Empresas com a Valorização da Mulher (setembro de 2004); Fórum Empresarial de Apoio ao Município (março de 2005); O Compromisso das Empresas com o Combate ao Desperdício de Alimentos (abril de 2005); O Compromisso das Empresas com o Meio Ambiente (maio de 2005), O Compromisso das Empresas com a Erradicação do Analfabetismo Funcional (setembro de 2005) e O Compromisso das Empresas com as Metas do Milênio – Volume II: Avanços e Desafios (junho de 2006). Todos esses textos podem ser acessados gratuitamente pelo site http://www.ethos.org.br/.

Além disso, fizemos o exercício de relacionar os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial a cada um dos ODM. Surgiram assim sugestões claras sobre as iniciativas que as empresas podem adotar para tornar mais próxima a concretização das propostas lançadas na Cúpula do Milênio em 2000.

Instituto Ethos

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Site Ficha Limpa: sucesso na rede :

Em almoço para jornalistas, Ethos, MCCE e Abracci fazem um balanço do site Ficha Limpa, que já foi acessado por 100 mil internautas.

Em almoço oferecido a jornalistas em sua sede, nesta segunda-feira (16/8), o Instituto Ethos, ao lado da Articulação Brasileira contra a Corrupção e a Impunidade (Abracci) e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), apresentou um balanço do site Ficha Limpa.

Lançado pela Abracci, da qual o Instituto Ethos faz parte, e contando com o apoio do MCCE, o site é um instrumento suprapartidário da sociedade civil que busca estimular o exercício da cidadania e do controle social. Constitui-se num cadastro voluntário e positivo dos candidatos à presidência da República, aos governos estaduais, ao Senado e à Câmara Federal que atendem os requisitos da Lei Ficha Limpa e se comprometem com a transparência em sua campanha eleitoral.

Desde que entrou no ar, no último dia 29 de julho, o site já recebeu a visita de 100 mil internautas, 10 mil deles cadastrados para receber informações. Mas ainda são poucas as adesões de candidatos.

“O baixo número de candidatos inscritos não nos surpreende. Só vão se cadastrar aqueles que estão realmente comprometidos com a transparência de sua campanha”, diz Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos. “Por outro lado, é muito positivo e animador o grande acesso que o site está tendo por parte do público.”

Até agora, cadastraram-se no Ficha Limpa apenas um candidato a presidente da República – Plínio de Arruda Sampaio, do Psol –, dois candidatos a governos estaduais – Fernando Gabeira, do PV-RJ, e Soraya Tupinambá, do Psol-CE –, seis candidatos ao Senado e 28 candidatos à Câmara Federal, totalizando 37 inscritos.

Os candidatos a senador cadastrados são: Cadu Valadares (PV-DF), Marcelo Cerqueira (PPS-RJ), Paulo Afonso (Psol-SC), Raul Jungmann (PPS-PE), Ricardo Young Silva (PV-SP) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

Os concorrentes à Câmara Federal inscritos no site são: Adelmir Santana (DEM-DF), Alessandro Molon (PT-RJ), Altair (PV-SP), Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), Ari Barcellos (PSC-SP), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Carlos Sica (PHS-PR), Chico Alencar (Psol-RJ), Eduardo Sciarra (DEM-PR), Eliseu Padilha (PMDB-RS), Israel Lacerda (PTB-SP), Ivan Valente (Psol-SP), José Luiz (PSDB-SP), Junji Abe (DEM-SP), Leonel Camasão (Psol-SC), Marcelo Calero (PSDB-RJ), Marco Antônio dos Santos (PV-RS), Mateus Novaes (Psol-SP), Maurício Costa (PPS-SC), Napoleão Bernardes (PSDB-SC), Natan Soihet (PV-SP), Paulo Serejo (PMDB-DF), Prof. Cardy (PTC-SP), Raul Sanchez (PSDB-SP), Reguffe (PDT-DF), Renato Roseno (Psol-CE), Tsylla Balbino (PV-BA) e Vicente Paulo da Silva (PT-SP).

Há 75 pedidos ainda não aceitos, por problemas na documentação exigida pelo site. De acordo com Caio Magri, gerente-executivo de Políticas Públicas do Ethos e secretário-executivo da Abracci, o principal motivo dessas recusas é o fato de o candidato ainda não ter declarado as contas de campanha em seu próprio site. Aliás, a falta de atualização de contas é que originou as seis denúncias até agora registradas. Mas a administração do site entrou em contato com esses candidatos, que prontamente regularizaram sua situação. Não houve nenhum caso de descadastramento.

Nervo exposto
“O site Ficha Limpa vai além da lei”, informa Paulo Itacarambi, vice-presidente executivo do Ethos. “Uma das principais exigências é que os cadastrados atualizem semanalmente a prestação de contas da campanha, com informações sobre doadores, valores recebidos e gastos realizados.”

“Estamos tocando num nervo exposto da política brasileira, que é o financiamento de campanha. Quase cem por cento dos casos de corrupção no país têm alguma relação com doações de campanha e ‘caixa dois’”, afirma Grajew. “O site permite verificar as entradas e saídas de dinheiro, o que ajuda a detectar possíveis irregularidades.”

Indagado sobre como barrar a entrada de candidatos com ficha suja, Luciano Santos, representante da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo no MCCE, disse que o site Ficha Limpa não é um selo de qualidade, mas tem critérios rígidos. “Se o candidato atender a todos os requisitos do site, sobretudo se declarar regularmente todas as doações de campanha e os nomes dos doadores, será aceito.”

“Se alguém usar o site de forma irregular, seus adversários ou a própria imprensa deverão denunciá-lo, e será muito pior para ele”, completou Grajew.

Financiamento público Alguns candidatos argumentam que seus doadores não permitem que seus nomes sejam revelados. Mas, para Grajew, a transparência absoluta é que é o ideal: “A doação não deveria jamais envolver troca de favores. O apoio a um candidato teria de ser por uma razão política. No entanto, a maioria dos nossos políticos trabalha prioritariamente para retribuir aos investidores das campanhas.”

De acordo com o presidente do Ethos, esse é o grande problema do financiamento privado no Brasil. Para ele, os países com os maiores índices de desenvolvimento humano do mundo, como Noruega e Dinamarca, dispõem de um sistema público de financiamento político e doações individuais em quantidades bem pequenas. Até mesmo nos Estados Unidos há um movimento empresarial para mudar a forma de financiamento de campanhas, o que já vem ocorrendo em vários Estados. “Ao conseguirmos mudar o sistema de financiamento, iremos ampliar a oportunidade para que pessoas de bem que não tenham recursos também possam se candidatar.”

Como apenas um candidato à presidência da República se registrou até agora, o Instituto Ethos e as organizações que integram o movimento Ficha Limpa vão encaminhar uma carta aos partidos e aos presidenciáveis, conclamando sua adesão ao site. “Os candidatos a presidente devem dar o exemplo”, encerra Grajew.

Para acompanhar os candidatos cadastrados no site Ficha Limpa, acesse http://www.fichalimpa.org.br/.

Por Benjamin Gonçalves e Cristina Spera (Instituto Ethos)

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