sexta-feira, 13 de agosto de 2010

“Um Exemplo de Código de Ética”

A Rede Gazeta, sediada em Vitória, no Espírito Santo, lançou no início deste mês, o seu Relatório de Sustentabilidade 2008/2009, baseado no modelo GRI de relato de desempenho socioambiental. O documento representa o resultado positivo de um processo que começou há dois anos, quando a diretoria da empresa decidiu adotar os princípios e valores da responsabilidade social empresarial. Como orientação para um primeiro diagnóstico de gestão, a empresa debruçou-se sobre os Indicadores Ethos para Jornais, desenvolvidos pelo Ethos e pela Associação Nacional de Jornais (ANJ).

O primeiro passo dessa caminhada foi atualizar, ampliar, formalizar e tornar público o código de ética que recebeu o nome de Rede de Valores. O processo mobilizou todos os funcionários, principalmente os jornalistas, que se ressentiam de um documento assim para resolver dúvidas a respeito do próprio trabalho que realizam.

Esse código baseou-se em documentos semelhantes de outras empresas, não necessariamente de jornal ou comunicação, e nos dilemas trazidos pelos próprios funcionários, a partir dos problemas enfrentados no cotidiano de suas tarefas.

O maior desafio enfrentado pelas pessoas envolvidas na elaboração deste código foi “fazê-lo verdadeiro”. Ou seja, que a missão, os princípios e diretrizes nele expressos representassem o resultado das reflexões do grupo e, mais ainda, o compromisso deles com os valores, de modo a promover colaboração e confiança nas pessoas, na empresa e nos produtos e serviços oferecidos ao público.

Por isso, as discussões nem sempre foram fáceis. E precisaram seguir o passo a passo sugerido pelos Indicadores Ethos de levar o processo também para os públicos de interesse da empresa. Questões aparentemente simples tomaram muitas horas de discussão até se chegar a um princípio ou valor de consenso.

Por exemplo: seria antiético um funcionário da empresa realizar trabalho voluntário em outra empresa de comunicação? Pela conclusão expressa entre os “Princípios Gerais” do documento, não seria antiético, desde que não houvesse atividade concorrencial.

Para garantir a constante difusão, alinhamento e compromisso de todos os funcionários com esses valores, a empresa mantém um Comitê de Ética, presidido pelo diretor de RH e constituído pelos diretores de TV, de Redação, de Telejornalismo, de Radiojornalismo e Internet, pelo diretor responsável pela relação com sindicatos e pelo gerente de Comunicação Empresarial.

Estas pessoas são consideradas “guardiãs” dos princípios e valores abordados no guia e responsáveis pela difusão, monitoramento, apuração de violação etc. O julgamento dos fatos apurados e a decisão sobre casos omissos no documento também são de responsabilidade do Comitê de Ética. A diretoria de RH pode acioná-lo sempre que considerar oportuno.

Os funcionários podem sugerir atualizações nos conceitos ou inclusão de novos princípios, mas, nesse caso, a decisão de mudar cabe à direção geral e ao Conselho de Administração da empresa.

O guia Rede de Valores é distribuído a cada novo funcionário e está disponível no site da Rede Gazeta para consulta e impressão. E, desde sua adoção oficial, em 2009, pelas discussões suscitadas, ajudou a aprofundar o debate sobre a gestão socialmente responsável na empresa, levando a Rede Gazeta a lançar agora o seu primeiro relatório de sustentabilidade, no modelo GRI.

Este é um bom exemplo de um código de ética que saiu do papel e está impulsionando mudanças positivas na gestão. E vem de um setor – o da comunicação – que é um forte indutor de transformações sociais importantíssimas. Que outras empresas editoriais, jornalísticas, de rádio, TV e internet sigam o exemplo da Rede Gazeta.


Divulgado na Rádio CBN no dia 13 de agosto de 2010.

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